Sérgio Rodrigues, o designer que trouxe a identidade brasileira para o mobiliário

Contemporâneo de Oscar Niemeyer, Sérgio Rodrigues é uma personalidade importante da história do design e da arquitetura moderna brasileira. Com muita criatividade, ele idealizou peças que traduzem perfeitamente a identidade nacional. Isso ficou evidente tanto nas formas quanto nos materiais por ele empregados. Mas a maior contribuição de Sérgio Rodrigues para o mercado foram mesmo os móveis voltados à produção industrial.

Sérgio Rodrigues

Sérgio Rodrigues criou mais de mil modelos diferentes. Alguns foram empregados em propostas de interiores para órgãos públicos, como o Palácio da Alvorada e o Itamaraty, em Brasília. Um bom exemplo é a ‘Poltrona Leve Oscar’.

No entanto, os dois projetos mais significativos que Sérgio Rodrigues fez em sua carreira foram para a Embaixada do Brasil em Roma e para o fotógrafo Otto Stupakoff, ambos na década de cinquenta.

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Breve biografia do designer Sergio Rodrigues

O auge da carreira do designer Sérgio Rodrigues foi entre os anos cinquenta e sessenta. Ele trabalhou com os irmãos Hauner, na Móveis Artesanal Paranaense, em Curitiba.

Depois, Sérgio Rodrigues chefiou o departamento de criação de arquitetura de interiores da empresa Forma, fabricante internacional de móveis. E, por fim, criou a Oca, um misto de atelier, espaço de produção, galeria de arte e loja – algo nunca antes visto no território brasileiro.

Depois de vender a Oca, em 1968, Sérgio Rodrigues passou a se dedicar a trabalhos em arquitetura de interiores. Nesse tempo, ele realizou novos projetos em Brasília e desenvolveu diferentes linhas de móveis. Em 1974, sua ‘Poltrona Mole’, passou a integrar a coleção do Museu de Arte Moderna de Nova York. Em 2006, Sérgio Rodrigues recebeu o primeiro lugar na categoria mobiliário do ‘Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira’, em São Paulo.

Sérgio Rodrigues: Poltrona Mole

Dentre as peças mais emblemáticas do designer Sérgio Rodrigues, estão: o ‘Banco Mucki’, a ‘Banqueta Mocho’, a ‘Cadeira Katita’, a ‘Poltrona Diz’, a ‘Poltrona Mole’, entre outras.

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Sérgio Rodrigues: banco mucki

Sérgio Rodrigues: banco mocho

sérgio rodrigues: katita

Sérgio Rodrigues: poltrona diz

Sérgio Rodrigues: Poltrona Chifruda

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Características do trabalho de Sérgio Rodrigues

O móvel não é só a figura, a peça, não é só o material de que esta peça é composta, e sim alguma coisa que tem dentro dela. É o espírito da peça. É o espírito brasileiro. É o móvel brasileiro.

– Sérgio Rodrigues.

Sérgio Rodrigues acreditava que todo arquiteto deveria também se dedicar ao planejamento de interiores. Isso incluía, obviamente, o projeto mobiliário. E criar móveis com a “cara do Brasil” virou a especialidade de Sérgio Rodrigues.

O designer desenvolveu uma linguagem muito particular. Apesar das formas robustas, as peças de Sérgio Rodrigues ainda parecem modernas. E o mais importante, elas sempre contribuem verdadeiramente para a vida cotidiana dos usuários.

As peças de Sérgio Rodrigues conseguem resgatar o espírito da mobília tradicional e também aspectos do Brasil indígena.

Lúcio Costa.

Os móveis criados por Sérgio Rodrigues refletem as características de uma raiz cultural, de uma “brasilidade”. Algumas peças são tão originais que parecem brincar com o imaginário coletivo. Isso está impresso nas formas, nos volumes e nos materiais empregados.

São exemplos as fibras naturais, como o algodão, palha, palha indiana; as madeiras, como o eucalipto e a imbuia; e outros mais – o que, em parte, remonta ao design colonial brasileiro.

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A Poltrona Mole de Sérgio Rodrigues

A ‘Poltrona Mole’ criada por Sérgio Rodrigues é, certamente, um dos exemplares mais importantes do design brasileiro de mobiliário.

Ela foi projetada especialmente para Otto Stupakoff, em 1957. Seu modelo é composto de peças em couro e madeira jacarandá. Sua aparência transmite robustez. Mesmo assim, dispõe de um assento muito confortável – lembra uma cesta, um grande “almofadão”. E é por isso que se adapta tão bem ao corpo humano.

Sérgio Rodrigues na poltrona mole

Essa poltrona de Sérgio Rodrigues, por apresentar um visual tão diferente dos padrões vigentes na época de sua criação, demorou para ser aceita pela sociedade. Ninguém a queria comprar. Porém, em 1961, o designer Sérgio Rodrigues a apresentou no ‘IV Concorso Internazionale del Mobile’, em Cantù, na Itália. Ele foi o vencedor desse concurso, indo totalmente contra a opinião pública nacional.

Eu costumo dizer que sou cliente de mim mesmo. Crio como se estivesse fazendo móveis para colocar na minha casa. Não sigo tendências. Faço o que quero o que tenho vontade. Mas imprimo um significado em tudo, uma poesia.

– Sérgio Rodrigues.

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