Francis Kéré é o grande vencedor do Prêmio Pritzker 2022, considerado o Oscar da Arquitetura. Sua vitória merece uma comemoração especial: é a primeira vez que um arquiteto negro ganha a premiação. Vamos aproveitar para conhecer mais sobre a sua história e projetos incríveis?
Diébédo Francis Kéré é o primeiro filho de uma família muito pobre. Ele nasceu em Gando, uma aldeia com cerca de três mil habitantes, localizada em Burkina Faso. Lá, a maioria das pessoas vive em cabanas feitas de lama, com telhados de lata ou palha. A falta de educação, a baixa renda e a pouca expectativa de vida são só alguns dos problemas mais graves existentes na região.
Quem diria que desse cenário, tão desfavorável, brotasse um dos maiores gênios da arquitetura! Francis Kéré tem uma história de vida que até parece conto de fadas, mas, na verdade, é fruto de muito esforço e boa vontade.
Atualmente, ele é um dos profissionais que realiza trabalhos de mais alta qualidade arquitetônica no mercado. Hoje, Francis Kéré é um arquiteto que se dedica a criar propostas que melhoram as condições de vida das pessoas em comunidades pobres da África.
Ele não só criou belos edifícios como propostas sustentáveis e visionárias que contribuem, realmente, para a melhoria das condições de vida das pessoas. Seu foco principal é tratar de questões relevantes, como pobreza e mudanças climáticas – sem jamais se esquecer do seu país.
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A trajetória do arquiteto Francis Kéré
Francis Kéré já apresentava interesse pela construção civil desde criança, quando auxiliava seu tio em um negócio de desmonte de edifícios.
Nos anos 2000, ele recebeu uma bolsa de estudos da Carl Duisberg Society. Estudou na Universidade Técnica de Berlim, onde se formou, no ano de 2004, em arquitetura.
Em 2005, Francis Kéré conseguiu fundar sua empresa, a Kéré Architecture, com sede em Berlim.
Ainda quando estudante, ele sentiu que era sua obrigação ajudar comunidades mais pobres. Assim surgiu, em 1998, a ideia de criar a associação Schulbausteine für Gando.
Com isso, foram levantados fundos para a construção da primeira escola primária para a aldeia de Ganbo. Esse projeto fez Francis Kéré receber o prêmio internacional Aga Khan, em 2004 – algo destinado a reconhecer obras islâmicas, sobretudo com conotação social.
Depois disso, Francis Kéré teve seu trabalho premiado inúmeras vezes.
Conheça os prêmios mais relevantes de Francis Kéré:
- Global de Arquitetura Sustentável, em 2009;
- BSI Swiss Architectural Award, em 2010;
- Schelling Architecture Award, em 2014.
- Prêmio Pritzker, em 2022
Em 2017, foi convidado a projetar um pavilhão para a prestigiada Serpentine Gallery, em Londres.
Além disso, Francis Kéré leciona na Universidade de Harvard e na Associação Schulbausteine für Gando.
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Características marcantes dos projetos de Francis Kéré
Uma expressão que poderia definir o trabalho de Francis Kéré é “engajamento social”.
O arquiteto tem buscado desenvolver uma forte parceria com as comunidades para as quais constrói. Ele sempre demonstra uma sensibilidade especial ao local, às condições, sociais, econômicas e climáticas.
O envolvimento das pessoas lhe ensina o modo certo de fazer a arquitetura. E nas artes, sua inspiração tem sido os trabalhos de Mies van der Rohe e Louis Khan.
Minha experiência de crescer em uma aldeia remota do deserto incutiu uma forte consciência das implicações sociais, sustentáveis e culturais do design. Acredito que a arquitetura tem o poder de surpreender, unir e inspirar, ao mesmo tempo em que intermedeia aspectos importantes como a comunidade, a ecologia e a economia
– Francis Kéré, em reportagem de Casa Vogue.
Projetar é um ato social e deve ser concretizado segundo o princípio mais com menos
– Francis Kéré, no Fórum do Futuro, em Porto, Portugal.
Observar a natureza, analisar o comportamento dos recursos naturais e explorar novos usos para os materiais tradicionais é traço fundamental da arquitetura de Kéré.
O resultado é um trabalho tão simples quanto esteticamente perfeito. Vê-se muito o emprego de velhas técnicas, como a construção de tijolos, só que de um jeito inovador. Não faria sentido propor soluções industrializadas em locais onde quase não se tem eletricidade, por exemplo.
Francis Kéré quer desenvolver formas de construção – principalmente mais econômicas – que funcionem melhor em países como o seu.
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Francis Kéré: obra em destaque
Francis Kéré criou projetos para países do mundo todo, como Mali, Iêmen e China, muitos deles premiados.
Durante anos, sua atenção esteve voltada para a África, e em como criar edifícios mais verdes, que pudessem mudar a paisagem arquitetônica desse continente.
Há pouco tempo, ele trabalhou com um projeto ainda mais especial. Tratou-se de um pavilhão temporário para a Serpentine Gallery, no parque Kesington Gardens, em Londres.
Como foi o projeto de Francis Kéré para a Serpentine Gallery
O prédio projetado por Francis Kéré para a galeria londrina possui um design que lembra muito uma grande árvore de Gando.
Sua estrutura é composta por paredes curvas sob um telhado em aço, madeira e policarbonato.
O óculo central serve para captar a água da chuva, simbolizando a vida humana. Já o azul índigo, da base, remete às padronagens dos tecidos e ao tom de cor muito utilizado pelos africanos em ocasiões especiais.
O conceito foi simples. Eu me inspirei na folha de uma árvore na paisagem.
(…) de forma inocente, nós queríamos continuar conectados com a natureza. Quando você entrar no pavilhão, você verá as árvores, você entrará nesse vácuo e você terá a conexão com o céu
– Francis Kéré, em reportagem de Casa Claudia.
Como você viu, graças a muito estudo e capacitação Francis Kéré se tornou um dos mais renomados arquitetos da atualidade.
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