A arquitetura no Brasil, assim como a cultura, a gastronomia e outras características que marcam nossa identidade, recebeu a influência de vários países.
Tudo começou lá em 1500, quando Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil e já havia pessoas morando nesse “Novo Mundo”.
Afinal, não era uma terra deserta. Pelo contrário, índios já construíam suas moradas e desenvolviam sua própria arquitetura.
Mas os europeus trouxeram consigo seus estilos e passaram, desde então, a impor as práticas exercidas em seu continente.
Só que mesmo que os estrangeiros quisessem construir as novas edificações seguindo as técnicas europeias, eles não conseguiam.
Isso porque a disponibilidade de materiais e de mão de obra no Brasil era outra, muito deficiente.
Ao longo do tempo, a arte desenvolvida nessa colônia portuguesa acabou apresentando suas próprias particularidades.
Veja mais sobre a arquitetura criada com os materiais do entorno pelo construtores locais:
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Neste artigo, você vai conhecer mais sobre a história da arquitetura no Brasil, desde as primeiras construções da arquitetura indígena até os dias de hoje. Acompanhe!
A história da arquitetura no Brasil
Além da influência dos índios e dos colonizadores europeus, a arquitetura no Brasil recebeu também a contribuição dos povos e da arquitetura africana.
Essa fusão de conhecimentos de diferentes culturas foi levada a todos os cantos do território através dos bandeirantes.
Mas é nas regiões mais distantes do litoral, onde a ação do Império não conseguiu penetrar, que prevaleceu a arte tipicamente brasileira.
O desenvolvimento da arquitetura e do urbanismo no Brasil se deu a partir de 1530, com o impulso das capitanias hereditárias.
Muitas vilas e cidades foram fundadas neste período, como Salvador.
Consequentemente, nesse início também foram construídos muitos palácios, igrejas, edifícios públicos e residências, tanto urbanas quanto rurais.
De todas as cidades brasileiras, São Paulo é a que mais registrou a transformação da arquitetura nacional.
Pequenas edificações de taipa foram substituídas pelas de tijolos. Depois, por estruturas de concreto armado – e a evolução ainda continua. Mas nada se compara a Brasília.
Pode-se dizer que a capital federal é o maior destaque da história da arquitetura no Brasil do século XX.
Um acontecimento que resumiria as especificidades de sua identidade.
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Arquitetura indígena no Brasil
Mesmo sem tecnologias avançadas ou conhecimento técnico profissional, os índios brasileiros conseguiram, por anos, fazer construções impressionantes.
Cada tribo desenvolveu sua própria arte, com suas particularidades em relação ao modo de construir, a forma e o tamanho das casas.
Mas, em comum, todos se apresentaram adeptos a materiais vegetais, sendo a sua arquitetura, portanto, vernacular.
Em todo o território brasileiro, ao longo de mais de 510 anos de história, muitas tipologias habitacionais indígenas foram registradas.
As principais construções sempre foram as “malocas”, um tipo de residência comunal onde quase toda a tribo mora.
Já as “ocas” são as casas individuais.
E todas essas ficam organizadas em aldeias, chamadas de “tabas”.
A maioria dos índios costuma distribuir suas construções de forma ortogonal, formando uma grande praça central na aldeia.
Suas malocas – circulares, elípticas ou retangulares – são divididas internamente pela estrutura do telhado em espaços de aproximadamente seis por seis metros.
E no corredor central, próximo à sustentação da cumeeira, fica a área reservada para a preparação dos alimentos.
As casas indígenas brasileiras são feitas de estruturas de madeira, que são conectadas por sistemas de encaixes.
Seu fechamento é feito de fibras e folhas, timbó e sapé. E todas as amarrações das juntas são com cipós.
A maioria das unidades fica rente ao solo, mas, em regiões pantanosas, há registros de palafitas.
Tudo é feito pensando na proteção contra chuvas, ventos, ataques de inimigos e animais.
Arquitetura Colonial no Brasil
Denomina-se arquitetura colonial no Brasil aquela arquitetura realizada no período entre os anos de 1530 e 1830, da chegada dos portugueses à oficialização da independência.
É muito importante o legado artístico dessa época para a arquitetura no Brasil. Ele demonstra uma cultura que foi sendo desenvolvida por meio de mão de obra escrava e com materiais e condições socioeconômicas bem diferentes da Europa.
O registro do surgimento das primeiras vilas no Brasil data de 1711. Na época, era comum a construção de estruturas em taipa de pilão e de pau-a-pique.
Mas com a influência cada vez maior dos estrangeiros, logo se adotaram também as alvenarias de pedra e de tijolos de adobe.
Isso permitiu que as estruturas ficassem maiores, com mais pavimentos e pé-direito alto.
Com a chegada dos Jesuítas, muitas edificações religiosas foram erguidas. Elas viriam a ser o destaque das organizações urbanas.
Já as residências eram mais simples, uniformes, construídas no alinhamento das ruas e nos limites dos terrenos.
Tinham poucas águas, e, às vezes, até calhas e rufos. Seguiam o padrão das Cartas Régias fixadas pela Coroa, lembrando as pequenas cidadelas portuguesas.
O período colonial no Brasil pode ser resumido por um rigor métrico.
As esquadrias se repetiam paralelamente nos pavimentos. As ornamentações de palácios e igrejas eram rebuscadas, detalhistas e expressavam as emoções da vida e do ser humano.
Nas fachadas eram comuns perfis de estuque, pseudo-pilastras, sacadas inteiriças com ornamentos de ferro forjado – só existiam varandas em casas de fazendas.
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Exemplos de arquitetura colonial no Brasil:
- A Igreja de Santa Rita, em Paraty;
- O Pelourinho, em Salvador;
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- A Igreja de São Pedro, em Recife;
- As residências do município de Paraty.
Arquitetura Barroca no Brasil
No Brasil, é possível ver edifícios coloniais em traços de vários estilos europeus, como o Barroco e o Neoclássico.
A transição de um para o outro é motivo de debate entre especialistas. Acontece que os primeiros edifícios de arquitetura sacra do Brasil foram erguidos em estilo barroco, na segunda metade do século XVI.
No início, a arte nacional sofria forte influência da cultura portuguesa. Mas, por fim, ela assumiu características próprias.
Até meados do século XVII, o barroco visto no país, sobretudo na região nordeste, estava mais presente em fachadas e frontões.
A maior produção nacional realmente ocorreu no século XVIII, nas regiões auríferas de Minas Gerais – já como certa variação do rococó. As cidades estavam ricas e as famílias queriam investir no desenvolvimento da arquitetura.
Sem dúvidas, o maior acervo barroco do Brasil está em cidades como Ouro Preto, Diamantina, São João Del Rei, Mariana e Santa Bárbara.
Os artistas dessa região usaram muita madeira, pedra sabão e, é claro, ouro para fazer as estátuas e muitas outras ornamentações.
As pinturas tinham cores fortes, os telhados das edificações, muitas águas, e as estruturas das paredes eram feitas de pedra e cal, taipa ou adobe.
Exemplos da arquitetura barroca no Brasil:
- As Igrejas de São Francisco em Cairú, Salvador, Rio de Janeiro, Ouro Preto e São João Del Rei;
- As ruínas de São Miguel, no Rio Grande do Sul;
- Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em Recife;
- Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro;
- Santuário do Bom Jesus dos Matosinhos, em Congonhas;
- Igreja do Carmo e de Nossa Senhora do Rosário, em Ouro Preto.
Arquitetura neoclássica no Brasil
A arquitetura neoclássica no Brasil foi realizada no período entre 1820 e o final do século XIX.
Na Europa, ela era considerada uma reação aos exageros de estilos como o barroco.
Isso porque muitas de suas características faziam relação ao movimento iluminista – com correspondência aos modelos classicistas, grego e romano. E, justamente, a colônia portuguesa precisava disso, desse toque de requinte.
O Rio de Janeiro passa a ser, a partir de 1763, a capital do Império no Novo Mundo.
A cidade recebia uma quantidade enorme de europeus e ainda estava abrigando todos os principais serviços administrativos da colônia. Ou seja, ela tinha de ter edifícios mais bonitos e uma infraestrutura urbana melhor.
Com a chegada da Família Real portuguesa, o Rio foi cenário de uma missão cultural francesa – que perdurou até 1870.
Estiveram em terras brasileiras artistas importantes como Jean Baptiste Debret.
O arquiteto de maior importância na implantação da arquitetura neoclássica foi Grandjean de Montigny.
Mas a divulgação maior do estilo se deu mesmo com a inauguração da Imperial Academia, em 1826.
As edificações neoclássicas brasileiras apresentavam plantas simplificadas, como no período anterior.
Elas eram simétricas; tinham porão alto, platibandas, cornijas e, às vezes, até frontões.
Apresentavam cores suaves. Tinham paredes erguidas com processos técnicos avançados.
Algumas eram revestidas de materiais nobres, como o mármore, ou com pinturas a óleo. E as janelas e portas eram envidraçadas.
Exemplos da arquitetura neoclássica no Brasil:
- O Museu Imperial, em Petrópolis;
- O Palácio do Itamarati, a Casa da Marquesa de Santos, a Antiga Alfândega, o Palácio Catete, a Imperial Academia de Belas Artes, e a Casa da Moeda, no Rio de Janeiro;
- O Teatro da Paz, em Belém;
- O Teatro Santa Isabel, em Recife.
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Arquitetura eclética no Brasil
Os neoclassicistas tentaram construir no Brasil edifícios com o maior requinte possível. Eles importaram materiais e mão de obra especializada.
Mas, infelizmente, muito do que fizeram era só um jeito de disfarçar as complicações da precariedade dos serviços no país.
Por isso, não foi possível para a arquitetura colonial, nesse período, corresponder ao mesmo nível construtivo existente na Europa.
A entrada do estilo eclético em território nacional foi gradativa, predominante entre o século XIX e as primeiras décadas do século XX.
Da mesma forma que o neoclassicismo, ele teve influência internacional.
É considerado uma mistura de estilos do passado, revivendo tudo que foi desenvolvido pelos “neos”.
Mas soube aproveitar melhor os avanços da engenharia, incluindo o ferro forjado.
Primeiro a arquitetura eclética no Brasil se manifestou dentro do academicismo – outra arte, portanto, propagada pela Imperial Academia.
Ela teve duas vertentes. O “Beaux-Arts” trabalhava melhor a simetria, os cheios e vazios e era ricamente decorativo.
Já a “Engenharia” aliava função, estrutura e economia.
O auge do ecletismo no país foi após a proclamação da República, em 1889, quando o governo adotou o estilo para a remodelação da capital federal.
Exemplos de arquitetura eclética no Brasil:
- O Teatro Amazonas, em Manaus;
- A Estação da Luz, o Mercado Público e o Teatro Municipal de São Paulo;
- O Edifício Ely, em Porto Alegre;
- O Teatro Municipal do Rio de Janeiro, o Palácio Tiradentes e o Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro.
Arquitetura moderna no Brasil
O ecletismo brasileiro permaneceu de forma absoluta até o início do século XX, deixando pouco espaço para as manifestações de vanguarda, como o Art Nouveau.
Mas, inevitavelmente, o país não tardaria a aderir ao modernismo, que trouxe contribuições importantes para a arquitetura no Brasil.
Esta era a consequência das grandes inovações tecnológicas surgidas no mundo com a explosão da Revolução Industrial, como o concreto armado.
A arquitetura moderna brasileira teve seu ponto alto entre as décadas de 1930 e 1950.
Isso só foi possível depois de uma mudança de postura e atitude ética comportamental adotada pelos artistas após a Semana de Arte de 1922.
Foi o momento de afirmar a identidade nacional e de fazer mudanças nos hábitos da sociedade. E isso também foi levado para as propostas de outras ciências.
Havia uma efervescência cultural, um ufanismo, que levou a busca de uma arte diferente.
No início, a arquitetura adotou uma postura baseada nos preceitos acadêmicos e políticos.
Aliás, o Estado teve papel importante no processo de afirmação do modernismo brasileiro, pois patrocinou muitas obras como símbolo de modernidade e progresso.
Os profissionais dessa época imaginavam que o país seria mais bem valorizado se fossem descartadas as tradições que até então eram seguidas.
Tendências internacionais foram importadas. Na arquitetura, as maiores influências eram os europeus Mies van der Rohe, Walter Gropius e Le Corbusier.
Só que o estilo, no Brasil, foi mesmo aceito mais tarde com os trabalhos de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.
Entre os anos 60 e 70, a arquitetura moderna foi uma arma poderosa usada pelos governantes brasileiros para demonstrar o progresso e a industrialização do país.
Foi a vez da fundação da nova capital federal e de seus belos edifícios modernos.
A primeira obra de repercussão nacional nesse estilo foi o prédio do MES – o Ministério da Educação e Saúde -, cujo projeto foi realizado em 1936.
Edifícios como esse têm formas geométricas bem definidas, sem ornamentos.
Suas fachadas demonstram uma separação entre estrutura e vedação. Há o uso de pilotis no térreo, panos de vidro contínuos e a presença das artes em murais, móveis e jardins.
Exemplos da arquitetura moderna no Brasil:
- A “Casa Modernista”, a “Casa de Marx Graf”, a “Casa de Vidro de Lina Bo Bardi”, o MASP e o Copan, em São Paulo;
- O Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte;
- O Grande Hotel, em Ouro Preto;
- A “Casa das Canoas”, o Museu de Arte Moderna, e a Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro;
- O Palácio da Alvorada e o Edifício do Supremo Tribunal Federal, em Brasília.
(…) Fui talvez o primeiro a dizer francamente que o funcionalismo ortodoxo não me interessava e que a beleza era também uma função, e das mais importantes na arquitetura.
Na verdade, o ângulo reto nunca me entusiasmou, nem as formas rígidas e repetidas dos primeiros anos da arquitetura contemporânea. A curva me atrai intensamente com a sua sensualidade barroca, e a nossa tradição colonial e o próprio concreto armado, a sugerem e recomendam.
– Oscar Niemeyer.
Inspire-se com as frases de arquitetos que traduzem o melhor de sua arte!
Arquitetura contemporânea no Brasil
A arquitetura contemporânea no Brasil passou a ser produzida a partir dos anos 80, depois do período pós-modernista, e permanece nos dias de hoje.
Ela não se assimila integralmente a nenhum dos modelos previamente conhecidos. Na verdade, ela envolve diferentes tendências e técnicas utilizadas atualmente.
Ou seja, não há uma linguagem única e cada artista tem sua forma de reinterpretar o passado.
Todos podem fazer releituras dos elementos e empregá-los de acordo com seus próprios estilos. Não existem obrigatoriedades quanto à expressão.
A única coisa em comum é a vontade de alinhar, nas propostas, a questão do conforto ambiental com os processos de racionalização.
Os arquitetos fazem produtos mais interessantes aos olhos, e também mais práticos, funcionais, econômicos e sustentáveis.
A arquitetura contemporânea – não só no Brasil, mas no exterior – costuma apresentar um formato comum, com pisos abertos e janelas de grandes dimensões.
Sua estrutura e revestimentos costumam ser feitos de materiais mais naturais, reutilizáveis e menos tóxicos, de igual exuberância dos industrializados.
Nota-se que os profissionais privilegiam muito o design orgânico e a economia verde.
Profissionais e empresas que desenvolvem projetos de arquitetura contemporânea no Brasil:
- Marcio Kogan e Studio MK27;
- Brasil Arquitetura;
- UNA – Arquitetura;
- Studio Arthur Casas.
Quer saber mais sobre a arquitetura brasileira? Confira alguns arquitetos emblemáticos de nosso país:
- Lina Bo Bardi – biografia, curiosidades, as principais obras e o legado do MASP
- Paulo Mendes da Rocha: o arquiteto “geográfico”
- Roberto Burle Marx: a natureza organizada pelo homem
- Isay Weinfeld: toda elegância do minimalismo
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