A Pinacoteca de São Paulo, localizada no centro da cidade, é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até a contemporaneidade.
Criado em 1905, trata-se do museu de arte mais antigo de São Paulo.
Além de reunir obras essenciais, a Pinacoteca se destaca pela sua arquitetura que mistura o passado com o presente de forma perfeita, mantendo elementos marcantes e trazendo a modernidade necessária para o espaço.
Quer entender mais sobre a arquitetura da Pinacoteca de São Paulo? No post de hoje, vamos contar a história desse edifício histórico. Acompanhe!
O que é uma Pinacoteca?
A palavra Pinacoteca vem do latim “pinacotheca” e significa sala que contém uma coleção de quadros. Dessa forma, pode-se dizer que a Pinacoteca costuma conter quadros de pintores nacionais e internacionais, mas normalmente esses espaços contam com o acervo permanente focado na arte nacional.
Pinacoteca de São Paulo: História
Para começar a contar a história da Pinacoteca, precisamos voltar à São Paulo do final do século XIX.
Esse período representou uma fase de muita prosperidade para a capital paulista, já que ela passava por uma grande expansão cafeeira.
A cidade, que até então não tinha tanta relevância nacional, começava a se transformar culturalmente e economicamente.
Diante desse contexto, começaram a surgir novos edifícios e mansões dos nobres do café. Técnicas construtivas como o uso da paiva foram substituídas por alvenaria de tijolos, o que demandava uma nova mão de obra especializada.
Os imigrantes europeus supriam uma parte dessa necessidade, mas não era o bastante para executar todo o trabalho exigido pelo crescimento da indústria Paulista.
Foi então que, em 1873, o conselheiro Carlos Leôncio da Silva Carvalho instituiu, com o auxílio de 131 sócios beneméritos, a Sociedade Propagadora da Instrução Popular, uma organização privada sem fins lucrativos.
Após uma reforma na grade de disciplinas, em 1882 foi criada a instituição Liceu de Artes e Ofícios.
A escola passou por muitas mudanças e desafios ao longo dos anos, principalmente em relação à falta de verba governamental.
Sob a direção do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, em 1897 a instituição conseguiu uma doação de um amplo terreno, desmembrado no Jardim da Luz.
No começo do século XX, a elite paulistana começou a sentir a necessidade de ter uma vida cultural mais moderna e que correspondesse ao crescimento da cidade. Foi aí que a Pinacoteca nasceu, e o local escolhido para recebê-la foi o prédio do Liceu de Artes e Ofícios.
A Pinacoteca foi criada no dia 25 de dezembro de 1905 e aberta oficialmente ao público em 1911, com a Primeira Exposição Brasileira de Belas Artes.
Agora que você já sabe qual é a história da criação da Pinacoteca do Estado, veja tudo sobre sua arquitetura.
Veja também: Quantos metros tem o Edifício Martinelli? Descubra 11 curiosidades sobre a obra!
Pinacoteca do Estado: Arquitetura
Projeto original: Francisco de Paula Ramos de Azevedo
O projeto original da Pinacoteca de São Paulo é do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, que era diretor do Liceu de Artes e Ofícios na época.
Ele teve a colaboração de Domiziano Rossi, que também participou do projeto do Teatro Municipal de São Paulo.
O estilo do prédio da Pinacoteca é o neorrenascentista, usado em edificações de órgãos oficiais da época conforme a tradição arquitetônica da Beaux-Arts parisiense.
No projeto original, a Pinacoteca teria uma grande cúpula, que jamais foi construída, sobre o salão central, tão alta que pudesse ser vista por todas as pessoas que transitavam na região.
Na sua entrada foi criado um pórtico com longa escadaria.
Foram utilizados muitos materiais importados na construção da Pinacoteca, comprados por meio da doação de fornecedores.
De início, o prédio abrigava o Liceu de Artes e Ofícios e, mais tarde, recebeu também o Ginásio do Estado, primeira escola de ensino secundário de São Paulo.
Com o aumento dos alunos, Ramos de Azevedo solicitou ao governo a doação de um terreno próximo ao local para construir mais dois galpões.
Em 1919, ele obteve a doação de outro terreno, ampliando o espaço para uma área de 13.500 m².
A Pinacoteca passou por várias pequenas reformas ao longo dos anos, principalmente para abrigar espaços que surgiam de acordo com o crescimento dos cursos, alunos e, mais tarde, do acervo do museu.
A mais significativa delas começou em 1994, como veremos a seguir.
Veja também: Arquitetura Renascentista – Características e Arquitetos Que Marcaram esse Período
Reforma: Paulo Mendes da Rocha
Em 1994, São Paulo passou por um amplo programa de revitalização da área central da cidade. Dentro do programa foi incluída a reforma da Pinacoteca do Estado.
O escolhido para realizar o projeto da Pinacoteca foi o arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
O projeto, que levou 4 anos para ser concluído, recebeu em 2000 o Prêmio Internacional Mies van der Rohe para a América Latina.
Os principais objetivos da reforma da Pinacoteca foram basicamente três:
- restaurar o prédio que sofria com a ação do tempo e, principalmente, de infiltrações
- adequar definitivamente o espaço para a ampliação do acervo da Pinacoteca e recepção de exposições
- melhorar o acesso dos visitantes, já que o crescimento urbano mudou o entorno do edifício
É importante destacar que a construção original da Pinacoteca foi mantida conforme foi encontrada. Foram conservadas, inclusive, as marcas dos antigos andaimes e das ocupações e intervenções anteriores.
As fachadas externas da Pinacoteca também foram preservadas de acordo com o projeto original.
A alvenaria de tijolos aparente é uma marca registrada da obra e, para conservá-la, foi realizada uma limpeza e neutralização de agentes agressivos acumulados pela poluição.
Já a entrada da Pinacoteca sofreu alterações significativas.
A antiga entrada da Pinacoteca, localizada na Avenida Tiradentes, começou a ser “estrangulada” com o aumento da circulação de carros. A solução encontrada foi transferir a entrada de visitantes para a frente da Praça da Luz.
Na antiga entrada da Pinacoteca foi criado um terraço/belvedere, uma área que possibilita a vista da paisagem urbana.
A mudança da entrada da Pinacoteca só foi possível devido a interligação das duas varandas laterais feita com passarelas metálicas. Elas estão presentes em dois pavimentos da Pinacoteca.
Os vazios internos foram preenchidos com claraboias planas feitas com perfis de aço e vidros laminados.
As esquadrias frontais do pavimento superior da Pinacoteca foram substituídas por chapas metálicas.
As paredes descascadas trazem um ar de ruína para a Pinacoteca, efeito interessante para um museu histórico.
Na parte central da Pinacoteca foi construído um auditório, coberto pelo primeiro pavimento onde está o saguão de entrada.
Já no pátio lateral da Pinacoteca foi instalado um grande elevador para o público e montagens.
Veja também: Conheça o paisagismo de tirar o fôlego do Parque da Independência
O que tem na Pinacoteca de São Paulo?
O acervo da Pinacoteca de São Paulo tem cerca de 4 mil peças. Ele reúne trabalhos de artistas paulistas como Almeida Júnior, Pedro Alexandrino e Oscar Pereira da Silva.
A Pinacoteca também abriga obras representativas de Cândido Portinari, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.
O museu ainda conta com um amplo acervo documental e bibliográfico.
O auditório da Pinacoteca, reformado esse ano, tem capacidade para 132 pessoas.
Quanto custa a entrada na Pinacoteca?
O valor do ingresso é R$ 20,00, sendo R$ 10,00 reais a meia-entrada para estudantes com carteirinha.
Menores de 10 anos e maiores de 60 são isentos de pagamento. Aos sábados a entrada é gratuita para todos.
Mais informações sobre a Pinacoteca do Estado:
Endereço: Praça da Luz, 02 – Tel. 11 3324-1000
Horário de Funcionamento: Quarta a segunda, das 10h às 17h30 com permanência até as 18h
Gostou de conhecer mais sobre a Pinacoteca do Estado? Aproveite para conferir as curiosidades de outra obra icônica de São Paulo: Afinal, o Edifício Copan foi projetado por Oscar Niemeyer? Entenda!