Para alguém nascido em 1929, não há como negar: Frank Gehry tem um espírito inovador, quase combativo, que alguns classificam como starchitect, isto é: o arquiteto que curte ser celebridade e se aproveita da fama.
Para esses críticos, um dedo do meio levantado e uma frase que, segundo o próprio, ele nunca pronunciou é a prova disso: “98% de tudo que é projetado hoje é pura m#rd@”.
Frank Gehry defende que sua frase foi: “98% de tudo que é edificado e construído hoje é pura m#rd@”, se referindo ao entorno e ao contexto das obras, como um todo, e não a grandes projetos de arquitetura, unicamente.
Conheça agora mais da trajetória e da obra deste grande nome da arquitetura contemporânea, Frank Gehry.
Frank Gehry: muito além do Guggenheim em Bilbao
Responsável pelo impulso na economia da cidade de Bilbao, o Museu de Guggenheim foi construído na área portuária da cidade como parte de um plano de modernização da área industrial.
Suas curvas icônicas moldadas em titânio o transformaram em um dos mais famosos e cultuados edifícios do mundo.
Motivo de orgulho para Frank Gehry, seu autor? Sim, claro! Mas, por outro lado, ele mesmo reconhece que foi todo esse alarde sobre Bilbao que gerou essa fama de “estrela”, além de eclipsar tudo mais de incrível que fez em sua carreira, que vamos conhecer melhor agora.
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Frank Gehry: biografia
Ephraim Owen Goldberg, que posteriormente mudou seu nome para Frank Owen Gehry, nasceu em Toronto, no Canadá, e migrou para Los Angeles em 1947, estudando arquitetura na faculdade do Sul da Califórnia e, mais tarde, Urbanismo, em Harvard.
De acordo com Frank Gehry, o gene criativo já estava na família. Quando criança, foi muito incentivado por sua avó, Leah Caplan. Juntos eles criavam cidades imaginárias com pedaços de madeira no chão da sala.
Frank Gehry também passou várias tardes brincando com os restos de materiais da loja de hardware do seu avô, enquanto sua mãe o introduziu à arte. Dá para perceber a influência de seu avô em sua escolha de materiais.
Sua carreira passou por alguns escritórios de arquitetura, inclusive em Paris, até que em 62 fundou o seu próprio.
Mas o grande impulso veio mesmo quase 10 anos depois. Entre 69 e 73, cadeiras e outros móveis de design chamados de Easy Edge, feitos de papelão ondulado reforçado, geraram os recursos, ou ao menos a fama suficiente (tem peças no MoMA) que Frank Gehry precisava para se tornar um arquiteto independente.
Depois disso, Frank Gehry resolveu interromper sua venda para que não ficasse conhecido como designer de móveis, em vez de arquiteto.
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Frank Gehry acabou desenvolvendo, ao longo dos anos de 1970 e 80, uma grande identidade com a cidade de Los Angeles e seus arredores, inicialmente construindo uma série de casas residenciais. Entre elas a sua residência no badalado Santa Mônica, que vamos tratar em um tópico separado, e posteriormente diversos grandes edifícios.
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Nesse período, se destacam algumas de suas obras públicas mais famosas na cidade, que acabariam consolidando sua participação de destaque como um dos idealizadores do movimento arquitetônico chamado Desconstrutivismo.
A Arquitetura Desconstrutivista é um movimento arquitetônico pós-moderno que se caracteriza pela fragmentação, por um projeto não linear que foge das convenções ao deslocar elementos como o piso, paredes e tetos de seus “lugares”, formando um caos harmonioso, imprevisível e envolvente.
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As obras de Frank Gehry e a arquitetura desconstrutivista
As obras de Frank Gehry marcaram a arquitetura desconstrutivista no século XX. Assim surgem, inspiradas nessa temática, obras como o Cabrillo Marine Aquarium, o Museu Aeroespacial da Califórnia, e o Museu da Ciência e da Indústria.
Após ser agraciado com um dos mais famosos prêmios da arquitetura, o Pritzker, em 1989, Frank Gehry realiza mais uma série de obras, agora espalhadas pelo mundo, como o Chiat/Day Building, em Venice; o Vitra International Furniture Manufacturing Facility and Design Museum, na Alemanha; O Museu de Arte Frederick Weisman, em Minnesota; a Cinemateca Francesa, em Paris; e a famosa Dancing House, em Praga.
É então que acontece o já mencionado sucesso com o projeto do Museu Guggenheim, em Bilbao, o que trouxe ainda mais notoriedade (e projetos) para Frank Gehry.
E, nesta lista de obras, não poderíamos deixar de citar um de seus mais reconhecidos trabalhos:
- Gehry Tower, em Hanover, na Alemanha (2001);
- Walt Disney Concert Hall, com suas curvas brilhantes e ângulos afiados que adornam magnificamente o centro de Los Angeles (2003);
- Jay Pritzer Pavilion (2004), em Chicago;
- MARTa Herford, em Herford – Alemanha (2005)
- Hotel Marqués de Riscal em Elciego, na Espanha (2006);
- New World Center, em Miami;
Uma vertente do trabalho de Frank Gehry para a qual ele se tornou muito requisitado são as instalações e prédios acadêmicos e culturais, dentre os quais podemos destacar:
- O Museu da Cultura Pop – Seattle (2000);
- Weatherhead School of Management, em Cleveland (2002);
- Stata Center – MIT (2004);
- Biblioteca Peter B. Lewis – Universidade de Princeton (2008);
- Edifício Dr. Chau Chak Wing – Universidade de Tecnologia de Sydney (2014);
- Biomuseo – Panamá (2014);
- Fundação Louis Vuitton – Paris (2014);
Para um desavisado que lê esta lista, é importante frisar que a arquitetura de Frank Gehry vai muito além de museus e outros edifícios do gênero.
Umas de suas obras mais admiradas em Nova Iorque, por exemplo, é um edifício residencial, o Breekman Tower, um gigantesco arranha-céu localizado na 8 Sprice Street e que se caracteriza pelas famosas curvas de Frank Gehry.
Casa Frank Gehry
A casa de Frank Gehry, onde o próprio arquiteto ainda mora, merece um destaque especial.
A residência, localizada na Califórnia, foi construída sobre a estrutura original da casa comprada por Frank Gehry e sua esposa.
Uma mistura de antigo e novo, com estruturas sobrepostas de uma forma totalmente única.
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Frank Gehry: Um arquiteto inovador
Listar todas as obras de Frank Gehry demandaria um esforço que pouco acrescentaria ao nosso relato.
Mas vale lembrar, por exemplo, que Frank Gehry também é urbanista, formado em Harvard, e recebeu em 2014 a incumbência de coordenar a revitalização do Rio Los Angeles, que corta sua cidade, a pedido de uma organização não-governamental.
Hoje (já faz alguns anos, na verdade), ele e sua equipe criaram um software SaaS (isto é, disponibilizado como um serviço por assinatura e acessível online), o GTEam, que se integra com ferramentas tradicionais da arquitetura, como Archicad ou Revit, Autocad e SketchUp, para ajudar os profissionais da área a criar projetos diferenciados como os dele.
Aliás, até um curso online ele está disponibilizando.
Polêmico como suas curvas, a verdade é que Frank Gehry é um dos poucos arquitetos de sua geração que soube se reinventar ao longo do tempo, como seu software e seu curso online comprovam.
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- Paulo Mendes da Rocha: o arquiteto “geográfico”
- Frank Lloyd Wright e a arquitetura que não fere a paisagem
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E talvez essa sua maneira de ser sempre atual fique bem demonstrada em uma de suas frases mais famosas, que escolhemos para encerrar nosso texto:
A arquitetura deve falar de seu tempo e do seu lugar, mas anseia por se atemporal
Frank Gehry realmente sabia como fazer um trabalho bem feito.
Mas além de fazer um bom trabalho, saber como divulgá-lo é fundamental. Gostaria de se aprofundar mais nesse assunto? Conheça o Ciclo do Encantamento, um material desenvolvido especialmente para arquitetos e designers de interiores que querem atrair mais clientes:
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