Museus são importantes espaços das cidades que, além da relevante função cultural e educativa, estimulam o encontro e o convívio entre as pessoas. Um passeio em um museu pode ser uma experiência inesquecível, independente da faixa etária ou grau de instrução do seu visitante.
Porém, para que essa experiência seja completamente agradável e prazerosa, o espaço do museu precisa contar com estrutura adequada para receber seus frequentadores com conforto e segurança.
Não basta caprichar apenas nos espaços de exposição, toda a infra-estrutura deve atender com eficiência as necessidades dos usuários.
Nesse ponto, os banheiros são espaços que merecem destaque. Quem nunca enfrentou uma longa fila para ir ao banheiro em determinada exposição ou já sofreu com equipamentos sanitários quebrados ou com mau funcionamento?
Pensando nisso, apresentamos algumas possíveis propostas de melhorias e atualização em banheiros de museus.
Veja também como fazer um projeto de banheiro de coworking.
Banheiro feminino, masculino ou unissex?
Uma das pautas mais discutidas quando o assunto é banheiro coletivo é a existência de banheiros unissex no lugar de banheiros separados por sexo feminino e masculino.
Em tempos em que o tema da diversidade vem sendo amplamente discutido, o banheiro unissex pode ser uma solução democrática que contempla a questão da identidade do público.
Além disso, o banheiro unissex também poderia responder a um problema de demanda, diminuindo as filas, já que o uso entre homens e mulheres possivelmente seria mais equilibrado.
No exterior muitos espaços como escolas e universidades já adequaram suas instalações de banheiros para esse uso. No Brasil, o assunto ainda é polêmico e tema de prolongados debates.
Em termos de projeto, um banheiro unissex de um museu poderia contar com cabines individuais com portas totalmente fechadas, voltadas para um espaço de uso compartilhado com lavatórios e espelhos.
Bebedouros e fraldários também poderiam ser instalados nessa área, possibilitando que os homens também troquem as fraldas de suas crianças.
Legenda: Solução para projeto de banheiro unissex.
Uma vez que os banheiros estariam abertos e disponíveis para todos, a solução maximizaria a equidade das instalações, o que é especialmente útil em situações de lotação do edifício.
Além disso, outras questões importantes também deveriam ser contempladas em um banheiro coletivo unissex, como a acessibilidade espacial e a sustentabilidade.
Não se esqueça de tomar cuidado com a altura dos metais na hora da instalação de produtos do banheiro.
Pontos de atenção em um banheiro unissex de museu
Acessibilidade em banheiros de uso público
A acessibilidade em banheiros de uso público é uma exigência legal respaldada pela Norma Brasileira de Acessibilidade – NBR9050, que determina todos os requisitos espaciais para um banheiro adaptado.
Essa norma fornece parâmetros de projeto a serem adotados de acordo com o tipo de intervenção: os critérios de projeto são diferentes para obras novas e para reformas de edifícios existentes.
De acordo com a NBR9050, os sanitários e vestiários de uso comum ou uso público devem ter no mínimo 5% do total de cada peça instalada acessível, respeitando-se no mínimo uma de cada.
Dessa forma, a acessibilidade deve ser garantida em, pelo menos, um sanitário adaptado para cadeirantes. O banheiro adaptado deve seguir a norma técnica que estabelece, entre outros pontos, a área mínima para manobras e largura da porta até a altura da pia, uso de vaso especial e apoiadores.
Em casos de reforma e adaptação de edifícios existentes, admite-se os seguintes parâmetros:
A acessibilidade também é obrigatória em banheiros públicos. Veja mais sobre como fazer um projeto de banheiro coletivo para áreas com alto fluxo de pessoas.
Veja também: Banheiro acessível – 8 pontos que você não pode deixar passar!
Sustentabilidade
A sustentabilidade é um critério importante a ser considerado em um banheiro coletivo: a substituição de metais e peças sanitárias convencionais por produtos que contenham mecanismos de economia de água pode resultar em uma redução de recursos bastante significativa, principalmente em locais de alto fluxo.
Com foco na economia de água, as torneiras com sensor de presença, com fechamento automático e temporizadores são boas opções.
Cabe lembrar que em Abril de 2018 foi sancionada a lei que obriga a instalação de equipamentos que evitem o desperdício de água em banheiros públicos.
Pela lei, todos os banheiros destinados ao público, localizados em prédios públicos ou privados, deverão conter equipamentos mecânicos ou eletrônicos que evitem o desperdício de água, sendo a fiscalização exercida pelo órgão competente de cada município.
Outras soluções econômicas de projeto podem ser iluminação com sensor de presença, e vasos sanitários com controle de fluxo de descarga (que chegam a economizar até 40% de água) .
Ainda visando reduzir o consumo, deve-se priorizar o uso de iluminação e ventilação natural e fontes de energia renováveis como a fotovoltaica, por exemplo.
Case: reforma dos banheiros do MASP
Um exemplo de museu que promoveu a readequação de suas instalações sanitárias é o Museu de Artes de São Paulo (MASP), edifício simbólico e marco na memória da cidade de São Paulo.
A reforma dos banheiros do MASP, concluída em 2017, fez parte de um projeto maior de revitalização do Museu, que buscou a modernização da gestão, da programação e de seus espaços físicos.
De acordo com a administração do MASP, os banheiros eram um ponto importante nessa reestruturação, pois deveriam ser condizentes com a atualização realizada em outros espaços do edifício. A reforma dos banheiros contou com o apoio das AGC, Deca e Lock Engenharia.
Legenda: Sanitários do MASP após reforma.
Foi feita a reformulação total do layout dos sanitários, com racionalização dos espaços e aumento de quantidade de banheiros para atendimento a deficientes físicos, além da modernização de acabamentos, como troca de piso de granito por monolítico; troca de divisórias sanitárias por divisórias em madeira; substituição de forros por forros de gesso e chapas perfuradas metálicas; modernização de peças e louças sanitárias com foco em economia de consumo. Ainda, nos banheiros do primeiro pavimento foram liberadas as fachadas que passaram a ter a vista da avenida Paulista e do belvedere do museu
– comentou a diretora de relações institucionais do MASP, Juliana Sá, em entrevista para a AGC.
Um bom exemplo de como os banheiros podem contribuir para a melhoria geral de um museu, aumentando a apropriação dos indivíduos e incentivando o maior uso desse espaço tão importante para a sociedade.
À medida que arquitetos e designers lutam para compreender as necessidades da comunidade, devemos também encontrar soluções projetuais que reflitam melhores práticas, colocando a igualdade e a sustentabilidade no centro dessas discussões.
Essas questões são de grande importância na sociedade. Confira também:
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Este post foi escrito pela Deca, maior fabricante de louças e metais sanitários do Hemisfério Sul.
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