A vida não é perfeita, mas bem que ela pode ser facilitada, não acha?
Tudo que é planejado acaba apresentando, no final, melhores resultados.
E quando falamos sobre urbanismo, isso não poderia ser diferente.
Mas, afinal, o que é planejamento urbano?
A expressão planejamento urbano vem da Inglaterra e dos Estados Unidos, mas o exercício de planejar as cidades vem de civilizações bem mais antigas.
Em todos os casos, o objetivo do planejamento urbano era sempre o mesmo: responder aos problemas enfrentados pelo ajuntamento de muitas pessoas em uma mesma área habitacional.
Acontece que tudo se tornou ainda mais complexo após a chegada da Idade Moderna e a Revolução Industrial.
Nas últimas décadas, vive-se um crescimento populacional acelerado.
Isso tem acarretado problemas graves que afetam negativamente a qualidade de vida das pessoas que vivem, principalmente, nas grandes cidades. Essa situação mudou o entendimento sobre o que é planejamento urbano.
Novos tópicos, como mobilidade urbana e acessibilidade na arquitetura vieram somar em tudo isso.
Quer conhecer mais sobre o tema? Neste artigo, vamos explicar o que é planejamento urbano, seus tipos e sua importância, além de conhecer exemplos no Brasil e no mundo.
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O que é planejamento urbano
Planejamento Urbano é o estudo do crescimento e funcionamento das cidades já existentes ou planejadas. O objetivo é melhorar a qualidade de vida coletiva por meio de ações políticas, ambientais, sociais, entre outras.
Para evitar que as vilas crescessem de forma espontânea, com divisões de ruas e bairros confusas e sem padronização, buscou-se cada vez mais o planejamento urbano.
Esse é um processo urbano que, de fato, melhora vários aspectos das cidades, como a qualidade de vida das pessoas. E isso fica ainda melhor assegurado pela existência do chamado Plano Diretor.
O Plano Diretor é criado por planejadores, autorizados pelo Estado, e guarda regras orientadoras para a ação daqueles que constroem e utilizam os espaços urbanos.
Seria um plano que, a partir de um diagnóstico científico da realidade física, social, econômica, política e administrativa da cidade, (…) apresentaria um conjunto de propostas para o futuro desenvolvimento socioeconômico e futura organização espacial dos usos do solo urbano, das redes de infraestrutura e de elementos fundamentais da estrutura urbana, (…).
– VILLAÇA, 1999, p. 238
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Exemplos de planejamento urbano no Brasil
O caso mais conhecido de cidade planejada no Brasil é Brasília. Ela foi construída nos anos 50, durante o governo de Juscelino Kubitschek e veio servir como sede da administração pública federal.
Mas, no país, existem também outros exemplos de projetos de planejamento urbano, além da arquitetura de Brasília.
Os mais atuais são a região Porto Maravilha, no Rio de Janeiro; o Jardim das Perdizes e o Parque da Cidade, em São Paulo.
Porto Maravilha
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Jardim das Perdizes
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Parque da Cidade
No mundo, existem várias cidades que foram planejadas, ou seja, não surgiram de maneira espontânea. Veja alguns exemplos de planejamento urbano:
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Exemplos de planejamento urbano no mundo
Songdo
Localizada na Coreia do Sul, Songdo é uma cidade que foi planejada para ser, simplesmente, a mais sustentável do mundo.
Ela foi desenhada para ter muitos parques, ciclovias e sistemas de compartilhamento de veículos.
Além disso, buscou-se tudo que havia de mais inovador e tecnológico tratando-se de arquitetura e urbanismo.
Nesse vídeo, é possível conhecer um pouco do trabalho dos arquitetos e urbanistas no desenvolvimento da cidade:
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Eixample
O distrito de Eixample está localizado em Barcelona, na Espanha.
Ele foi projetado pelo engenheiro Ildefons Cerdà para ser um exemplo ideal de planejamento urbano e fez parte de um esquema de desenvolvimento e reforma da cidade.
É caracterizado por avenidas amplas, paralelas e perpendiculares entre si – uma clara proposta de igualdade entre classes por meio da arquitetura
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Camberra
Camberra é a capital da Austrália. Ela foi construída totalmente do zero, a partir de 1908, projetada pelo arquiteto Walter Burley Griffin depois de um concurso para arquitetos.
A característica principal dessa cidade é a significativa incorporação de áreas de vegetação natural dentro de seu território.
É o destino perfeito para as pessoas que apreciam esportes ao ar livre.
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Astana
Astana é a capital do Cazaquistão. O país, depois de 1997, passou por um processo político de autonomia e precisou da construção de uma nova sede governamental.
Seu plano vai ao encontro com a noção de arquitetura soviética, considerada como retrógrada.
Para atrair a atenção mundial para o seu crescimento econômico, nomes de peso foram contratados para contribuir com ideias inovadoras, como Norman Foster.
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Mais alguns exemplos de planejamento urbano pelo mundo:
- Nova Deli, na Índia;
- La Paz, na Argentina;
- Kyoto, no Japão;
- Abuja, na Nigéria;
- Islamabad, no Paquistão;
- Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
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A importância do planejamento urbano
Cidades de desenvolvimento espontâneo costumam apresentar muitos problemas, que vão desde o saneamento até a segurança.
Com o planejamento urbano é possível idealizar a melhor maneira de enfrentar as consequências do excesso de urbanismo moderno.
As cidades planejadas são vistas como um sistema integrado, regrado por um Plano Diretor responsável por ditar o que é necessário para a qualidade de vida coletiva.
A ausência de uma gestão, de um ordenamento, de um planejamento, traz à cidade sérios problemas.
Muitas vezes, eles são tão danosos que acabam sendo difíceis de serem resolvidos. Com o planejamento técnico e político prévio, evita-se esse processo, guiando a cidade a um desenvolvimento mais correto e sustentável.
Historicamente, os projetistas se limitavam apenas ao desenho urbano e o ordenamento físico dos municípios.
Na era pós-industrial, os objetivos eram mais emblemáticos, como o desenvolvimento de áreas industriais.
Mas, atualmente, eles precisam lidar melhor com a coletividade e todos os seus sistemas. E há muitos fatores envolvidos nessa tarefa.
Por isso, não se pode falar em cidade planejada sem planejamento urbano!
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Tipos de planejamento urbano
Pode-se dizer que existem três tipos de cidades planejadas:
- As comerciais, que têm como ponto forte as transações políticas e econômicas;
- As portuárias, com atividades vinculadas à exportação;
- As históricas, que protegem um grande acervo arquitetônico e social.
Cidades planejadas ou áreas de ocupação pré-determinadas podem surgir a partir de vários processos urbanos.
Durante o período colonial, a ideia era cobrir as cidades anteriores na tentativa de criar novos centros econômicos.
Hoje, surgem a todo o momento zonas que são apenas residenciais e outras apenas comerciais. O que determina essa divisão são os objetivos de cada governo.
As decisões podem ser provenientes de outros planos, do mesmo nível. Um exemplo é Brasília, que começou a ser idealizada com o Marquês do Pombal, mas teve seu plano resgatado só no governo de Juscelino.
Plano Piloto de Brasília:
As decisões podem ser tomadas por consequência dos desejos de uma comunidade, das legislações ou da implantação de um novo Plano Diretor. Nesse caso, um exemplo é a cidade de Aracaju.
Modelo de cidade comercial ou turística: Nova York – Times Square
Modelo de cidade portuária:
Modelo de cidade histórica: Londres
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Planejamento urbano no Brasil
Em países desenvolvidos, o planejamento urbano é discutido desde a formação escolar.
No Brasil, a população é desinformada sobre as decisões tomadas sobre planejamento urbano. Os planos adotados em países desenvolvidos até já serviram de referência para o planejamento urbano de cidades brasileiras.
Um exemplo foi o caso do Plano Agache, de 1930, para o Rio de Janeiro.
O problema é que isso ocorreu de forma muito rudimentar, diferente dos belos planejamentos franceses, que foram a inspiração inicial.
Os estudos brasileiros sempre foram “tímidos”, pelo menos até a década de 1970. Talvez por isso tantas cidades tenham ficado desordenadas, disfuncionais e com pouca infraestrutura.
As propostas de Planos Diretores ou de reestruturações mais eficazes surgiram apenas depois dos anos 60.
O exemplo mais bem-sucedido é Curitiba, que contou com várias iniciativas isoladas de organização do espaço urbano, o que resultou no seu excelente sistema de BRT.
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Planejamento urbano de Aracaju
A cidade de Aracaju surgiu para substituir a cidade de São Cristóvão como sede da capitania de Sergipe Del Rei.
Seu núcleo central foi bem idealizado. Ele contou com um planejamento urbano criado pelo engenheiro José Basílio Pirro, com ruas organizadas em forma de tabuleiro de xadrez.
Mas, após 160 anos sem Plano Diretor, sem Código de Obras e Edificações, a cidade cresceu à revelia, ao redor desse núcleo inicial.
Para obrigar o poder público e a sociedade a assumirem um compromisso quanto a situação, o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) abriu um diálogo.
A ideia era retomar o debate quanto ao que precisava ser feito para a criação de legislações municipais voltadas ao urbanismo.
Um estudo de 1995 chegou para a apreciação dos políticos. Em 2000, o primeiro Plano Diretor de Aracaju entrou em vigor. Mas ele só começou a ser votado pela Câmara, de fato, em 2010. Ou seja, são propostas com 20 anos de defasagem que vão precisar de revisão mesmo antes de serem implantadas.
Com a entrada de novas áreas no mapeamento da cidade e sem a existência de um Plano Diretor que atenda as reais necessidades do momento atual, a tendência é causar sérios prejuízos à população com a falta dos diversos serviços relacionados ao meio ambiente, obras e edificações, transporte, saúde e educação, saneamento, acessibilidade e mobilidade.
– engenheiro Arício Resende, em reportagem do Crea-SE.
Agora que você sabe o que é planejamento urbano, que tal se aprofundar e conhecer mais um pouco sobre mobilidade urbana?