O Estilo Italiano de Jardins surgiu em Florença, logo sendo assimilado por Roma, e a partir do século XVI, ganharia toda a Europa. Os italianos criaram muitas das características do layout dos jardins clássicos e, principalmente, foram os responsáveis pela formulação do rol de elementos estruturadores típicos dessa tradição.
Jardins italianos eram espetáculos a serem assistidos
Trabalhavam com uma multiplicidade de espaços onde formas quadrangulares, triangulares e circulares regiam o desenho: grandes áreas livres em oposição a pequenos espaços intimistas, ligados por corredores estreitos definidos por muros e muretas, de pedra ou vegetação podada, ou alcançados por escadarias. Esculturas e baixos-relevos, pórticos, arcos, pérgulas, balaustradas, terraços, mirantes e pavilhões acolhedores, decorados e mobiliados – dentre estes os grottos (grutas) e nymphaeum (‘casa das ninfas’).
Com relação à vegetação, no início os jardins eram predominantemente verdes. Flores eram reservadas a vasos trabalhados colocados em posições estratégicas. Bosques naturais podiam aparecer lado a lado a bosques compostos de árvores plantadas em linhas. Em muitas vezes a vegetação era dominada pela topiaria, na forma de figuras geométricas, marcos em meio a extensos painéis de grama e, principalmente, definindo muros e muretas – muito utilizados para conduzir aos elementos de surpresa que acompanhavam toda a composição, ocultando os espaços e elementos até o último instante. Entre as espécies utilizadas estão louros, ciprestes, pinheiros, azinheiros, e buxos – estes últimos para as formas recortadas.
O principal elemento nesses jardins era a água. O sistema hidráulico intrincado e monumental era grande responsável por muitas das surpresas do jardim. A água aparecia em múltiplas formas, nunca repetidas: imitações de cascatas naturais; serenos tanques retangulares; rampas e escadarias por onde a água descia; esculturas aquáticas, exuberantes composições que misturavam esculturas em pedra em meio a múltiplos jatos d’água num turbilhão. Esses chafarizes valorizavam os efeitos de cintilação, sendo tratados como enormes jóias brilhantes emitindo reflexos vivos por todos os lados.
Apesar de cuidadosamente planejados quanto ao desenho, uso e funcionalidade, aspectos visuais e perspectivas, esses jardins mostravam um certo exagero na decoração.
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Muitos criadores de jardins italianos seriam contratados por outras cortes europeias (francesa, austríaca, alemã, inglesa), onde o estilo sofreria influências regionais, notadamente a valorização do uso das cores da vegetação (espécies floríferas e hortícolas) no desenho intrincado dos canteiros mosaicos, que passaram a ser verdadeiras tapeçarias vegetais. A valorização pela cor acabou sendo levada para a Itália e os Jardins Terraço, antes tão verdes, passaram a ser transformados.
O tema exposto é parte do curso de Estilos de Jardins do artista plástico Marco Antônio Braga.
Henrique Vital é colaborador do Viva Decora e paisagista dedicado a melhorar a vida das pessoas utilizando elementos presentes na natureza que nos cerca.
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