Não é à toa que o Estilo Internacional, ou International Style, como normalmente é chamado, está relacionado à arquitetura moderna.
Batizado na primeira exposição de arquitetura moderna no MOMA NY em 1932, o conceito em questão nasceu juntamente com a publicação do livro The International Style: Architecture since 1922, escrito pelos arquitetos Henry-Russel Hitchcock e Philip Johnson.
O Getty Research Institute define o International Style como o “estilo arquitetônico que emergiu na Holanda, França e Alemanha após a Primeira Guerra Mundial e se espalhou por todo o mundo, tornando-se o estilo arquitetônico dominante até a década de 1970”.
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Entendendo o cenário do International Style
Como você já sabe, o conceito de International Style foi criado em 1932, ano que (coincidentemente) antecedeu o fechamento dos 14 anos de Bauhaus.
Nessa mesma época, quem dominava o resto da Europa era o Art Déco que, com seus detalhes pomposos, preencheu países como Portugal, França e, posteriormente, Estados Unidos.
Foi aí que começou o modernismo.
Agora você deve estar se perguntando: onde é que o International Style se encaixa?
É simples: um dos princípios básicos do modernismo é a rejeição de tudo o que poderia fazer menção aos outros estilos. O importante, aqui, é “esquecer” arquitetura anterior ao movimento.
Logo, “produzir uma arquitetura sem ornamentos” é o ponto de partida para tudo o que está por vir. Além disso, é neste cenário que a ideia de industrialização ganha força. E também a de design.
O uso do vidro e do aço está em ascensão.
Um exemplo de obra famosa que representa o International Style é o Seagram Building, de Mies Van der Rohe.
Um arquiteto moderno, então, seria aquele profissional responsável por entregar construções que unem perfeitamente economia, funcionalidade, limpeza e, é claro, design. Afinal, menos é mais!
O International Style nada mais é do que essa vertente na Europa.
Estilo internacional: características
Já deu para sentir um pouco do que vem por aí, não é?
No International Style, o abstrato, o geométrico e o mínimo ganharam força.
Lembra que os ornamentos deveriam ser extintos? É isso mesmo. Aqui quem protagoniza são as texturas superficiais e as formas abstratas.
E por falar em ornamentação, saiba que a perfeição técnica entrou em seu lugar.
Os espaços amplos, definidos por planos levemente demarcados, também têm sua vez, assim como o contato com o ambiente externo.
Começaram a nascer as construções sobre pilotis, aquelas suspensas, os terraços-jardim e as fachadas livres de estruturas. Aqui, os pilares são projetados dentro da construção, abolindo qualquer tipo de ornamentação.
Além disso, as janelas em fita, de um ponto a outro da fachada, valorizam a iluminação solar.
A regularidade é vista em fachadas e ambientes que antes eram regidos pela simetria.
A flexibilidade na planta e o cuidado nas proporções também são pontos bem especiais. Isso porque ele justamente nasceu do incômodo dos arquitetos da época em relação à industrialização acelerada, e traz superfícies mais planas e alternadas com áreas de vidro.
8 características do International Style
- Formas abstratas e geométricas
- Ambientes amplos
- Janelas em fita
- Pilotis
- Terraços-jardim
- Planta flexível
- Uso do aço e do vidro
- Predominância do branco
Mies Van der Rohe e o International Style
Se existe um arquiteto que é sinônimo do International Style, ele com certeza foi Mies Van der Rohe.
Sob o preceito de “less is more” (menos é mais), Mies Van der Rohe deixou como marca uma arquitetura que preza pela clareza e a aparência de ser simples.
É que para ele, os espaços arquitetônicos tinham que seguir as necessidades impostas pelo ambiente onde estavam sendo projetados.
Em seus projetos, grandes referências da era industrial, como o aço e o vidro tomavam conta do ambiente na medida certa.
Professor da Bauhaus, escola que precedeu o movimento, deixou como legado verdadeiros ícones da arquitetura, como o Pavilhão Alemão na Feira Mundial de Barcelona e a casa Farnsworth, dois grandes exemplos do International Style.
Pavilhão Alemão na Feira Mundial de Barcelona
Uma das obras arquitetônicas mais significativas da história, o Pavilhão Alemão também é um dos maiores exemplares do International Style.
Construído para a Feira Mundial de 1929, em Barcelona, era um espaço para a recepção de pessoas do alto escalão, como o rei e a rainha, enquanto o governo Weimar já possuía outro local para exposições reais.
O espaço é tão importante que, mesmo demolido após a feira, foi reconstruído na década de 80, sob os planos originais, inclusive no mesmo local.
Ele constitui a afirmação mais simples sobre o que Mies Van der Rohe acreditava ser o conjunto de requisitos mínimos para definir o espaço: “um punhado de colunas elevadas sobre uma plataforma justapostas com planos de parede opacos e transparentes assimetricamente dispostos, sustentando um telhado plano”.
E ainda sob a ótica “menos é mais”, vale ressaltar o contraponto entre o minimalismo da horizontalidade e a plataforma de Travertino, pedra comum em monumentos clássicos, assim como nos templos gregos.
Para completar, suas colunas de aço crucifixo são cromadas e as paredes de ônix coloridas expõe o padrão de diamante.
Vale lembrar que foi neste pavilhão que nasceu a poltrona Barcelona, símbolo de ergonomia e ícone do movimento moderno.
Outros precursores do International Style
Le Corbusier
Grande talento do século XX, Le Corbusier era famoso por suas formas e estruturas claras, que correspondiam à arquitetura e design.
Além disso, preferia desenhar a falar e também era pintor e escultor.
Foi o autor da seguinte citação: “você utiliza pedra, madeira e concreto, e com esses materiais constrói casas e palácios. Isso é construção. A engenhosidade está em ação”.
Entre suas contribuições para o International Style destacam-se a Villa Stein, a Penthouse de Carlos de Beistegui e a Villa Savoye, todas na França.
Finalizada em 1931 e construída inteiramente a partir de aço, concreto e vidro, a Villa Savoye foi uma das últimas obras de Le Corbusier.
Projetada em meados dos anos 20, ela traz várias inspirações nos meios de transporte que preenchiam o seu olhar. Não é à toa que seu arquiteto a nomeou como “máquina para viver”.
Em sua base, os pilotis são colocados em uma grade quase perfeita, oferecendo ao arquiteto uma liberdade quase completa nos projetos de planta baixa e fachadas.
Já o segundo andar, que é o espaço principal, é caracterizado pelas janelas de fita, proporcionando uma vista quase panorâmica da paisagem. Nela, a natureza e a “máquina” vivem em perfeita harmonia.
O terraço no telhado surge como a cereja do bolo. Ele possui uma parede escultural com formas que parecem chaminés de um transatlântico. Seria uma verdadeira embarcação em meio ao gramado vibrante?
Walter Gropius
Walter Gropius foi o arquiteto alemão fundador da Bauhaus. Confira algumas de suas obras que influenciaram no International Style:
Influência do International Style no Brasil
A cartilha do Estilo Internacional demorou para chegar ao Brasil, e talvez seja por isso que poucas construções o sigam à risca.
Para se ter ideia, ela só chegou aqui nos anos 60, 10 anos após já ser implantada a ideia do brutalismo e do expressionismo mega-estrutural.
Só para você ter uma ideia, um dos maiores exemplos do estilo no Brasil é o Edifício Avenida Central, no Rio de Janeiro.
Finalizado em 1961, ele foi projetado por Henrique Mindlin e foi uma verdadeira revolução ao implementar a estrutura metálica no Brasil.
Projetos do Estilo Internacional de Arquitetura no Brasil
- Edifício Seguradora Brasileira, de Rino Levi
- Edifício Conde Prates, de Giancarlo Palanti
- Edifício Itália, de Franz Heep
E aí, qual é a sua obra favorita de International Style? Compartilha com a gente nos comentários!
*Texto por Maria Luisa Issa Koester