O mercado da arquitetura no Brasil mudou muito ao longo dos anos. Desde a geração de nomes consagrados e já estabelecidos na história, como Oscar Niemeyer ou Lúcio Costa, que atuaram em uma época em que esta área era predominantemente dominado por homens.
Hoje, em um censo realizado pelo CAU/BR, a predominância no setor foi de arquitetas e urbanistas mulheres: São 61% contra 39% de homens, na faixa de profissionais de até 40 anos e em atividade.
Outro dado interessante, é que o número de profissionais que realizaram cursos de pós-graduação cresceu.
São 25,49% em comparação com os 66% que possuem apenas a graduação – a maior parte dos profissionais em atuação.
Mas somente 6,8% e 1,25% possuem mestrado e doutorado, respectivamente.
Os dados mostram que profissionais desta área estão constantemente buscando por aperfeiçoamento.
Afinal, depois do abalo sofrido pela crise, em parte, provocada pelos desafios que a área da construção civil enfrentou, e que refletiram de maneira certeira no mercado de trabalho da arquitetura e urbanismo.
Em um encontro realizado entre arquitetos e urbanistas para discutirem as expectativas para os próximos anos, Paulo Henrique Rodrigues, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA/RS), afirmou que é um momento de renovação.
Acredito que teremos um ano de reconstrução com base em novos parâmetros.
– Paulo Henrique Rodrigues, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura
Veja também: Confira quanto ganha um engenheiro civil e se vale a pena investir na área
O que fazer para ter um 2018 promissor no mercado de arquitetura?
Trazemos esta análise para ajudar arquitetos e urbanistas a tomarem melhores decisões para o futuro, melhorar a competitividade e também sua posição no mercado da arquitetura, resultando em um período com muitas oportunidades e metas alcançadas.
Se você ainda for estudante e está atrás do primeiro emprego, confira nossas dicas para estudantes de arquitetura que vão te deixar bem preparado.
A palavra de ordem é capacitação
E isto vale tanto para habilidades específicas para arquitetos, como para sua capacidade de gestão do escritório e captação de clientes.
Confira mais alguns números do mercado de arquitetura e seus profissionais:
Segundo a CAU:
- 86% dos profissionais dominam softwares de desenho por computador;
- 28% usam bem programas de geoprocessamento;
- 63% dizem dominar também outros softwares de uso profissional;
- 82% frequentam cursos, feiras, eventos e seminários.
Por isso, não estar em dia com as últimas novidades, pode ser um erro grave.
Quanto mais você souber fazer, mais valor vai entregar para seus clientes e assim diversificar seus serviços.
Veja algumas dicas da Viva Decora sobre apps, capacitação e administração de escritórios de arquitetura:
- 11 apps para arquitetos que você precisa conhecer
- 5 apps de organização para seu escritório render mais
- V-Ray: O que é? E as vantagens na hora de mostrar seu projeto a qualquer cliente
Busque novos mercados na arquitetura
A internacionalização de projetos como ferramenta de projeção é outra solução que muitos escritórios e autônomos têm adotado. Essa estratégia pode te dar mais projeção, contatos comerciais internacionais e é uma via para proteger os negócios das vulnerabilidades do mercado interno de arquitetura.
O projeto Built by Brazil − parceria entre a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e a AsBEA é um caminho para escritórios que buscam se aventurar nesse nicho do mercado da arquitetura.
A visão do projeto, até 2020, é:
Alcançar a representatividade internacional da arquitetura brasileira por meio do fortalecimento da imagem e do incremento de negócios do setor
Já pensou nessa possibilidade?
Estou começando na área. E agora? Como entrar no mercado de trabalho da arquitetura?
De fato, o mercado da arquitetura no Brasil é mais rigoroso que em muitos países estrangeiros. Lá fora, muitos jovens arquitetos se unem a escritórios como associados-júnior e podem vir a se tornar sócios.
É uma jogada muito usada para manter novos talentos dentro da empresa (como aconteceu com Zaha Hadid, no escritório holandês Rem Koolhaas).
E aqui no país ainda se vê essa prática raramente ser empregada. No entanto, adversidades muitas vezes criam oportunidades, como veremos a seguir.
E a crise?
A profissão, em sua forma mais tradicional, está sujeita aos balanços da economia por conta de sua relação com a construção civil.
São cada vez menos profissionais com carteira registrada por conta dos salários abaixo do piso.
De acordo com a lei, um arquiteto deve ganhar 6 salários mínimos (R$ 5.724,00) em uma jornada de 6 horas.
Mas, segundo os dados divulgados pelo último censo do CAU, 1 em cada 5 arquitetos ganham entre 3 e 5 salários mínimos.
Parece pouco, não? E ainda sem contar com os descontos da CLT.
Para fugir disso, os profissionais tem procurado outras formas de negócio. E essa busca trouxe resultados: todos os 32,5% dos arquitetos e designers de interiores que ganham entre 8 e mais de 20 salários mínimos tem um CNPJ próprio. Ou seja: são empreendedores.
Veja mais sobre quanto ganha um arquiteto.
Novas oportunidades no mercado de arquitetura
Não é só de construção que vive um arquiteto!
Diversos profissionais da nova geração estão expandindo as áreas e os locais de atuação:
- Decoração;
- Arquitetura corporativa;
- Paisagismo;
- Design de móveis e desenho de móveis sob medida;
- Habitações sociais;
- Execução e acompanhamento de obras;
- Gerenciamento de reformas;
- Projetos em cidades menores (onde o mercado é menos saturado);
- Aulas de apresentação de projetos em 3D para estudantes.
Gestão de obras, empreendimentos e escritórios
Não é porque o projeto não foi desenhado ou idealizado por determinado arquiteto que ele não pode se ocupar de sua gestão.
E, talvez, com um olhar mais artístico que outros profissionais que se dedicam a esta atividade, como engenheiros e até administradores de empresas.
Se uma obra pode ser um bom filão para se dedicar, empreendimentos maiores são ainda mais promissores, pois costumam englobar mais atividades e funcionalidades integradas em que a visão de um arquiteto pode trazer ainda mais qualidades ao resultado final.
Por fim, a administração de escritórios de arquitetura é outra atividade que quando desempenhada por um arquiteto, em apoio a seus colegas que estão com o olhar focado na execução das obras e projetos, pode criar uma sinergia que só trará mais lucratividade para a empresa e benefícios para todos.
Tem interesse nessa área? Confira:
- Saiba o que é e como gerenciar obras: garanta o andamento do projeto!
- Aprenda como elaborar um cronograma de obra em 5 passos e nunca mais atrase uma entrega
Concursos públicos: prepare-se agora para as oportunidades que virão
Da mesma forma que o mercado de trabalho para arquitetura fica deprimido com uma fase de economia em baixa, os concursos públicos também tendem a diminuir.
No entanto, quando a economia retorna a entrar nos trilhos, as obras públicas que estavam engavetadas logo deslancham, criando uma demanda grande por profissionais da área.
Além disso, tem se notado uma tendência a valorização da atividade pública dos arquitetos, que estão bastante relacionadas ao paisagismo (para criação de parques, por exemplo), urbanismo (para organização das cidades) e à arquitetura verde (para um planejamento mais sustentável dos ambientes coletivos).
Aliás, estas 3 áreas não precisam ser necessariamente exploradas no mercado de trabalho de arquitetura público, mas também na iniciativa privada, como veremos a seguir.
Paisagismo, Urbanismo e arquitetura verde: cada vez mais solicitados
Colocamos estas três opções de atividades do mercado de trabalho para arquitetura em um mesmo tópico porque há uma correlação interessante entre elas.
Além do viés de utilidade pública que ressaltamos acima, a sustentabilidade dos ambientes urbanos não pode ser encarada de forma isolada, assim, o urbanista e o paisagista trabalham juntos para fazer com que o terreno e seu entorno proporcionem a maior funcionalidade e qualidade de vida possível para seus usuários.
E, com este mesmo objetivo, a arquitetura vem se mostrando uma forma não apenas de causar menos impactos ao meio-ambiente, mas também uma maneira de utilizar materiais mais acessíveis e reutilizáveis, formando um tripé com as outras duas áreas que, em muitos casos, é um diferencial importante para a criação de projetos arquitetônicos do mais alto nível.
Assim, se você procura em meio ao mercado de trabalho de arquitetura um nicho para se destacar, estas 3 áreas, isoladas ou em conjunto com outros colegas, podem ser uma excelente opção.
Design de interiores: para pessoas e empresas
Falar no mercado de trabalho de arquitetura sem falar em design de interiores seria uma falha grave.
Uma das opções mais tradicionais deste ramo profissional é importante lembrar que não são apenas pessoas que precisam decorar suas casas, mas hotéis, hospitais, grandes empresas e, não esqueça: aviões particulares e iates também precisam do bom-gosto e do olhar atento de um arquiteto ou designer de interiores para oferecerem o melhor do conforto, bem-estar e beleza.
Desenvolvimento de apresentações 3D
Muitos escritórios de arquitetura terceirizam esta parte do trabalho, que pode ser um diferencial na hora de aprovar projetos ou vender os que já estão prontos.
Tanto como o foco de sua atuação como complemento de renda, a representação de desenhos em 3D ou mesmo a formatação artística de apresentações inteiras (em programas de design gráfico) são trabalhos requisitados.
Uma atividade semelhante a esta é a construção de maquetes físicas, sobre a qual demos algumas dicas neste outro artigo de nosso blog, juntamente com o design de móveis e outras ideias: como ganhar dinheiro com arquitetura.
Veja também a lista dos melhores materiais para maquete e criar a representação perfeita do seu projeto.
Mercado de trabalho de arquitetura: um mar de possibilidades
A verdade é que o mercado de trabalho para arquitetura pode estar enfrentando um momento um pouco mais crítico, mas sabendo explorar toda diversidade desta profissão, é possível encontrar o seu lugar e desenvolver sua carreira neste mercado.
Ou seja, o arquiteto tornou-se um profissional multitarefas, aplicando seus conhecimentos nos mais variados serviços.
Além disso, estão surgindo cada vez mais vagas para concursos públicos por conta dos investimentos do governo em programas habitacionais.
Outros resolvem abrir suas próprias empresas, baseados nas ideias que acreditam e explorando novos mercados, aproveitando-se da melhora da situação da classe média – e o aumento da demanda por pequenas reformas residenciais.
E nada impede que trabalhem temporariamente com outros escritórios para desenvolver um projeto em conjunto.
E existem, também, outras formas muito bacanas de se destacar.
Um exemplo disso é o projeto Bairro da Gente, em Limeira, interior paulista, que criou espaços que envolvem usos residenciais e comerciais com as áreas públicas, por meio de iniciativas de colaboração entre arquitetos, outros profissionais e a participação intensa da comunidade nos debates das soluções.
Foram colhidas sugestões da população e reunidos os recursos e os profissionais necessários para que sonhos se transformassem em realidade.
Se você está começando na arquitetura, pode se oferecer para ajudar nesse tipo de projeto, aprender e fazer contatos e se você já tem um escritório montado atualmente, pode fazer o mesmo em sua cidade e se destacar no mercado de arquitetura local.
Portanto, esqueça essa história de crise no mercado de arquitetura, faça como Sam Walton, fundador do Walmart, que quando perguntado sobre o que sua empresa faria em relação a crise, respondeu:
Crise? Ouvi falar, mas decidi que não vamos participar
-Sam Walton
É claro, é preciso agir com cautela e planejamento, mas ficar reclamando não resolve nada. Capacite-se, faça cursos, explore novos mercados, planeje eventos que promovam seu escritório e ajudem a comunidade ao mesmo tempo.
O importante é ter boas ideias, afinal, arquitetura é uma profissão de pessoas criativas, como você!
Quer investir na sua carreira e aprimorar seus conhecimentos? Conheça o Ciclo do Encantamento, material desenvolvido especialmente para arquitetos e designers de interiores que querem dar um UP na carreira: