Escolher os revestimentos de um projeto costuma ser uma das etapas mais aguardadas por quem está construindo ou reformando. Contudo, o sonho pode rapidamente transformar-se em pesadelo quando a busca pelo revestimento ideal é mal orientada. Afinal, trata-se de uma escolha delicada, com variáveis técnicas e estéticas que impactam (muito!) no orçamento final da obra.
A seguir, reunimos 5 dicas para acertar no orçamento do revestimento, garantindo menos revisões no projeto, uma obra mais tranquila e clientes mais satisfeitos!
1. Faça o briefing sensorial
O Briefing Sensorial é um método onde as escolhas dos revestimentos são baseadas nas reais necessidades, sonhos, hábitos e cultura do morador. Quando o arquiteto ou designer de interiores entende o seu cliente de forma profunda, consegue especificar de forma mais assertiva, elegendo as características técnicas que combinam com o estilo de vida e a estética buscada.
Imagine que você criou todo o 3D de uma sala com o piso de madeira como base da decoração e, só na finalização, descobre que o cliente tem um cachorro e precisa lavar o chão com frequência. Este pequeno detalhe muda tudo e não é culpa do cliente: ele não é obrigado a saber que o piso de madeira não é ideal para ele, mas você, sim!
A partir de um questionário breve é possível compreender melhor quem é o cliente, do que ele gosta, quais são seus hábitos, com quem ele vive, qual sensação ele deseja ter ao entrar em casa, o que o incomoda, sua relação com a limpeza e a organização… Estas respostas irão ajudar a emplacar o revestimento de primeira, sem tantas reuniões e revisões.
1. Faça o briefing sensorial na hora de escolher os revestimentos. Fonte – Freepik / Creative Commons
2. Crie paginações e defina o melhor formato para o ambientes
Na hora de escolher e comprar revestimentos, um ponto fundamental do projeto é a paginação. Indicada na planta, ela indica como deve ser feito o assentamento do piso em um determinado ambiente. Independente do revestimento escolhido, o padrão formado nos pisos e paredes é fundamental para alcançar o resultado estético desejado.
Quando bem pensada, a paginação garante a satisfação do cliente e é uma grande aliada para a economia na obra. Isso porque a paginação influencia diretamente nos cortes necessários e, consequentemente, na porcentagem de perda inerente ao projeto.
Saber como as placas, réguas, pastilhas e azulejos serão dispostos permite escolher com sabedoria as dimensões, de forma que utilize o maior número de peças inteiras e alcance um resultado mais harmonioso.
Com as medidas dos cômodos em mãos e as preferências de revestimento do cliente, é possível definir a melhor paginação para os ambientes da casa. A partir desta decisão, a mão de obra terá as instruções corretas para o assentamento e a disposição das peças, de forma que se encaixem perfeitamente.
2. Crie paginações e garanta a satisfação do cliente. Fonte – Portobello / Divulgação
3. Atente-se aos números
Estimar a quantidade de revestimentos vai além de saber a metragem dos ambientes. Diversos fatores devem ser levados em consideração, como o formato da área, as perdas durante a realização de cortes e paginações, entre outros imprevistos que podem ocorrer durante a obra e o assentamento.
Comece pelo cálculo simples, considerando a área total a ser revestida e o formato do revestimento escolhido. Ao valor resultante, acrescente 10% para pisos quadrados ou retangulares, paginados de forma simples. Contudo, essa margem de perda pode chegar a até 20% para formatos triangulares, hexagonais, entre outros, ou paginações mais complexas, que exijam muitos recortes.
O ideal é que todo o revestimento seja comprado de uma única vez, de forma a garantir as mesmas características daquele lote de fabricação, o que irá comprometer o resultado estético do projeto. Além disso, a falta de revestimentos pode implicar em atrasos na obra e maior custo de mão de obra.
Outro cálculo que exige atenção diz respeito ao orçamento disponível para revestir o projeto. Antes de orçar, tenha um valor médio de investimento possível por m². Isso o ajudará a concentrar sua atenção apenas no que pode pagar. Dentro do orçamento estipulado, escolha no máximo 3 opções de conjunto (piso + parede + detalhes decorativos) e faça a cotação destes mesmos conjuntos em diferentes lojas. Só assim você terá um real parâmetro de qual loja está oferecendo o melhor negócio.
3. Atente-se aos números para que a quantidade de revestimentos seja assertiva. Foto – Freepik / Creative Commons
4. Escolha uma loja confiável
Na hora de orçar e comprar revestimentos, você precisará escolher entre home centers e lojas especializadas. O primeiro grupo são as grandes lojas de construção que vem à cabeça quando começamos uma obra. É o caso da Leroy Merlin, da Telhanorte, da C&C, entre outras.
Existe uma razão para essa fama: por serem grandes franquias, elas dispõem de muitas opções de produtos à pronta entrega, com um valor menor e maior flexibilidade no pagamento. Digamos que você esteja com um cliente com a obra atrasada, em que o prazo de entrega é determinante: o home center provavelmente é a sua melhor chance!
As lojas especializadas, também conhecidas como boutiques, são lojas menores que revendem as grandes marcas de revestimentos, em geral, sob encomenda. São lojas menores que reúnem uma grande variedade de produtos, geralmente, de alto padrão e com mais diversidade de acabamentos. O foco nesses estabelecimentos está na experiência do cliente e no atendimento personalizado. Além do tratamento atencioso, os vendedores de lojas especializadas costumam ser formados em design de interiores ou arquitetura, então, também podem ser de grande ajuda para ler plantas e até especificar revestimentos.
Em ambos os casos, antes de fechar a compra, confira as avaliações e certifique-se de que está lidando com uma empresa confiável. Na compra de revestimentos, é muito comum o barato sair mais caro! Por isso, desconfie sempre que se deparar com um valor muito fora da média.
4. Na hora de orçar e comprar revestimentos escolha uma loja confiável. Foto – Marcos Maluf / Campo Grande News / Divulgação
5. Alinhe expectativas com relação ao prazo de entrega e orçamento final
É verdade que já entramos em uma reforma sonhando que ela acabe, mas precisamos ser realistas quanto aos prazos para evitar frustrações! Verifique todos os prazos de entrega dos materiais e liste cada passo da obra.
A partir disso, alinhe sua equipe de trabalho em torno das tarefas necessárias e monte um cronograma. Assim, mesmo que haja algum atraso de fornecedor ou imprevisto na obra, você conseguirá prever o impacto disso na data de finalização.
É muito comum ver obras paralisadas ou sendo realizadas parcialmente devido à falta ou atraso de materiais de construção. Por isso, pedir tudo com antecedência é a solução. E lembre-se que um orçamento sólido inclui desde a cotação dos principais revestimentos, a mão de obra necessária para sua instalação, argamassas e rejuntes.
Essas dicas foram criadas por Lilian Santos, à frente do Revestindo a Casa.