A Quinta da Boa Vista é um dos maiores parques urbanos da cidade do Rio de Janeiro.
Localizada no Bairro de São Cristóvão, essa área de 155 mil metros quadrados, por muitos anos, foi propriedade da família Imperial Brasileira.
O casarão, que hoje é o Museu da Quinta da Boa Vista, serviu como residência para Dom João VI, Dom Pedro I, Dom Pedro II e vários outros integrantes da coroa brasileira.
Trata-se de uma área histórica que ajuda a contar a história do nosso país por meio da arquitetura e de peças que estão ali desde o século XVII.
Para relembrar a importância desse local, no post de hoje vamos contar a história da Quinta da Boa Vista e mostrar como ela está nos dias atuais. Acompanhe!
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Quinta da Boa Vista: História
A incrível história da Quinta da Boa Vista do RJ começa entre os séculos XVI e XVII, período em que a área em que hoje se localiza o parque era uma fazenda de Jesuítas.
Com a expulsão da ordem, a área foi desmembrada e passou a ser de propriedade privada.
Em 1803, o traficante de escravos Elias Antônio Lopes ergueu um casarão sobre uma colina, localização que tinha uma boa vista da Baía de Guanabara. É daí que vem o nome Quinta da Boa Vista.
O casarão da Quinta da Boa Vista do RJ também já foi chamado de Paço de São Cristóvão (1803 – 1809), Palácio Real (1810 – 1821), Palácio Imperial (1822-1889) e atualmente também é conhecido como Palácio de São Cristóvão.
Com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, em 1808, Elias doou sua propriedade a Dom João VI.
O motivo? Havia uma grande dificuldade de encontrar grandes casarões na região, e aquele na Quinta da Boa Vista era o melhor da cidade.
Elias recebeu em troca uma outra propriedade. Foi um ótimo negócio, já que ele poderia ter perdido sua casa na Quinta da Boa Vista e ter ficado sem nada, se não tivesse se antecipado.
As reformas e a arquitetura da Quinta da Boa Vista
Mesmo tratando-se de um casarão enorme, a Família Real quis fazer uma reforma para instalar-se de vez na Quinta da Boa Vista do RJ. Essa foi só a primeira de várias intervenções na residência ao longo dos anos.
A mais importante iniciou-se na época da lua de mel do Príncipe D. Pedro com Maria Leopoldina, e se estendeu até 1821.
O encarregado dessa reforma na Quinta da Boa Vista foi o arquiteto inglês John Johnston. Além da reforma do paço, ele instalou um portão monumental na entrada, presente de casamento do general Hugh Percy, 2.° Duque de Northumberland.
Atualmente, o objeto histórico está na entrada principal do zoológico da Quinta da Boa Vista, conforme veremos no próximo tópico.
É interessante notar a semelhança entre a Quinta da Boa Vista nesse período pós reforma com o Palácio da Ajuda, em Lisboa. A obra portuguesa ficou inacabada devido a invasão dos franceses e fuga da Família Real para o Brasil.
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Após a independência do Brasil, em 1822, a Quinta da Boa Vista passou por outra reforma significativa.
Dessa vez, o projeto do Paço Imperial foi do arquiteto português Manuel da Costa (1822-1826), que posteriormente foi substituído pelo francês Pedro José Pézerát (1826-1831), creditado como autor do projeto do estilo neoclássico da Quinta da Boa Vista.
E o que foi inserido nessa nova reforma da Quinta da Boa Vista? O casarão ganhou mais um torreão no lado Sul (já havia um no lado Norte da fachada principal). Também foi construído um novo pavimento sob os dois já existentes.
A partir de 1847, o brasileiro Manuel Araújo de Porto Alegre continuou a reforma harmonizando as fachadas da Quinta da Boa Vista, seguido pelo alemão Theodore Marx (1857 e 1868).
Entre 1857 e 1861 o pintor italiano Mario Bragaldi decorou vários dos aposentos interiores da Quinta da Boa Vista.
Dom Pedro II também deu seus pitacos em reformas na Quinta da Boa Vista, principalmente no que diz respeito ao paisagismo. O Imperador contratou os serviços do francês Auguste François Marie Glaziou, que realizou um trabalho que pode ser visto até hoje, como a Alameda das Sapucaias, pontes, cascatas e lagos.
A Quinta da Boa Vista foi residência da família real até a Proclamação da República, em 1889.
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Como é a Quinta da Boa Vista nos dias atuais?
A Quinta da Boa Vista funciona como um parque municipal e abriga várias atrações turísticas famosas no Rio de Janeiro.
Uma delas é o zoológico da Quinta da Boa Vista (RioZoo).
Trata-se do zoológico mais antigo do Brasil, local onde é possível conhecer espécies da fauna e da flora de várias parte do mundo. Ele tem uma área de 55 mil metros quadrados e um plantel de cerca de 1.300 animais.
Uma curiosidade é que o jogo do bicho, esquema de aposta ilegal no Brasil, surgiu no Zoológico da Quinta da Boa Vista. Devido a dificuldades financeiras para manter o local em funcionamento, seu criador, o Barão de Drummond, criou o jogo para atrair visitantes.
A área verde da Quinta da Boa Vista é ideal para quem gosta de praticar atividade física, fazer piquenique ou simplesmente curtir alguns momentos na natureza.
Museu da Quinta da Boa Vista: um tesouro histórico em busca de ajuda
O Museu Nacional de História Natural, também chamado de Museu da Quinta da Boa Vista, foi inaugurado em 1818.
Trata-se da instituição científica mais antiga do Brasil e um dos maiores museus de história natural e de antropologia das Américas.
A instituição, tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) foi a residência da família Imperial Brasileira entre 1822 a 1889.
No dia 2 de setembro de 2018, houve um grande incêndio no Museu da Quinta da Boa Vista que destruiu um parte do acervo da instituição, além da cobertura e várias salas de exposição.
Atualmente, o Museu da Quinta da Boa Vista passa por um processo de restauração que não tem previsão para ser encerrado. A estimativa é que sejam necessários cerca de R$ 300 milhões para a restauração total do museu.
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Além do repasse de verba do governo e da ajuda internacional, o museu também está recebendo a doação de pessoas interessadas na restauração do museu. Para saber mais sobre como ajudar o Museu da Quinta da Boa Vista, é só acessar a página “Como ajudar” no site.
Se interessou em conhecer a Quinta da Boa Vista? Veja mais informações:
Como chegar na Quinta da Boa Vista
Próximo às estações de trem e metrô de São Cristóvão
Horário de funcionamento da Quinta da Boa Vista
O Parque abre diariamente das 6h às 18h.
Vale mencionar que devido à pandemia do coronavírus (COVID-19), antes de visitar o local, acesse o site oficial do equipamento e/ou serviço turístico para conferir se não há alteração na programação e no horário de funcionamento.
Qual o valor da entrada na Quinta da Boa Vista?
A entrada é gratuita.