O arquiteto japonês Shigeru Ban é sinônimo de criatividade e inovação. Ele é um dos artistas mais importantes da atualidade.
Recentemente, foi eleito pela revista Time como um dos profissionais mais inovadores do século XXI.
Talvez isso se deva ao fato dele ser o pioneiro na aplicação de vários princípios de desenvolvimento sustentável em projetos de construção civil.
Uma das ideias mais brilhantes e sem precedentes de Shigeru é o uso de materiais de fácil acesso, como o papelão, para erguer diferentes esquemas estruturais.
O que o motivou foram os altos índices de consumo de concreto em construções comuns.
Ele pesquisou muito e acabou projetando casas experimentais baseadas em produtos não padronizados e em um contexto diferente.
Ban testou várias combinações até chegar a uma onde estética, espaços, materiais e estruturas se apresentam de forma inteligente, eficaz, segura que são exemplos de arquitetura sustentável.
O resultado por ele obtido tem regido os processos e práticas construtivas da nova era de edifícios.
Além disso, tem inspirado jovens arquitetos a buscarem outras formas de manifestar a sua arte – com mais propósito e ousadia.
Veja em nosso blog outro arquiteto que inova no uso de materiais construtivos: Solano Benitez
Trajetória e biografia de Shigeru Ban
Shigeru Ban estudou em várias instituições diferentes.
Ele passou primeiro pela Universidade de Artes de Tóquio e depois pelo Instituto de Arquitetura da Califórnia.
Por fim, chegou a Escola Cooper Union, onde se formou no ano de 1984.
Ele trabalhou um tempo com Isozaki Arata. Mas, em 1985, decidiu fundar a Shigeru Ban Architects.
Durante a sua carreira, Ban viajou para várias zonas de guerra e áreas de crise.
Em 1995, ele começou a trabalhar como consultor do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Também ajudou a construir vários abrigos na Turquia, Ruanda e Japão. E, ao mesmo tempo, estabeleceu uma ONG chamada ‘Voluntary Architects Network’.
Os feitos de Shigeru Ban o levaram a receber importantes reconhecimentos, como o prêmio Pritzker e a medalha Thomas Jefferson.
O profissional também foi convidado a ser professor em Keio, Harvard, Cornell e Kyoto.
E, agora, tem estendido seu empreendimento financeiro com unidades de seu escritório em Paris e Nova York – com seu parceiro americano ele chegou a ser, inclusive, finalista do concurso do World Trade Center.
Quando a tragédia atinge, ele está sempre lá desde o começo.
Seus edifícios oferecem abrigo, centros comunitários e lugares espirituais para aqueles que sofreram tremenda perda e destruição.
– citou o júri do Pritzker.
Francis Kéré também é um arquiteto engajado com causas sociais. Confira sua trajetória em nosso post.
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Os projetos de Shigeru Ban: arquitetura ecológica e temporária em papel
O design de Shigeru Ban é – de maneira positiva – bastante moderno, consistente, inovador, ecológico e socialmente responsável.
Mesmo assim, tem sido muito criticado pelo público.
Isso porque ele tem abraçado uma combinação de formas e métodos construtivos tanto do oriente quanto do ocidente. E também por ter explorado materiais não convencionais, reciclados ou baratos.
Seus projetos estimulam economias devastadas e oferecem proteção e dignidade para aqueles mais afetados pelas crises em todo o mundo.
São arquiteturas de estética simples e limpa, feitas desde materiais resgatados do lixo até componentes novos, pré-fabricados.
Mas o foco principal de Shigeru é a tecnologia PTS, que estabelece o conceito de reciclagem de materiais inteiramente após a sua finalidade.
A teoria diz que dá para usar materiais fracos para construir edifícios sólidos e duradouros. Prefiro usar materiais que são descartados pelas pessoas ou que ninguém ainda tenha usado. Outros arquitetos não fazem isso porque demanda muito tempo e energia para experimentar novos materiais e obter as devidas permissões para as construções.
– Shigeru Ban, em reportagem de Gazeta do Povo.
O importante será construir um abrigo onde pouca ou nenhuma supervisão técnica seja necessária e usar materiais disponíveis localmente e ecologicamente corretos. É importante que as casas possam ser facilmente mantidas pelos habitantes.
– Shigeru Ban, em reportagem de UNHCR.
A primeira vez em que Ban utilizou o papel em suas construções foi em 1986, numa galeria de Issey Miyake.
Depois, ele desenvolveu melhor essa técnica – de baixo custo, fácil transporte e renovável -, e passou a criar estruturas mais resistentes.
Elas serviram para erguer unidades temporárias e abrigar pessoas em áreas de desastres. Um exemplo são as suas casas de estudo da “série PTS”.
Toyo Ito também é um arquiteto que sabe como usar materiais de um jeito inovador. Conheça mais sobre ele em nosso post.
Principais obras de Shigeru Ban
Shigeru Ban, através de sua firma Shigeru Ban Architects, construiu obras revolucionárias em diversas partes do mundo.
Ele projetou desde casas até museus e edifícios institucionais.
- A Igreja Católica de Takatori e a Igreja de Papel de Kobe, no Japão;
- A Escola primária temporária de Hualin, na China;
- A Christchurch ou Catedral de papelão, na Nova Zelândia;
- O pavilhão japonês para a Exposição Universal de 2000, em Hannover;
- Abrigos de emergência no Equador;
Shigeru Ban Pompidou Metz
O Pompidou-Metz é um centro artístico localizado em Metz, na França.
Trata-se de um centro artístico que apresenta uma bela arquitetura escultórica, obra de Shigeru Ban.
A ideia era impactar visualmente. Assim, atrairia a atenção dos turistas, convidando-os a visitarem os espaços internos modernos, onde estão expostas obras de artistas importantes, como Picasso.
Aspen Art Museum, nos Estados Unidos
Outra bela obra de Shigeru é o Aspen Art Museum, nos Estados Unidos.
Pode-se ver que nesse edifício ele também incorpora a transparência e os planos de visão aberta.
Assim como no exemplo anterior, esse edifício é envolto por uma trama espacial que mais lembra uma cesta de palha – um belíssimo folheado em madeira.
Wall Less House
A casa foi construída em um terreno inclinado, de modo que sua parte traseira fica escavada no solo, com a parede se apoiando na encosta do terreno.
O grande diferencial da casa é mesmo não contar com paredes dividindo os ambientes.
Elas são substituídas por painéis deslizantes que permitem dividir os espaços da maneira que as pessoas acharem melhor, em diferentes ocasiões.
Paper House
A Paper House de Yamanashi, no Japão, é composta por cerca de cem tubos de papel. São eles que definem as áreas internas e externas da edificação.
Foi o primeiro projeto em que o arquiteto empregou tal material como base estrutural de um edifício.
Parecia impossível, mas o sistema, de fato, consegue suportar bem as cargas verticais e forças laterais.
Confira também a história do escritório Sanaa e descubra o porque de seus trabalhos serem tão reconhecidos.
Shigeru Ban é um arquiteto que sabe como encantar multidões através de seu trabalho.
Mas além de saber fazer um serviço bem feito, é preciso saber como divulgá-lo. Confira o Ciclo do Encantamento, material desenvolvido exclusivamente para arquitetos e designers que querem dar um UP na carreira: