Lúcio Costa, o arquiteto com um propósito: ordenar o espaço

Em certa ocasião, Lúcio Costa definiu a arquitetura com a seguinte frase:

Arquitetura é antes de mais nada construção, mas construção concebida com o propósito primordial de ordenar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção

Não é à toa que um arquiteto talentoso e com um senso de propósito como este foi o escolhido para planejar toda uma cidade, que tinha um propósito e uma intenção determinadas: tornar-se a Capital do Brasil.

Nesta postagem, você vai conhecer mais a fundo a biografia de Lúcio Costa, suas obras e projetos, a parceria com Oscar Niemeyer e outros detalhes de sua carreira.

Veja também os croquis de Brasília e descubra como nasceu essa maravilhosa cidade.

Biografia de Lúcio Costa

Um pioneiro da arquitetura moderna brasileira, Lúcio Costa nasceu em Toulon, na França, em 1902, pois seu pai era almirante da Marinha do Brasil e se deslocava constantemente.

Por esse motivo, Lúcio Costa estudou em renomados colégios na Inglaterra e na Suíça, quando adolescente.

Em 1917, já no Brasil, Lúcio Costa matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes e se gradua em arquitetura no ano de 1924.

Lúcio Costa

Seus primeiros projetos arquitetônicos, de 22 a 29, seguiam um estilo neoclássico, com muitas referências, também, à arquitetura colonial.

Mas, em 29, ao entrar em contato com a Casa Modernista – considerada a primeira deste tipo construída no Brasil e hoje um museu em São Paulo – Lúcio Costa aprofunda ainda mais seu interesse por este movimento da arquitetura, que já vinha observando na obra de Le Corbusier e Mies van der Rohe, entre outros.

Pouco depois, no ano seguinte, Lúcio Costa é nomeado diretor da Escola Nacional de Belas Artes (onde, aliás, conhece o aluno Oscar Niemeyer) com o objetivo específico de introduzir o modernismo na escola, que era combatido pelo corpo docente da época. Porém, os resultados acabaram não sendo muito animadores.

A escola organizava tradicionalmente um salão anual. Por iniciativa de Lúcio Costa, pela primeira vez, na trigésima oitava Exposição Geral da Escola Nacional de Belas Artes, em 1931, artistas e intelectuais da corrente moderna, em sua maioria vindos de São Paulo, participaram desse salão de exposições.

Resultado: a mostra desse ano ficou conhecida como O Salão Revolucionário e Lúcio Costa foi exonerado do cargo de diretor.

Apesar deste revés, sua carreira seguiu promissora. Em 1935, Lúcio Costa torna-se responsável pelo projeto da nova sede do Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro, e decide que não vai trabalhar sozinho: forma uma equipe de arquitetos, entre eles Niemeyer, e nomeia nada menos que Le Corbusier como coordenador.

O objetivo era claro: difundir a arquitetura moderna no Brasil e, para isso, ele convidou Le Corbusier para fazer uma série de conferências nesse sentido.

Deste ponto em diante, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer já eram reconhecidos como pioneiros da arquitetura moderna no Brasil, o que fez com que suas carreiras decolassem.

Em 1937, Lúcio Costa é nomeado diretor da Divisão de Estudos e Tombamentos do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Dando prosseguimento a sua parceria criativa com Niemeyer, projetam o Pavilhão do Brasil, na Feira Mundial de Nova York.

O ápice da carreira de Lúcio Costa, sem dúvida, acontece quando ele vence o concurso para o projeto da nova capital federal, da qual foi responsável por todo o projeto urbanístico.

Nesse projeto, sua relação direta com Niemeyer é conhecida de todos. Dedicou-se a este trabalho de 1957 a 1960, quando a capital foi inaugurada.

Lúcio Costa e Oscar Niemeyer: que dupla!

Dentre diversas honrarias, Lúcio Costa recebeu o título de Professor Honorário de Harvard, em 1960. 4 anos depois, devido a uma inundação devastadora, foi convidado a liderar a reconstrução da cidade de Florença.

Lúcio Costa viveu até a idade de 96 anos, tendo falecido em 1998, na cidade do Rio de Janeiro.

Você admira a obra de Lúcio Costa? Conheça outros arquitetos brasileiros famosos com obras de tirar o fôlego.

Veja também: O que faz um arquiteto? Tudo que você precisa saber sobre a profissão!

Confira nosso vídeo especial sobre a trajetória de Lúcio Costa

Livros de Lúcio Costa: obras que vão além da arquitetura

Lúcio Costa também se dedicou a publicação de alguns livros sobre arquitetura. O último deles, “Registro de uma Vivência”, é uma obra de caráter intimista e autobiográfica, onde Lúcio Costa desvenda segredos de seus projetos e obras, compila alguns ensaios e artigos, além de cartas de cunho pessoal.

Veja a lista de livros de Lúcio Costa:

Após conferir os livros de Lúcio Costa, dê uma olhada em nossa lista com os melhores livros para arquitetos, com dicas de obras, carreira e muito mais!

Principais obras do arquiteto Lúcio Costa

Lúcio Costa se notabilizou internacionalmente pelo planejamento urbanístico de Brasília, mas suas lista de projetos é bem extensa, dentre os quais podemos destacar:

Lúcio Costa: Castelo de Itaipava

Lúcio Costa: Palácio Gustavo Capanema

Lúcio Costa: Palácio Gustavo Capanema – interior com Pilotis

Lúcio Costa: Museu de São Miguel das Missões

Lúcio Costa: croqui do Museu de São Miguel das Missões

Lúcio Costa: Pavilhão Brasileiro

Lúcio Costa: pavilhão brasileiro de Nova York – jardim

Lúcio Costa: Pavilhão Brasileiro de Nova York – interior

Lúcio Costa: Residência Hungria Machado

Lúcio Costa: Casa Barão de Saavedra

Lúcio Costa: Park Hotel São Clemente

Lúcio Costa: Park Hotel São Clemente

Lúcio Costa: Parque Guinle

Lúcio Costa: Parque Eduardo Guinle – Lateral

Lúcio Costa: Casa do Brasil

Lúcio Costa: Jockey Club

Lúcio Costa: Croqui da sede do Jockey Club – Rio de Janeiro

Lúcio Costa: Plano Piloto de Brasília

Lúcio Costa: croqui de tráfego e cruzamentos de Brasília

Lúcio Costa: plano piloto Barra da Tijuca

Lúcio Costa: Torre de TV de Brasília e fonte

Lúcio Costa: torre de TV de Brasília – Fachada

Com certeza, Lúcio Costa foi um arquiteto de visão, enxergou na arquitetura moderna um avanço que não poderia ser deixado de lado no Brasil e lutou por isso, abandonando um início de carreira em que predominava o estilo neoclássico.

Talvez essa maneira de ser se traduza perfeitamente nesta frase, de sua autoria:

O conceito de beleza, em arte principalmente, não é absoluto, mas relativo: ele varia não só de uma época para outra época, como de um povo para outro povo e mesmo, numa determinada época e num determinado povo, de um artista para outro artista.

– Lúcio Costa

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