A Estação da Luz, localizada na cidade de São Paulo, chama a atenção pela sua arquitetura que lembra grandes obras inglesas.
A semelhança não é coincidência, já que o arquiteto responsável pelo projeto foi um britânico. Além disso, todos os materiais usados na obra da Estação da Luz foram trazidos da Inglaterra.
O que muita gente não sabe é que o famoso prédio que conhecemos hoje não foi a primeira Estação da Luz.
Quer saber mais sobre essa história? No post de hoje, vamos contar a história dessa icônica obra paulistana. Acompanhe!
Estação da Luz: História
A Estação da Luz foi aberta ao público no dia 1º de março de 1901.
Para contar sua história, precisamos voltar no ano de 1867, na inauguração da primeira ferrovia construída na cidade, a São Paulo Railway Company (SPR).
Financiada com capital inglês, a ferrovia com 159 km ligava o município de Santos ao de Jundiaí, tendo como ponto de passagem a cidade de São Paulo.
Ela também cruzava os municípios de Cubatão, Santo André (Paranapiacaba), Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Mauá e São Caetano do Sul.
Diante desse contexto, a cidade de São Paulo precisava de uma estação que fizesse uma conexão entre às fazendas de café paulistas e o Porto de Santos. É aí que surge o projeto da Estação da Luz.
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Mas a primeira Estação da Luz não ficava situada no mesmo local que está hoje. De acordo com registro da época, ela ficava um pouco além da atual avenida Prestes Maia, em um terreno situado próximo ao endereço atual.
Alguns anos depois, mais precisamente em 1888, o prédio da Estação da Luz foi derrubado e outro maior foi feito em outro local, dessa vez entre as atuais ruas Florêncio de Abreu e avenida Cásper Líbero.
O objetivo era atender à demanda cada vez maior de passageiros e mercadorias que embarcavam e desembarcavam na Estação da Luz.
Já em 1900, foi feita a terceira Estação da Luz, localizada no mesmo endereço até hoje. Não houve inauguração da nova unidade, pois o tráfego de pessoas foi sendo transferido aos poucos.
Nesse período, todas as personalidades ilustres que iam à São Paulo eram obrigadas a desembarcar na Estação da Luz. Empresários, intelectuais, políticos e até mesmo reis eram recepcionados em seu saguão e se despediam lá.
A Estação da Luz também foi a porta de entrada para os imigrantes, que trouxeram o crescimento para a região do Bom Retiro.
Mas a partir dos anos 40, o transporte ferroviário começou a perder força para outros meios de transporte que despontavam, como avião, ônibus e carro.
Diante desse contexto, o bairro da Luz e a estação começaram a se degradar, perdendo seu status.
Em 1947, a Estação da Luz foi nacionalizada com o nome de Estrada de Ferro Santos-Jundiaí (EFSJ)
Mesmo com a degradação, em 1982 a Estação da Luz foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico (Condephaat), comprovando sua importância para a arquitetura da cidade.
Nas décadas de 1990 e 2000, a Estação da Luz passou por uma série de reformas. Uma delas foi projetada por Paulo Mendes da Rocha e seu filho Pedro Mendes da Rocha.
O objetivo principal foi adaptá-la para receber o Museu da Língua Portuguesa.
Paulo Mendes da Rocha também é o responsável pela reforma da Pinacoteca de São Paulo, localizada em frente à Estação da Luz.
Com mais de 150 anos de história, a Estação da Luz é a segunda mais movimentada da rede metroviária de São Paulo, perdendo apenas para o Brás.
Trata-se de umas das principais estações de transferência da cidade, recebendo cerca de 147 mil passageiros por dia.
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A exuberante arquitetura da Estação da Luz
Agora que você conhece a história da Estação da Luz, vamos falar sobre sua arquitetura, uma das mais belas do centro de São Paulo.
A obra ocupa 7,5 mil m² do Jardim da Luz e encanta a todos que passam pela região.
Conforme explicamos no começo do texto, a Estação da Luz chegou a ter dois endereços antes de ser transferida para o local que conhecemos hoje.
Sua primeira edificação era muito simples, constituída de um pequeno bloco com um pavimento que ficava localizado na lateral da linha do trem.
Junto à Estação da Luz ficavam uma série de pequenas edificações que abrigavam os escritórios da administração e da engenharia da Companhia de Trem.
Com o crescimento do número de passageiros que usavam a linha para se transportar entre as cidades, houve a necessidade de aumentar a plataforma da Estação da Luz.
Ela passou a contar com dois pavimentos, com linhas neoclássicas, cobertura em ferro na entrada da edificação e nas plataformas, sendo construída sobre a estação anterior.
Foi só no final do século XIX que começou a construção da Estação da Luz como a conhecemos hoje.
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O projeto da Estação da Luz, de estilo eclético, é atribuído ao arquiteto britânico Charles Henry Driver. Ele era considerado especialista em estações ferroviárias.
Todo o material utilizado na construção foi exportado exclusivamente da Inglaterra, desde os pregos até a estrutura de aço usada na cobertura.
A Estação da Luz é composta por dois blocos distintos. O primeiro é uma ampla edificação com o famoso relógio que lembra o Big Ben de Londres.
Com dois pavimentos, esse bloco da Estação da Luz também abrigava os escritórios da superintendência, engenharia e contadoria.
Ele é construído essencialmente com alvenaria de tijolos, mansardas (janelas dispostas sobre o telhado) e torreões.
O segundo bloco da Estação da Luz é formado por uma ampla gare envidraçada com 40 metros de vão, 150 metros de comprimento e 25 metros de altura que cobria seis linhas da estrada de ferro, rebaixadas em relação ao nível das ruas laterais à estação.
As duas torres paralelas e quadradas no estilo gótico foram inspiradas na Abadia de Westminster, localizada em Londres.
Em 2006, foi inaugurado na Estação da Luz o Museu da Língua Portuguesa. O projeto é de Paulo Mendes da Rocha e seu filho, Pedro Mendes da Rocha.
A obra devolveu o status de ponto turístico para a Estação da Luz, tornando a região um espaço de cultura e lazer.
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Confira nosso vídeo especial sobre a Estação da Luz
Descubra 7 curiosidades sobre a Estação da Luz
1. Viagem inaugural acabou em tragédia
A Estação da Luz teve sua inauguração marcada para 1865, mas um acidente mudou os planos.
Durante a primeira viagem rumo a São Paulo, o trem descarrilou e o maquinista morreu. Vários passageiros ficaram feridos, incluindo o Barão de Itapetininga, um dos mais importantes empresários paulistas da época.
Diante do fato, a Estação da Luz só foi inaugurada oficialmente dois anos depois.
2. A Estação da Luz é considerada um marco histórico
A Estação da Luz é considerada um marco histórico, já que o próprio edifício abriga o Museu da Língua Portuguesa. Nas proximidades da Estação da Luz ainda é possível encontrar a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Jardim da Luz e a Sala São Paulo, na Estação Júlio Prestes.
3. Projetada por um arquiteto britânico
A parada da Estação da Luz que conhecemos hoje foi construída entre os anos de 1895 e 1901 projetada pelo arquiteto britânico Charles Henry Driver.
4. A Estação da Luz já completou 120 anos
Em 1º de março de 2021, a Estação da Luz completou 120 anos.
5. Ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro
Por muitos anos a Estação da Luz foi a estação inicial e terminal do Trem Santa Cruz, responsável por ligar a capital paulista com o Rio de Janeiro, indo da Estação da Luz à Estação Central do Brasil, na capital fluminense.
6. Os incêndios na Estação da Luz
Em 2015, a Estação da Luz sofreu um incêndio que destruiu o Museu da Língua Portuguesa. Mas essa não foi o único.
Em 1946, quando chegava ao fim a concessão da linha aos ingleses, a Estação da Luz sofreu seu primeiro incêndio.
Durante o processo de reforma, foi incluído mais um pavimento em uma das alas do edifício principal.
7. Saguão restaurado
Como parte da reforma do Museu da Língua Portuguesa, o saguão da Estação da Luz também foi restaurado em novembro de 2019.
Entre as mudanças estão:
- a recuperação completa das argamassas pigmentadas que recobrem as paredes, colunas e ornamentos
- a limpeza do lustre central
- serviços de conservação do piso feito em granilite, material que era considerado nobre na década de 50 e depois se popularizou.
A Estação da Luz é só um exemplo dos pontos turísticos que todo arquiteto amaria conhecer em São Paulo. Veja outras obras icônicas:
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