Bijoy Jain: o arquiteto criador de obras que resgatam os valores culturais de seu povo

Bijoy Jain, ao invés de seguir as tendências globais com padronização de ideias, técnicas e métodos, interage com a cultura local e cria algo verdadeiramente enriquecedor. A essência de seu trabalho parece fazer relação entre arquitetura – além de outras intervenções humanas – e a natureza. A base de seus projetos está no coletivo, nas habilidades artesanais e no compartilhamento desses conhecimentos.

A arquitetura asiática contemporânea é diferente do resto do mundo e deve ser tratada como tal!

A Índia está passando por um processo agressivo de urbanização e devastação da sua paisagem e meio ambiente.

O país tenta resistir às abordagens internacionais, agindo para recuperar suas velhas tradições construtivas e fazer um uso mais sustentável dos recursos locais.

E um dos oito arquitetos mais influentes do mundo, Bijoy Jain, também está de acordo com esta ideia.

Meu interesse reside principalmente em fazer o que eu faço com cuidado.

É sobre qualidade, sobre a consideração que você aplica para fazer algo. E é sobre estar atento ao meio ambiente, aos materiais e aos habitantes. Tem que ser inclusivo.

– Bijoy Jain, em reportagem do site Maneira.

Quando me refiro à natureza, estou me referindo ao homem e à natureza serem reversíveis ou parte da mesma entidade.

– Jain, em reportagem do The Guardian.

Veja a biografia de outros arquitetos com uma forte relação coma natureza:

• Sou Fujimoto: arquitetura transparente inspirada na natureza
• Alvar Aalto: a natureza como modelo e inspiração para a arquitetura e o design

Confira a trajetória do arquiteto Bijoy Jain

 

Bijoy Jain formou-se em arquitetura pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, no ano de 1990.

Trabalhou no escritório do renomado profissional Richard Meier, primeiro em Los Angeles e depois em Londres, até 1995.

Nesse mesmo ano, ele retornou ao seu país de origem, a Índia, e fundou o escritório “Bijoy Jain & Associates”, localizado à meia hora da cidade de Bombain.

Em 2005, após passar por uma transformação em seus modelos de produção, a empresa passou a se chamar “Studio Mumbai”.

O arquiteto-chefe, Jain, além de projetar, também lecionava.

Ele trabalhou para grandes universidades em Copenhague, New Haven e Mendrísio. Em 2016, participou do projeto para o MPavilion, em Melbourne.

Ao longo da carreira, Bijoy Jain ganhou prêmios muito importantes.

Nos anos 2000, ele ganhou o Global Sustainable Architecture e o Design Award for Asia.

Na década de 2010, foi finalista do Ciclo Agha Khan Awards, ganhou uma menção especial na Bienal de Veneza, o BSI Swiss, e uma medalha de ouro da Academia.

Além disso, foi homenageado na Mumbai’s Chemould Prescott Road, em 2013.

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Bijoy Jain e a colaboração de moradores locais em seus projetos

 

Na busca pela retomada das tradições de seu povo, Bijoy Jain estabeleceu na sua empresa um sistema de cooperativa entre artesãos e arquitetos.

Trabalham com ele pedreiros, carpinteiros, serralheiros, e outros profissionais sem formação acadêmica, mas extremamente competentes.

É uma mão de obra simples, que sabe lidar com os problemas locais e preza pela sustentabilidade.

Mais de 50 por cento da nossa paisagem física durante um período de tempo que remonta milhares de anos foi construída fora da profissão de arquitetura.

– Jain, em reportagem de Open The Magazine.

O Studio Mumbai já realizou projetos magníficos, que lembram facilmente aspectos do modernismo indiano, unindo interiores a exteriores e sendo coesos com seus arredores.

Foram sempre levadas em consideração as limitações de recursos, de materiais, de transporte, meio ambiente e os modelos arquitetônicos do país.

Por isso, Jain só permite a colaboração de outros especialistas independentes quando os mesmos seguem esse mesmo sistema de trabalho.

Obras de Bijoy Jain

 

As obras de Bijoy Jain e Studio Mumbai alcançaram reconhecimento internacional, principalmente depois que o arquiteto participou da instalação “Work-Place”, na Bienal de Veneza, e “Inbetween Architecture”, no Victoria & Albert Museum.

Ainda tiveram outras que foram apresentadas em eventos de destaque, como o Alvar Alto Symposium.

A maioria dos projetos desenvolvidos ao longo da carreira de Bijoy Jain são casas, como:

• Palmyra House;

• Tara House;

• Leti 360

Atualmente, também há exemplares seus sendo erguidos no Japão e em países da Europa.

Em comum, todos os clientes aceitaram, sem relutância, a condição de contratar mão-de-obra local.

Os planos de Bijoy Jain para o MPavilion

 

MPavilion é um projeto patrocinado pela Naomi Milgrom Fundation e organizado pela empresária Naomi Milgrom, em Melbourne, na Austrália.

Visa desafiar a maneira como as pessoas veem e se envolvem as questões do mundo, incluindo o design.

De certo modo, é uma resposta ao Serpentine Pavilion, realizado nos Jardins de Kensington, em Londres.

Para a edição de 2016, Bijoy Jain apresentou uma estrutura quadrada, com 16,8 metros quadrados, feita em bambu e madeira.

Seu telhado era feito de varas de Karvi, com um recorte simbolizando a conexão do céu com a terra.

Já no interior, havia um tipo de torre decorativa – própria das cerimônias indianas tradicionais.

E um recorte no piso ressaltando a importância da água para as comunidades.

Meu objetivo não foi apenas criar um novo edifício, mas capturar o espírito do lugar, escolhendo materiais adequados, respeitando a natureza circundante e trabalhando em colaboração com artesãos locais para compartilhar ideias de design e construção.

– Jain, em reportagem de Dezeen.

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