O arquiteto suíço Peter Zumthor é considerado uma das mentes mais interessantes do mundo atual.
Ele é um profissional muito dedicado. Foi considerado como minimalista, ficando conhecido por projetar estruturas puras e austeras – que foram descritas, inclusive, como atemporais e poéticas.
Por esses e muitos outros motivos, ele goza de um grande prestígio, dentro e fora de seu país.
Pode-se dizer que Zumthor tem sua própria maneira de ver o mundo. A essência de seu trabalho está na experiência com as texturas, a luz, o artesanato, a sensualidade e a cinestesia dos espaços.
Para ele, é por meio dos sentidos que as pessoas memorizam os lugares. Ver é perceber! Por isso, o arquiteto critica tanto os jovens profissionais, que, supostamente, dependem dos computadores para isso.
Hoje em dia tudo é conversa fiada
Mies van der Rohe e Le Corbusier vieram de uma tradição em que os arquitetos ainda sabiam como as coisas eram feitas, sabiam como fazer as coisas da maneira certa.
(os jovens com o computador) não sabem como as coisas são construídas
perderam a percepção de escala
– Peter Zumthor, em reportagem de Arquitexs.
Veja mais sobre o estilo arquitetônico praticado por Peter Zumthor: Arquitetura minimalista, o estilo que revolucionou a arte e se tornou uma tendência mundial.
A trajetória do arquiteto Peter Zumthor
Peter Zumthor começou seus estudos em Artes Aplicadas na Schule Für Gestaltung Basel, na Suíça, em 1963 – com base no modelo da Bauhaus.
Três anos depois, ele foi fazer intercâmbio na Pratt Institute, em Nova York. Lá ele cursou arquitetura e design industrial, com foco no exercício do olhar e reconhecimento dos espaços.
Após a sua graduação, Zumthor trabalhou na empresa Canton of Graubünden. A partir de 1968, ele atuou vários anos como consultor de construção e planejamento e analista de arquitetura no Departamento de Manutenção e Preservação de Monumentos.
Mais tarde, ele lecionou em várias universidades como a de Zurique, Munique, Svizzera Italiana, Mendrisio, Harvard, Southern California, Nova Orleans e Tulane.
Alguns dos prêmios que Peter Zumthor ganhou ao longo de sua carreira:
- A Medalha de Ouro Heinrich Tessenow, da fundação Heinrich Tessenow Gesellschaft e Alfred Toepfer Stiftung;
- O Prêmio de Arquitetura Carlsberg;
- O Prêmio Pritzker;
- O Prêmio Mies Van Der Rohe.
O Atelier Peter Zumthor & Partner
Até o início dos anos 80, Peter Zumthor fez uma trajetória profissional autônoma. Seus primeiros trabalhos foram reconhecidos tanto no nível formal como no tipológico.
Em 1985, ele inaugurou o seu próprio atelier, na cidade de Haldenstein, na Suíça. Nesse mesmo ano, ele projetou um abrigo de proteção das minas romanas na estação arqueológica de Chui, na Suíça.
Na década de 90, Zumthor tornou-se membro da Academia de Artes de Berlim, na Alemanha. Também foi membro honorário da Bund Deutscher Architekten – a Associação Alemã de Arquitetos.
Permaneceu trabalhando em sua pequena empresa, com uma equipe de apenas quinze pessoas. Mais recentemente, publicou uma monografia em cinco volumes sobre as obras que realizou entre 1985 e 2013.
Projetos de Peter Zumthor: arquitetura minimalista que provoca emoções
As obras de Peter Zumthor se distinguem das de muitos outros arquitetos em diversos aspectos.
Isso porque esse profissional cria projetos com uma sóbria funcionalidade e um profundo respeito pelo entorno e pelos materiais.
Constantemente, ele vem reagindo às necessidades de cada trabalho que recebe. Ou seja, ele acredita que cada espaço construído deve adequar-se a um propósito especial e proporcionar uma experiência emocional aos seus ocupantes.
(…) Eu acredito que a linguagem da arquitetura não é uma questão de um estilo específico. Todo edifício é construído para um uso específico em um lugar específico e para uma sociedade específica. Meus edifícios tentam responder às questões que emergem desses fatos simples da maneira mais precisa e crítica possível.
– Peter Zumthor, em seu livro ‘Thinking Architecture’.
De todas as características dos projetos de Peter Zumthor, a que mais se destaca é a luz natural, um elemento proeminente em todos os seus trabalhos.
Com isso, o arquiteto consegue, estrategicamente e de forma muito sutil, preencher os espaços.
Além disso, a água é outro elemento muito importante associado às suas obras.
Peter Zumthor: obras em destaque
Talvez por ser suíço, Zumthor desenvolveu a maior parte de seus trabalhos na Suíça. Porém ele também desenvolveu projetos na Alemanha, Áustria, Holanda, Inglaterra, Espanha, Noruega, Finlândia e Estados Unidos.
No começo, executou mais obras de reparação arquitetônica e essa vivência prática lhe deu suporte para realizar projetos maiores e mais complexos – a maioria de cunho modernista.
Obras de Peter Zumthor e de seu atelier Peter Zumthor & Partner:
Na Suíça
- O Museu de Arte de Chur
- A Capela de São Benedito, em Sumvitg
- O conjunto de habitações Spittelhof, na Basileia
- As Termas de Vals
- A escola de Churwalden
Na Áustria
- O Museu de Arte de Bregenz
Na Alemanha
- O Museu de arte Kolumba, em Colônia
- O pavilhão da Suíça na Expo 2000 de Hannover
- A Capela de Campo Bruder Klaus, em Wachendorf
- Centro Internacional de Exposição e Documentação em homenagem às vítimas da Gestapo, em Berlim
Serpentine Gallery, por Peter Zumthor
Foi meu projeto dos sonhos.
– Peter Zumthor.
O pavilhão comissionado no ano de 2011 para a Serpentine Gallery, nos Jardins de Kensington, em Londres, foi idealizado por Peter Zumthor.
Seu design era bem diferente das versões anteriores, propostas por outros arquitetos. Tratou-se de uma estrutura bem contida e sofisticada; uma caixa preta muito simples, com várias entradas.
Zumthor tentou provocar os observadores, evocando suas emoções ao realizar o percurso entre essas entradas e o centro do edifício.
No núcleo central, envolto de compensado, havia um lindo pátio interno. O jardim, repleto de plantas, flores e insetos – de várias cores, texturas e fragrâncias – foi criado especialmente pelo designer holandês Piet Oudolf.
A ideia de Peter era guiar gentilmente os visitantes até o coração do pavilhão e, lá, inspirá-los a se tornarem observadores.
Foi como fazê-los transitar de algo sólido e sem cor para um mundo cheio de vida.
As paredes no interior do edifício apresentavam uma textura simples e orgânica. A madeira era coberta por alcatrão e estopa para absorver a luz. E o telhado inclinado proporcionava uma vista para o céu.
A proposta de Zumthor para o Serpentine Gallery é definida pelos críticos como uma “visão modernista de um mosteiro medieval”.
Isso porque ele tinha quatro corredores abertos e simétricos que forneciam espaço suficiente para sentar e contemplar a natureza contida no interior.
Muito de sua obra encontra-se representada nesse pavilhão, assim como nesta frase, que resume de maneira perfeita a visão da arquitetura de Peter Zumthor:
Sua arquitetura evoca imediatamente noções como atmosfera ou ambiente – um ‘estado de espírito’ do espaço construído, que se comunica diretamente com o visitante, bem como com o que o rodeia.
– Brigitte Labs-Ehlert, em reportagem de Domus Web.
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