O design biofílico é uma forma inovadora de reconectar o ser humano com a natureza em ambientes construídos, de forma a melhorar nossa saúde e bem-estar.
Desta forma, os projetos de arquitetura são pensados com base no conceito da sustentabilidade, seja incluindo sistemas específicos de reaproveitamento de água da chuva, uso de placas solares, cultivo de jardins verticais, dentre outras ações.
A criação de espaços com design biofílico, por sua vez, favorece a construção de locais mais saudáveis e produtivos para a sociedade contemporânea, já que estar presente nesses ambientes melhora o desempenho e bem-estar físico e mental das pessoas. Ainda ficou com dúvidas sobre o assunto? Veja com mais detalhes o que é, quais os benefícios e como aplicar o design biofílico no seu projeto arquitetônico.
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O que é design biofílico?
A palavra “biofílico” vem de “biofilia” que significa, literalmente, “amor à vida”. Isso porque, a palavra biofilia vem do grego bios = vida e philia = amizade ou amor, ou seja, amor à vida.
O termo foi cunhado por Erich Fromm, psicólogo e filósofo, em 1964, e difundido pelo biólogo Edward O. Wilson em 1984, ao lançar o livro com o nome de Biofilia. A obra em questão explicava a relação e a afinidade inata dos seres humanos com o mundo natural e a sua grandiosa conexão.
No entanto, apesar do uso do termo design biofílico ser relativamente novo, saiba que o uso de elementos da natureza em ambientes construídos não é nenhuma novidade. Afinal, em diferentes partes do mundo e, por milênios, foi possível identificar vestígios de vegetação e motivos de fauna e flora representados na arquitetura. Há exemplo dos famosos jardins suspensos da Babilônia, considerada uma das sete maravilhas do mundo antigo.
Com a chegada da revolução industrial essa tendência que consiste no design biofílico praticamente desapareceu, uma vez que as construções e edifícios eram projetados com o objetivo de afirmar a dominação do homem sobre a natureza.
Os anos passaram e as pessoas foram vendo as consequências desastrosas disso. Dessa maneira, os próprios profissionais de arquitetura, design de interiores e a própria sociedade como um todo passou a ficar mais desperta sobre a importância de morar em espaços que prezam pelo design biofílico e que proporcionem essa reconexão com a natureza.
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Quais os benefícios de aplicar o design biofílico?
A aplicação do design biofílico nos espaços construídos pode trazer inúmeros benefícios para a sociedade. Dentre elas podemos destacar:
- Aumenta o bem-estar físico e mental das pessoas que usam o espaço;
- Ajuda a reduzir os níveis de estresse, a pressão arterial e as frequências cardíacas;
- Estimula a criatividade e a empatia;
- Ajuda os alunos a se concentrarem mais em ambientes educacionais;
- Aumenta a produtividade em ambientes escolares, universitários e corporativos;
- Na arquitetura hospitalar a aplicação do design biofílico favorece a recuperação dos pacientes.
A OMS – Organização Mundial da Saúde já reconheceu o estresse, uma doença que atinge mais de 90% da população do mundo. Por isso, a aplicação do design biofílico é muito importante não somente nos espaços pessoais como casas e apartamentos residenciais, mas também em áreas produtivas, como escolas, universidades, escritórios e outros ambientes de trabalho.
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Como aplicar o design biofílico nos projetos de arquitetura?
A aplicabilidade do design biofílico no projeto pode ser feita de diversas maneiras. Não é por menos que existem diversos modelos de curso design biolífico no Brasil e no exterior que auxiliam os profissionais na criação de diversos projetos.
Stephen Kellert, considerado um dos precursores do design biofílico, definiu seis elementos e mais de setenta atributos com o objetivo de explicar as diversas formas de incluir experiências biofílicas em um ambiente. Os seis elementos do design biofílico e parte dos seus atributos você confere abaixo:
- Elementos ambientais: água, ar, ventilação natural, plantas, animais, fogo, geologia e paisagem, etc.
- Formas naturais: arcos, abóbadas e cúpulas, padrões botânicos, conchas e espirais, geomorfologia, etc.
- Processos + Padrões Naturais: tonalidades padronizadas, espaços delimitados, espaços de transição, fractais, etc.
- Luz + Espaço: luz natural, luz e sombra, luz filtrada e difusa, luz quente, luz como forma, espelhos d´água, etc.
- Relação com o local: conexão histórica com o local, conexão ecológica com o local, conexão cultural com o local, ecologia da paisagem, etc.
- Relação humana com a natureza: segurança e proteção, afeto e apego, atração e beleza, etc.
No entanto, em 2017, com a finalidade de simplificar os elementos e atributos mencionados acima, Stephen Kellert junto com a arquiteta Elizabeth F. Calabrese, estabeleceram 3 pilares do design biofílico, sendo eles:
- Experiência direta com a natureza: água, luz, fogo, ar, plantas, animais, paisagens naturais e ecossistemas, clima e materiais naturais.
- Experiência indireta com a natureza: materiais naturais, imagens da natureza, cores naturais, simulação natural de luz e ar, formas naturais, evocando a natureza, riqueza de informação, idade mudança e detonação do tempo, geometrias naturais e biomimética.
- Experiência de espaço e lugar: complexidade organizada, idade, mudança e detonação, prospecção e refúgio, espaços de transição, vínculos culturais e ecológicos com o local e mobilidade de orientação.
Com base nos pilares do design biofílico, separamos abaixo alguns exemplos práticos de como aplicar o design biofílico no seu projeto.
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Promover a melhor qualidade do ar na construção
Uma das estratégias de design biofílico para garantir a qualidade do ar na construção de um projeto é pensar na posição do sol. Além disso, priorize a instalação de janelas amplas, portas de correr e faça uso dos famosos cobogós e muxarabi.
A ventilação cruzada também é um mecanismo utilizado no design biofílico que aproveita ao máximo o recurso natural que é o vento, de maneira que haja a entrada e saída de ar constante, mantendo o espaço sempre fresco. Logo, para que ocorra a ventilação natural cruzada em um ambiente é preciso que existam ao menos duas aberturas em paredes opostas ou adjacentes na arquitetura (portas, janelas…), pois isso irá permitir a movimentação do ar pelo ambiente.
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Favoreça a entrada de luz natural
O design biofílico também preza pela entrada de luz natural nos projetos construtivos, pois ele traz um enorme bem-estar aos ocupantes do imóvel. Mas, saiba que equilíbrio é tudo neste caso. Isso porque, enquanto a falta dela pode resultar em espaços inadequadamente iluminados, o excesso de luz pode resultar em um brilho desconfortável.
Instalação de janelas amplas, cobogós, muxarabi, portas de correr, construção de uma coluna de luz ou montagem de um jardim de inverno e uso de tijolos de vidro são algumas das opções usadas pelo design biofílico que favorecem a entrada de luz natural no ambiente.
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Incentive a construção de paredes e telhados verdes
A construção de paredes e telhados verdes também é muito usado no design biofílico. E essas estruturas além de agregarem valor na decoração do imóvel também trazem bem-estar para os usuários, conforto térmico, conforto acústico e ajudam a melhorar a qualidade de ar.
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Estruture espaços de descanso
Para melhorar a produtividade, o descanso é tão importante quanto o esforço. Por isso, ao colocar em prática o design biofílico no seu projeto não deixe de incluir um espaço de descompressão, principalmente em se tratando de escritório e demais áreas de trabalho.
Não é a toa que um dos 14 Patternes of Biophilic Design (14 Padrões do Design Biofílico), é o chamado “abrigo”, que fala justamente da criação de um espaço para descanso e cura, ao qual permite que as pessoas recuperem suas energias e voltem para suas funções mais otimistas.
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