Os segredos por trás da Casa de Vidro Lina Bo Bardi

A Casa de Vidro de Lina Bo Bardi é fruto de um sonho que virou realidade, um projeto que marcou época e que, hoje, faz parte da história da arquitetura brasileira.

Quem não gostaria de morar em “uma casa no campo” (como diz a música), só que, na verdade, localizada em um bairro (na época) um pouco distante do centro de uma grande metrópole, em meio a um enorme terreno arborizado?

Parece o sonho de muitos arquitetos, não? Pois foi isso que Lina Bo Bardi conseguiu com a Casa de Vidro.

Casa de Vidro de Lina Bo Bardi: Escadas

Nesta postagem, você vai conhecer mais detalhes sobre essa habitação que é muito conhecida por arquitetos, mas pouco divulgada entre aqueles que não estão diretamente ligados a esta área de atuação.

E se antes de começar a descobrir os mistérios da Casa de Vidro de Lina Bo Bardi você quiser conhecer mais sobre a vida e obra dessa arquiteta brasileira, confira também esta postagem de nosso blog: Lina Bo Bardi – biografia, curiosidades, as principais obras e o legado do MASP

Transparência e autenticidade: conheça a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi

Apesar da fachada de vidro com vista para o imenso bosque, repleto de árvores, ser o que mais chama atenção na casa de vidro – e inclusive lhe valeu o nome –  a edificação foi cuidadosamente projetada por Lina para proporcionar o lar ideal para ela e seu marido, Pietro Maria Bardi, tanto que, dentre os diversos cômodos, um deles é uma cozinha industrial, porque Pietro era apaixonado por culinária.

Casa de Vidro: Entrada

Casa de Vidro Lina Bo Bardi: Cozinha

Detalhes como este fazem o encanto da Casa de Vidro no momento histórico em que foi criada.

Confira, nos parágrafos seguintes, um pouco mais da fascinante história da Casa de Vidro de Lina Bo Bardi, morada do casal Bardi por cerca de 40 anos.

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Mas se você não está se segurando de curiosidade para saber sobre a Casa de Vidro, então assista este belíssimo vídeo, produzido pela Revista Época, que pode ser um interessante “aperitivo” para diminuir sua ansiedade:

Começando com o pé direito

Que arquiteto pode dizer que seu primeiro projeto construído se tornou um marco para todo um movimento cultural?

Edificada entre 1950 e 1951, a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi, situada na antiga Fazenda de Chá da família Muller Carioba (localização que hoje corresponde a uma região do bairro nobre do Morumbi, em São Paulo) se transformou em um verdadeiro ícone da arquitetura moderna no Brasil.

Casa de Vidro Lina Bo Bardi: sala

A Casa de Vidro é pioneira em diversas sentidos, pois foi a primeira residência a ser construída no bairro.

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Influência cultural

Espaço idealizado para a convivência com os amigos, a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi acabou servindo como um efervescente foco de encontro de artistas e intelectuais da época – do brasileiro e estrangeiros -, como Glauber Rocha, Aldo van Eyck, Max Bill e muitos outros.

 

 

Casa de Vidro Lina Bo Bardi: cadeiras projetadas por lina bo bardi

Leveza estrutural para não alterar a topografia do terreno

Vidro e aço são as marcas da Casa de Vidro, que assim ganhou uma leveza impressionante, parecendo estar flutuando sobre o terreno, quando, na verdade, é sustentada por estacas de aço estrategicamente dispostas.

Além disso, as amplas áreas envidraçadas e sem paredes da Casa de Vidro promovem um duplo efeito: ao mesmo tempo que permitem apreciar a beleza natural do entorno, por parte de quem se encontra em seu interior, também ressaltam ainda mais o aspecto de uma construção criada para não se sobrepor a paisagem, mas completá-la, sem roubar suas características naturais.

Casa de Vidro Lina Bo Bardi: Janelas

E se as janelas da casa de Vidro de Lina Bo Bardi a colocam como que inserida na natureza, isso se deve também a mais um talento menos conhecido da arquiteta: o paisagismo.

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Revitalização da vegetação local

O jardim da Casa de Vidro tem uma área de nada menos que 7 mil m², mas se engana quem pensa que a vegetação é nativa e se encontrava assim no início da construção.

Mesmo que em um pátio interno tenha se conseguido manter uma árvore que restou da vegetação nativa, o mesmo não pode ser dito em relação a boa parte do restante do jardim da Casa de Vidro. Afinal, ali se encontrava uma fazenda de chá, que havia desmatado boa parte da cobertura vegetal original.

Casa de vidro: vegetação

Em um trabalho de paisagismo invejável, Lina foi transformando o local pouco a pouco, criou trilhas e recantos, até que conseguiu que um belíssimo bosque tomasse forma onde antes só havia vegetação miúda.

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Transparência nas áreas comuns, privacidade quando necessário

A Casa de Vidro é claramente dividida em dois espaços distintos.

Em um deles, onde a luz entra arrebatadora pelas enormes janelas de vidro, se encontra o salão principal da Casa de Vidro, que ocupa toda extensão frontal do pavimento, que era onde os Bardi recebiam os artistas e intelectuais.

Casa de Vidro Lina Bo Bardi: Áreas Comuns

Casa de Vidro Lina Bo Bardi: estante

Na parte de trás, onde ficam os dormitórios, cozinha e áreas de serviço, o vidro é substituído por paredes, garantindo a privacidade do casal.

Vale destacar um dos acessos da Casa de Vidro, por meio de uma escada aberta, em dois lances, que parece brotar da encosta levemente inclinada e se introduzir, sorrateira, por debaixo do grande salão envidraçado.

A plataforma entre os dois lances, voltada para o jardim, parece um pequeno mirante, como que uma parada de reflexão para o visitante, que dá uma última olhada na natureza ainda do lado externo da casa, antes de poder fazer o mesmo por detrás de seus vidros, já imerso no ambiente inspirador da Casa de Vidro.

Legado da Casa de Vidro

Hoje, a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi é a sede do Instituto Lina e P.M. Bardi e está aberta à visitação pública. Certamente vale uma visita para conhecer melhor a obra e vida dessa incrível arquiteta brasileira.

E se você quiser conhecer mais sobre a vida e obra de outros arquitetos brasileiros, não deixe de ler em nosso blog:

Gostou? A Casa de Vidro é realmente uma obra de tirar o fôlego, mas criar belos projetos não é o suficiente, é preciso saber como divulgá-lo.

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