Wang Shu é um arquiteto chinês que vem desafiando um conceito que considera errôneo em seu país. Ele defende a combinação das artes tradicionais chinesas com técnicas e materiais contemporâneos, como o concreto aparente, mas renega as estruturas “bizarras” que vem surgindo na China. Há cerca de trinta anos, Shu tem realizado trabalhos impressionantes, visualmente originais e ambientalmente sustentáveis. Não é à toa que foi vencedor do Prêmio Pritzker em 2002.
A China tem se tornado um verdadeiro laboratório mundial.
Nos últimos anos, edifícios de formas “bizarras” tem competido com estruturas de arquitetura tradicional.
Esse é um triste reflexo do rápido desenvolvimento econômico do país e do boom da construção civil e também da urbanização acelerada e do design sem qualidade ou continuidade cultural.
As oportunidades sem precedentes da China para planejamento e design urbano quererão estar em harmonia com suas tradições longas e únicas do passado e com suas necessidades futuras de desenvolvimento sustentável.
– um representante do Pritzker, em reportagem de BBC.
(…) não devemos demolir a história para se desenvolver.”, “Minha convicção é que a arquitetura deve trabalhar de mãos dadas com o tempo.
– Wang Shu, em reportagem de Dezeen.
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Wang Shu: biografia da vida profissional desse arquiteto
Na década de 1980, Wang Shu estudou arte e história em países de vários continentes.
Em 1985, ele se tornou bacharel e mestre em arquitetura pelo Instituto de Tecnologia de Nanjing, em Jiangsu.
Nesse mesmo período, realizou seu primeiro projeto, para um Centro Juvenil.
Depois, começou a trabalhar como professor na Academia de Belas Artes de Zheijang, em Hangzhou.
Entre 1990 e 1997, Shu escolheu trabalhar ao lado de artesãos para ganhar mais experiência prática em construção civil.
Logo em seguida, ele e sua esposa, Lu Wenyu, fundaram a empresa “Amateur Architecture Studio” – ou, traduzindo, “Estúdio de Arquitetura Amadora” – também em Hangzhou.
Agora, além de projetar e lecionar, ele também faz pesquisas sobre o meio ambiente e a renovação de edifícios antigos.
De todos os feitos da carreira de Wang Shu, talvez o momento mais importante tenha sido quando ele ganhou o Pritzker.
Esse prêmio é considerado o “Nobel da Arquitetura”.
Justamente pelo fato de um chinês ter sido escolhido pelo júri, dentre tantos bons nomes da arquitetura atual, já demonstra que seu país está sendo reconhecido por suas boas ideias.
Para ser reconhecido mundialmente, Wang Shu com certeza sabe como encantar seus clientes.
E você, sabe como fazer isso? Conheça o Ciclo do Encantamento, material desenvolvido para arquitetos e designers que querem dar um UP na carreira:
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- Renzo Piano: a arquitetura que recomeça do zero a cada projeto;
- Frank Gehry: o arquiteto desconstrutivista;
- Paulo Mendes da Rocha: o arquiteto “geográfico”.
Principais projetos de Wang Shu
Wang Shu cresceu em uma cidade de belas paisagens naturais e uma longa tradição de artistas, principalmente pintores.
Infelizmente, nas últimas décadas, o crescimento econômico provocou a destruição de boa parte dos seus edifícios históricos.
Certamente por isso, o trabalho do profissional focou na busca por uma arquitetura nova, atraente, escultural, mas sensível ao contexto – ou seja, à estética tradicional.
Ao invés de seguir padrões ocidentais, Shu aposta nas soluções vernaculares chinesas.
Também propõe a reciclagem ou a reutilização de materiais de outros edifícios, deixados em aterros.
E a prova de que as ideias de Shu dão certo mesmo é que suas obras são espetaculares, atemporais e bem integradas às cidades.
O trabalho de Wang Shu se destaca pela combinação de força escultural com sensibilidade contextual. Seu transformador uso de materiais e motivos tradicionais é extremamente original e estimulante.
– Zaha Hadid, a primeira mulher a vencer o Pritzker, em reportagem de Casa Vogue.
(…) a arquitetura sustentável não é uma questão de usar dispendiosos materiais e alta-tecnologia, mas de saber fazer coisas simples (…)
Quando eu nomeei meu estúdio ‘Arquitetura Amadora’, foi para enfatizar os aspectos espontâneos e experimentados do meu trabalho, ao contrário de ser ‘oficial e monumental’. Meu trabalho é mais pensativo do que simplesmente construído.
– Wang Shu, em reportagem de BBC e Dezeen.
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Wang Shu: obras variadas e reconhecidas mundialmente
O arquiteto Wang Shu desenvolveu a maior parte de seus trabalhos na China, mais precisamente em HangZhou.
Ele tornou-se mundialmente conhecido por projetar museus, bibliotecas, salas de exposições e outras grandes estruturas.
Dentre as suas obras mais emblemáticas de Wang Shu estão:
- O pavilhão para a Expo Xangai 2010;
- A instalação ‘Jardim de Azulejos’, feita para a Bienal de Veneza de 2006;
- O Museu de História e o Museu de Arte Contemporânea de Ningbo;
- A Biblioteca do Colégio Wenzheng;
- O Centro Cultural de Jinghua;
- As casas Sanhe, Ceramic, Jinhua Park e Five Scattered;
- Prédios de universitários, como os na Universidade de Xiangshan e na Academia de Arte Chinesa;
- Prédios de apartamentos, como o Vertical Courtyard.
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