Quem aprecia arquitetura vai encontrar muitas obras e tendências na Alemanha. Nesse país, há beleza de edificações para todos os lados, além de muita história para contar.
A origem de suas cidades se deu com os assentamentos romanos, há séculos atrás.
Depois, houve as construções medievais, a industrialização, as duas Grandes Guerras, o período de reconstrução e, agora, a contemporaneidade.
Quer saber mais? Continue a leitura e descubra as características da arquitetura alemã e como ela influenciou a arquitetura no sul do Brasil.
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A história e as características da arquitetura alemã
Na Alemanha, o século XIX foi marcado pela forte migração do campo para a cidade, a expansão urbana e racionalização da construção civil.
Nessa época, estava em voga o ecletismo de estilos. A necessidade de representação da burguesia, em correspondência com a nova era industrial, fez surgir tendências como o neoclassicismo e o neogótico. São exemplos as obras do arquiteto Gottfried Böhm.
Com a substituição da manufatura pela indústria, surgiram no país muitas edificações dedicadas especialmente à moradia nas cidades.
A especulação imobiliária dominava o mercado. As paisagens urbanas mudavam rapidamente e essa transformação tão brusca gerou um reflexo no pensamento das pessoas. Houve uma mudança na noção do que era belo.
Um destaque desse período foi a fundação da Escola Bauhaus, em Weimar, no ano de 1919.
Depois, ela foi mudada para Dessau, em 1925; e para Berlim, em 1932. Por fim, foi fechada pelos nazistas, em 1933. Porém simbolizou o auge da vanguarda modernista e da industrialização do design arquitetônico.
Seus alunos criavam modelos artísticos belíssimos, que tinham como base as necessidades populares.
Durante a Segunda Guerra, a arquitetura alemã traduzia as ideias de estética, ao mesmo tempo em que glorificava e fazia propaganda do regime nazista.
Eram obras monumentais e intimidadoras, todas baseadas na temática classicista.
São exemplos o Estádio das Olimpíadas de 1934, o Estádio de Nuremberg e o prédio da Chancelaria Alemã, de 1938.
No pós-guerra, a Alemanha encontrava-se dividida e em escombros. O Muro de Berlim – obra de 1961 – fazia a divisão entre o mundo capitalista e o mundo socialista.
No lado oriental, foram feitos grandes e homogêneos conjuntos habitacionais, como o de Stalinallee.
A arquitetura assumia um caráter muito severo e cerimonial. Em todos os edifícios, em estilo realista, seguia-se uma padronização sem cor.
Já no lado ocidental, o cenário era outro. Havia uma maior heterogeneidade arquitetônica.
Era quase como uma “resposta bem dada” ao programa de reconstrução do leste. Diferentes expressões artísticas foram valorizadas e as cidades estavam planejadas, privilegiando principalmente o tráfego de automóveis.
Chegados os anos 70 e 80, a arquitetura alemã ocupou-se de fazer crítica ao modernismo.
Fez-se uma reavaliação de toda a sua história e dos estilos praticados anteriormente. Os projetistas se permitiram explorar mais as cores, as tradições e a cultura popular.
Surgiu, então, o contextualismo. E nos anos 90, com o país já reunificado, veio uma nova onda de modernização.
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Obras da arquitetura alemã:
- Palácio Zwinger
- Palácio Residenzschloss
- Catedral Hofkirche
- Academia Kunstakademie, ou Zitronenpresse
- Portão de Brandemburgo
- Museu Judaico
- Memorial do Holocausto
- Capela Berlin
- Fábrica Fagus
- Igreja de Hildesheim
- Abadia de Corvey
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O expressionismo alemão na arquitetura
O surgimento do expressionismo alemão ocorreu na década de 1920.
Ele coincidiu com o final da Primeira Guerra, a crise provocada pelo Tratado de Versalhes e a instalação da República de Weimar.
A nação alemã assumia uma nova postura estética e moral de enfrentamento das autoridades. E, consequentemente, criou-se uma “arte de crise”, bastante surreal.
A arte expressionista mostrava, abertamente, como o país saíra derrotado do conflito. Sua população estava apática, esmaecida.
Assim eram as obras desse período, retratos do sofrimento e do terror. Mas, em seguida, os nazistas acabaram com o movimento, uma tentativa de impedir que a Alemanha fosse vista como fraca e decadente.
Na arquitetura, o expressionismo esteve vinculado a experiências sociais e culturais de Weimar, principalmente na área da habitação.
As edificações desse período caracterizam-se pela distorção da imagem, o uso de cores vibrantes, a oposição ao racionalismo, a mecanização e o retorno ao gótico.
São exemplos os trabalhos de Bruno Taut e Erich Mendelsohn.
O expressionismo (…) é maior que a ideia de um movimento de arte, e antes de tudo, uma negação ao mundo burguês. (…) obras que combatiam a razão com a fantasia.
Influenciados pela filosofia de Nietzsche e pela teoria do inconsciente de Freud, os artistas alemães do início do século fizeram a arte ultrapassar os limites da realidade, tornando-se expressão pura da subjetividade psicológica e emocional.
– Pedro Monteiro.
A arquitetura alemã no Brasil
Não há arquiteto no mundo que não tenha ouvido falar em Mies van der Rohe.
Definitivamente, ele é um ícone para essa profissão. Esse alemão alterou toda uma linha de pensamento que se tinha sobre as cidades e os edifícios, priorizando a funcionalidade e as formas geométricas.
Seus projetos viraram referência para artistas modernistas e contemporâneos, incluindo os brasileiros.
Antes disso, a arquitetura alemã influenciou a brasileira com certas técnicas construtivas, como o enxaimel, que foi trazido pela colonização.
Em regiões do sul vê-se muito isso. Trata-se de um jeito de erguer paredes através de hastes de madeira – encaixadas entre si – e com preenchimento de pedras e tijolos. Existem, inclusive, empresas na atualidade que fazem uma releitura desse estilo.
São exemplos da influência da arquitetura alemã no Brasil: as casas dos bairros Santo Amaro e Bresser, em São Paulo; também alguns edifícios de cidades como Campos do Jordão, Holambra, Canela e Blumenau.
A arquitetura alemã no sul do Brasil
Em mais de 100 anos de história, os imigrantes alemães e seus descendentes criaram no Brasil um modo de vida chamado de “germano-brasileiro”.
Eles buscaram, nesse Novo Mundo, um local que fosse mais parecido com sua antiga pátria.
Recriaram os ambientes de suas cidades natais e construíram edifícios com base na arquitetura europeia.
Mesmo com o esforço para “sentir-se em casa”, os alemães se depararam com uma realidade socioeconômica e natural diferente e precisaram adaptar-se.
Foi quando uma nova cultura foi desenvolvida – original, sem qualquer comparação.
Muitas cidades brasileiras expõem essa contribuição dos germânicos. Mas, certamente, não servem de exemplo da verdadeira arquitetura alemã.
Na verdade, as casas erguidas em localidades no Brasil, especialmente em Santa Catarina, apresentam características “típicas alemãs”.
A maioria foi construída muito depois da chegada dos imigrantes europeus. Seus construtores se basearam, principalmente, na Bavária e no estilo renano, que é mais simples e sóbrio. Por isso, essas edificações têm poucos adornos.
Também no sul, existem muitos exemplos do emprego do enxaimel. Obras do fim do século XIX e início do século XX apresentam uma fusão entre a arquitetura de imigração alemã com o estilo eclético trazido por outros povos da Europa.
A maioria das casas é bastante simples, adaptada às técnicas construtivas e ao clima local.
Exemplares de casas típicas alemãs do sul do Brasil:
A arquitetura alemã no sul do Brasil reflete, na simplicidade, as dificuldades iniciais dos imigrantes em viver numa terra muito diferente da sua.
São estruturas fechadas com taipa, barro socado, tijolos maciços ou pedra grês cortada. Em algumas, há o uso de reboco, mas em outras, não.
Em quase todas, por conta da elevada umidade dos terrenos, foi preciso a construção de uma base mais alta. Isso evita, ao máximo, que a madeira do enxaimel fique molhada.
Municípios com arquitetura alemã no Paraná:
- Curitiba;
- Marechal Cândido Rondon;
- Rolândia;
- Cambé;
- Warta.
Bosque Alemão, em Curitiba
Parque temático, inspiração cultura alemã, em Marechal Rondon
Casa alemã em Curitiba
Municípios com arquitetura alemã no Rio Grande do Sul:
- São Leopoldo;
- Ivoti;
- Dois Irmãos;
- Picada Café;
- Santa Maria do Herval;
- Morro Reuter;
- Linha Nova;
- Teutônia;
- Imigrante;
- Colinas;
- Santa Cruz;
- Nova Petrópolis;
- Canela;
- Gramado.
Cidade de Gramado, inspirada na cultura alemã
Casa localizada na cidade de Canela, inspirada na cultura alemã
Exemplar de casa típica alemã no Rio Grande do Sul
Municípios com arquitetura alemã em Santa Catarina:
- Indaial;
- Blumenau;
- Joinville;
- São Bento do Sul;
- Timbó;
- Pomerode.
Cidade de Blumenau, inspirada na cultura alemã
“Vale Europeu” em Santa Catarina, inspirado na cultura alemã
Exemplar de casa típica alemã em Santa Catarina
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