Eu, Murilo Grilo, arquiteto da MHome, gosto de resgatar em todos os meus projetos o “elemento de memória”. Neste caso, apliquei no meu próprio apartamento. A memória pode ser entendida como um elemento constituidor de identidade.
Vejo a casa como algo vivo, que se transforma conforme vivemos e adquirimos experiências externas e isso reflete em nosso lar. No meu apartamento, cada detalhe tem uma história afetiva ou engraçada. Tenho muito móveis e objeto de decoração garimpados em antiquários, leilões de arte e brechós.
A frase do quadro na sala faz total sentido com os moradores: “Moda é como arquitetura, pura questão de proporções”. Vejo alguns mobiliários do meu apartamento como troféu, como a mesa de jantar que adquiri em um leilão de arte em São Paulo. Uma mesa do século XV, madeira de jacarandá e filetes de bronze no tampo e nos pés.
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Alguns elementos de decoração, como a mesa bolacha adquirida em um brechó em São Paulo, têm uma história engraçada. No dia da compra desse item, eu estava sem o carro, então a única solução foi levá-la de metrô, uma cena muito engraçada.
A mesa do escritório também tem uma história engraçada, comprei ela em um garimpo online, então tive que fazer a retirada. Conclusão: ela não coube no carro. Coloquei de ponta cabeça em cima do carro e vim do lado do passageiro segurando-a com uma mão por fora. Fiquei dias com dor no braço.
O armário vermelho da sala de jantar também foi adquirido em um leilão online e eu já o conhecia pessoalmente, pois ele fez parte de uma produção que fiz para uma revista. Em seguida, a dona do apartamento colocou no leilão e me avisou, pois já tinha demonstrado interesse em comprá-lo.
Alguns elementos também remetem ao outro morador do apartamento, Claudmar Gonçalves Costa, engenheiro e professor de teatro. Esses elementos remetem ao teatro, como a iluminação com refletores de palco, quadros e demais objetos de decoração.
Nossa casa é uma extensão de nós mesmos. Nesse sentido, ao projetar vejo a necessidade de criar algo que de fato tenha a ver com o morador. Como também sou consultor de imagem, sou mais sensível para entender sobre estilo e personalidade e isso reflete completamente no meu trabalho como arquiteto.
Gosto de resgatar a memória do cliente em cada projeto, preservando assim sua identidade através de elementos decorativos, seja uma cadeira, uma mesa ou até um armário que tenha uma história ou que talvez seja algo de família, que venha de geração a geração. Até mesmo fazendo uma releitura de um objeto ou lhe concedendo novo uso.
Isso me faz projetar com mais emoção e tornar o projeto algo pessoal e não mais um projeto bonito apenas, ganhando assim muita personalidade.
O elemento de memória é essencial para nos dar conforto em nossa casa e saber que ali é o nosso lugar. E a graça toda é essa, criar um ambiente que de fato tem a sua cara e que tenha histórias e vivências assim como nós.
Sala de jantar e TV
Esse é o principal cômodo da casa. Integrei o ambiente com um balção de marcenaria que serve para sala de TV e também como buffet para sala de jantar. Nesse espaço, trabalho com cores fortes e complementares como o vermelho, névoa roxa, azul claro, madeira de jacarandá, aço corten e a preto.
Esse espaço tem bastante informação e várias peças garimpadas em antiquários e leilão de artes, como o armário vermelho, a mesa de centro, a mesa de jantar, as cadeiras de jantar e as luminárias da mesa de jantar.
Também criei um espaço dedicado ao café, com cafeteiras expresso, moedor de grãos e moedor manual, tudo para proporcionar um momento agradável para meus convidados.
Toda a decoração e móveis de marcenaria eu mesmo que desenhei e executei a instalação, assim como as luminárias e a pintura de todos os ambientes.
Cozinha
A cozinha trabalhei com um layout com balcão ilha no meio para servir de apoio para a pia. Já o cooktop resolvemos encaixar em cima da pia, assim não tivemos que trocar a pedra com uma sobreposição de pedra.
Na parede, usei o adesivo que imita o azulejo para mudar um pouco, o que foi uma ótima solução por se tratar de um apartamento alugado. No lugar do móvel aéreo, usamos tudo aparente com prateleiras com canos de cobre estilo industrial.
Quarto
No quarto, optei por trabalhar com cor para preencher o espaço. A cama não tem cabeceira, optei por um quadro na parede e um lustre de cristal no teto.
Nesse quarto existe um espaço abaixo da janela que usei como sapateira, permitindo que os calçados ficassem estrategicamente escondidos pela cortina e ao mesmo tempo respirassem por não estarem fechados.
Banheiro
No banheiro, não existia móvel abaixo da pia, então fizemos a marcenaria com prateleiras e um espelho para esconder o sifão.
Escritório
A bancada atrás da mesa é uma estante transformada em uma bancada com colchão acoplado, assim, quando necessário, esse escritório vira quarto de hóspedes.