Todo estilo arquitetônico tem seus críticos, seja por conta da estética ou filosofia dos arquitetos por trás dele.
As obras da arquitetura brutalista são consideradas “feias” por muitas pessoas, já que a ausência de acabamentos e elementos decorativos é sua principal característica.
Mesmo não sendo um dos mais admirados, esse estilo nasceu em um importante período da história, marcado pelo recomeço da Europa após a 2ª Guerra Mundial.
No Brasil, ela influenciou importantes movimentos da arquitetura como a Escola Paulista e a Escola Carioca.
E você, é um admirador ou crítico da arquitetura brutalista?
Se você ainda não a conhece, neste artigo, vamos mostrar suas características, a importância da arquitetura brutalista brasileira e porque ela corre o risco de desaparecer na Europa. Acompanhe!
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O que é a arquitetura brutalista?
A arquitetura brutalista é um estilo arquitetônico que nasceu nos anos 50, derivado da arquitetura moderna e minimalista, e esteve presente com força em alguns países até o fim dos anos 70.
Ela surgiu no período pós 2ª Guerra Mundial, época em que os países Europeus precisavam se reerguer depois de tanta devastação.
Diante desse contexto, havia a necessidade de usar materiais mais baratos na construção de grandes obras, focando em sua funcionalidade ao invés da estética rebuscada.
O nome brutalismo vem do termo francês “béton brut”, em português, “concreto bruto”. Quem batizou e consolidou os ideais do estilo foi Le Corbusier, que o aplicou pela primeira vez na Unité d’Habitation na França, inaugurada em 1946.
Quando falamos do brutalismo na arquitetura, não é possível afirmar que existe um país de origem do estilo.
As obras foram surgindo em vários locais da Europa no mesmo período, funcionando principalmente como prédios governamentais.
A arquitetura brutalista esteve presente com força em países como França, Alemanha, Japão, Estados Unidos, Itália, Canadá, Israel, Austrália e Brasil.
Na Inglaterra, ficou conhecida como New Brutalism.
Em cada local, as obras brutalistas receberam características que refletiam o momento do país e suas necessidades.
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Características da arquitetura brutalista
Quando olhamos uma obra da arquitetura brutalista, a primeira característica que notamos é o concreto aparente, sem adornos, detalhes ou elementos que possam ter algum significado.
Nesse estilo, não existe a preocupação em esconder elementos estruturais, como vigas e pilares.
Os prédios costumam ser imponentes e formados por ângulos, módulos e formas geométricas. Outra particularidade são as estruturas suspensas, recortes inusitados e algumas aberturas cobertas por vidro.
A funcionalidade está presente no interior das obras por meio da organização dos espaços. Os ambientes são mais compactos, facilitando a locomoção das pessoas.
Além disso, até mesmo a distribuição dos objetos é pensada para que eles estejam sempre à mão dos usuários.
A arquitetura brutalista também está presente em projetos residenciais, e é ideal para quem busca a simplicidade e praticidade no seu dia a dia.
O concreto aparente é a principal característica da arquitetura brutalista. Você sabe como calculá-lo em uma obra? Confira: Acerte na compra dos materiais! Descubra como calcular concreto para lajes, vigas e pilares
Brutalismo na arquitetura: obras pelo mundo
- Igreja Wotruba (Áustria)
- Torre Trellick (Reino Unido)
- Torre Genex (Sérvia)
- Quartel-general do FBI de Washington (EUA)
- Prefeitura de Boston (EUA)
- Prédio do Governo Central de Orange County (EUA)
- Complexo Habitat 67 (Canadá)
- Centro Cultural Nichinan (Japão)
- Carpenter Center (EUA)
- Biblioteca da Universidade de Toronto (Canadá)
- Biblioteca da Universidade da Califórnia (EUA)
- Edifício do Parlamento de Bangladesh (Índia)
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Arquitetura brutalista brasileira
A arquitetura brutalista brasileira começou a partir dos anos 50 e esteve presente principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Conforme já citamos, cada país teve seu jeito de aplicar o brutalismo na arquitetura.
Diferente de grande parte dos arquitetos brutalistas na Europa, que não se preocupavam com a beleza, os brasileiros criaram projetos mais elegantes e atentos a proporções e desenhos.
No Brasil, a arquitetura tende a ser mais macia e lírica. Niemeyer é como o jazz brasileiro, delicado. Alguns arquitetos no país também não são duros. O brutalismo no Brasil não é tão brutal
– Paul Goldberger, crítico de arquitetura
Apesar de ter se destacado em São Paulo, a arquitetura brutalista brasileira teve seu início no Rio de Janeiro com a construção do MAM – RJ (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro).
Projetado por Affonso Eduardo Reidy, ele é a primeira obra com concreto aparente no país.
O arquiteto, junto com Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Carlos Leão, Jorge Moreira e Ernani Vasconcelos, fez parte do grupo conhecido como Escola Carioca.
Foram eles que introduziram a arquitetura moderna no país com a construção do Ministério da Educação e Saúde (MES), atual Palácio Gustavo Capanema, realizada entre 1936 a 1943.
O início da arquitetura brutalista brasileira coincide com o período de construção de Brasília.
Arquitetura brutalista paulista
O brutalismo na arquitetura brasileira teve destaque em São Paulo, onde surgiu uma nova geração de arquitetos que ficou conhecida como Escola Paulista.
Naquela época, o estilo não representava apenas um conceito estético e funcional, mas também uma militância política.
João Batista Vilanova Artigas é o nome que mais se destaca nesse período.
Por meio de seus projetos, ele expressou sua ideologia e contribuiu para o crescimento da arquitetura paulista, sendo um dos criadores da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo).
Em 1968, juntamente como Paulo da Rocha Mendes, Vilanova Artigas foi afastado do cargo de professor da USP.
O regime militar considerou que seus edifícios refletiam a ideologia de esquerda em espaços abertos e facilitavam a realização de grandes manifestações.
As críticas ao seu trabalho resultaram no exílio do arquiteto, que só retornou ao Brasil em 1979.
Mesmo com essas barreiras, as obras brutalistas se espalharam por São Paulo e são um marco na cidade.
Obras da arquitetura brutalista paulista
- Tribunal de Contas do Município de São Paulo (Plinio Croce, Roberto Aflalo e Giancarlo Gasperini)
- Rodoviária de Jaú (Vilanova Artigas)
- Residência Cunha Lima (Joaquim Guedes)
- Mube – Museu Brasileiro da Escultura (Paulo Mendes da Rocha)
- MASP (Lina Bo Bardi)
- Estádio Morumbi (Villa Nova Artigas)
- Clube Paulistano (Paulo Mendes da Rocha)
- Casa Butantã (Paulo Mendes da Rocha)
SOS Brutalismo: obras da arquitetura brutalista estão em risco na Europa
Há na Europa uma tendência que agrada alguns e entristece outros: a demolição de prédios de arquitetura brutalista.
Nos últimos anos, vários deles foram derrubados, como o prédio da Universidade de Frankfurt, em 2014. Veja o momento da demolição:
Diante dessa realidade, o Museu Alemão de Arquitetura criou esse ano a exposição SOS Brutalismo, que tem como objetivo lembrar a população da força e importância desse estilo.
Também foi criado o site SOS Brutalism, em que os amantes do estilo podem postar fotos e informações atualizadas sobre as obras localizadas em suas cidades.
Independentemente de gostos pessoais, sem dúvida a arquitetura brutalista foi importante e contribuiu muito para o trabalho de grandes arquitetos.
E aí, qual é a sua obra favorita? Compartilhe com a gente nos comentários!