A arquitetura da religião é inerentemente excessiva.
– Greenlee e Boyd
A igreja não tem estilo arquitetônico.
– Mons. Joaquim Nabuco, discursando para arquitetos no Rio de Janeiro.
As religiões têm um estilo próprio, característico, de arquitetura, mas o que torna suas construções sagradas?
Algumas possuem a capacidade de inspirar e provocar a memória e os sentidos das pessoas.
Como em nenhum outro espaço, é nos templos que elas se permitirão realizar uma jornada individual e coletiva.
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Sobre a Arquitetura Sacra
A arquitetura sacra não pode ser considerada convencional.
Ela está ligada a fenômenos sociais e culturais muito importantes.
Na prática, ela está relacionada a uma forma de manifestação artística intimamente ligada ao “sagrado”.
Portanto, sua força transformadora – que parte do ambiente construído para o ser – será muito maior.
Nós moldamos nossos edifícios, depois disso, eles nos moldam.
– Winston Churchill.
A física do mundo sagrado explica que sem a forma – objetos e lugares corporificados – o poder se dissipa.
A Epístola de São Paulo demonstra que para algumas religiões, como o cristianismo, existe a necessidade de centralizar a palavra de Cristo na Igreja, no templo.
Supostamente, isto serviria para a salvação das almas:
Se morrermos com Cristo, cremos que viveremos também juntamente com Cristo.
– São Paulo
Assim, muitos profissionais, como Andrea Palladio, viram na arquitetura sacra uma oportunidade de exercer sua profissão, sua arte.
Eles desenvolveram programas complexos para igrejas, mesquitas e sinagogas.
Aprimoraram estilos, como o renascentismo e o neoclássico. Empregaram novos materiais e técnicas construtivas em arcos plenos, frontões, abóbodas e ainda testaram teorias matemáticas.
Fiz da minha profissão um apostolado, e com muito ou pouco resultado, trabalhando nela estou no meu elemento, e encontro nela à razão do meu viver.
– arquiteto João De Mio, que ajudou a desenvolver a arquitetura sacra de Curitiba.
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A arte sacra na arquitetura
Haja também sobre o altar ou perto dele uma cruz com a imagem do Cristo crucificado que seja bem visível para o povo reunido.
– Instrução Geral sobre o Missal Romano.
A arte e a arquitetura sacras estão intimamente ligadas!
Chamados também de “paramentos litúrgicos”, estes símbolos representativos compreendem toda a ornamentação das construções sagradas.
As peças são dispostas de modo a embelezar os lugares de adoração – regular ou temporariamente – e narram o mistério de mitos e histórias, trazendo à tona temas como o divino e a essência humana.
A participação dos fiéis, e a qualidade e adequação dessa participação, muitas vezes dependem da arte e da arquitetura.
– Michael Raia, designer e gerente de projetos da Jackson Galloway nos Estados Unidos.
Atualmente, podem-se encontrar obras de arte sacra em templos e museus de todo o mundo, como o Museu de Arte Sacra de São Paulo.
Exemplos de arte sacra
- esculturas de santos;
- pinturas;
- gravuras;
- afrescos;
- desenhos de passagens bíblicas;
- utensílios litúrgicos;
- mobiliários e outros.
Nem toda arte sacra pode ser considerada religiosa.
Mas, toda a arte sacra tem um teor religioso, como é o caso da “A Última Ceia”, de Leonardo Da Vinci.
Elas estão relacionadas aos ritos e celebrações realizados dentro ou fora de templos religiosos.
Sua função não é apenas ornar espaços, mas envolver fiéis, instigando as sensações de religiosidade e fé.
No Brasil, a arte sacra na arquitetura teve suas primeiras manifestações ainda no período colonial.
O nome mais proeminente desse período é Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho.
Historicamente, acredita-se que este costume popular tenha começado no século XVI, com a chegada da família real portuguesa.
Pedro I teria sido intitulado imperador, justamente, em uma festividade religiosa.
O design de interiores também possui uma história incrível. Veja em nosso artigo sua evolução do antigo Egito até os dias de hoje.
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A arquitetura sacra moderna
A arquitetura sacra é uma forma de manifestação artística que reflete uma determinada cultura e período da história.
Obviamente, com o tempo, seus padrões foram evoluindo. Os programas desenvolvidos no período clássico não são os mesmos da modernidade.
A forma de realização dos cultos e o foco de atividades são diferentes.
Os avanços tecnológicos também exigiram novas soluções arquitetônicas.
Nas religiões mais antigas, os templos não eram projetados para o uso comum.
Egípcios e maias, por exemplo, consideravam esses lugares como as “residências das divindades”, por isso só os membros mais privilegiados podiam adentrar.
Já os cristãos, budistas, judeus e islamitas basearam as suas doutrinas na participação comunitária. Assim, aos poucos, eles permitiram a todos o acesso aos seus cultos.
Os edifícios religiosos não deveriam pertencer apenas às camadas mais altas das sociedades, ou apenas às pessoas que neles adoram.
Eles deveriam pertencer, por completo, às comunidades onde estão inseridos, pois a arquitetura sacra moderna traz a ideia de criar espaços de culto com base no vínculo espiritual e também cultural das comunidades.
Elas são dispostas no tecido urbano de modo a favorecer o todo.
Crê-se que os templos devem ser o refúgio para pessoas com ou sem religião, que necessitem apenas de um consolo em um mundo tão incerto.
A arquitetura sacra moderna é voltada, portanto, “para a união e para a paz”.
Seus vários excelentes exemplos expressam isto no respeito ao contexto existencial de seus usuários, nas suas tradições, necessidades, identidades e adorações.
Os arquitetos modernos parecem ter muito mais senso de comunidade. A maioria dos projetos religiosos feitos a partir da segunda metade do século XX apresentam programas mais simples.
Seu foco são as questões tecnológicas, econômicas e ecológicas do novo tempo.
Conheça também a manifestação do modernismo no Brasil através da arquitetura em Brasília.
As igrejas mais belas e conhecidas do mundo
- Basílica de São Pedro
- Catedral de São Basílio
- Hallgrímskirkja
- Santuário de Las Lajas
- Templo Expiatório da Sagrada Família
- Catedral de Notre-Dame
- Templo de Lótus
- Templo Bahai
- Catedral da Sé
A arquitetura africana também possui belas igrejas e templos que retratam a rica cultura do povo africano. Saiba mais em nosso post.
Mesmo as construções mais caras e formais possuem ambientes espaçosos, bem iluminados, arejados e com poucos ornamentos.
A arquitetura sacra conta com construções maravilhosas, inspiradoras e imponentes que encantam milhares de pessoas pelo mundo todo.
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