Peter Eisenman é considerado por muitos um dos artistas mais importantes do mundo.
Esse americano é um dos principais representantes do desconstrutivismo na arquitetura – já que suas práticas são relacionadas a esse movimento.
Ele é arquiteto, educador e teórico da arquitetura; conhecido por utilizar tecnologias avançadas, mas controverso, por afirmar total desinteresse pela sustentabilidade ambiental.
Em toda a sua carreira, Eisenman sempre analisou e buscou a dialética entre os opostos. Discutiu sobre questões como método, linguagem e convenções sobre representação projetual.
Com isso, lançou as bases de uma arquitetura contemporânea “sem significado”, “livre de qualquer pretensão pragmática e semântica”, sendo racional e autônoma.
Na verdade, por meio dessa teoria, ele defendeu e protegeu a sua arte.
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Biografia de Peter Eisenman: arquitetura baseada na grade cartesiana
Peter Eisenman é formado pela Universidade de Cornell. Ele é mestre e PhD em Filosofia e Artes pelas universidades de Cambridge e Chicago.
Começou a vida profissional trabalhando para os arquitetos Percival Goodman e Walter Gropius, e para a empresa Architecs Collaborative. E, finalmente, em 1980, fundou o seu próprio estúdio de arquitetura.
Antes disso, nos anos 60, Eisenman fez parte de um grupo chamado “New York Five”, que compartilhava interesses sobre a natureza das formas.
Ele foi um líder, ao lado de Hejduk, Graves, Gwathmey e Meier. Na mesma década, ele fez vários projetos experimentais de casas com volumes baseados na grade cartesiana e ainda fundou o Instituto de Arquitetura e Estudos Urbanos – que dirigiu até 1982.
Embora Peter Eisenman tenha projetado e construído obras premiadas, ele é, antes de tudo, um teórico.
O arquiteto foi o primeiro professor honorário da Cooper Union, em Nova York. Também atuou como acadêmico em Cambridge, Harvard, Princeton, Ohio State, ETH Zurique, e no IUAV de Veneza. Atualmente, ele ainda leciona na Universidade de Yale.
Peter Eisenman foi um dos dois arquitetos selecionados para representar os Estados Unidos na Exposição Internacional de Veneza, em 1991.
Ele é membro da Academia Americana de Artes e Ciências e da Academia Americana de Belas Artes.
Foi escolhido para receber prêmios em Roma, Itália, Japão e Alemanha – esse último em comemoração aos 750 anos da cidade de Berlim.
Características de Peter Eisenman: a vibração das edificações
Peter Eisenman sempre manteve um vínculo muito forte com intelectuais, historiadores e artistas.
Muitos deles influenciaram o seu pensamento e design.
São exemplos os filósofos Jacques Derrida, Sigmund Freud e Michel Foucault, o artista Donald Judd, e os arquitetos Louis Kahn e Le Corbusier. Em suas obras, Eisenman vai, justamente, traçar um paralelo entre arquitetura, filosofia e literatura.
Para Peter, era mais fácil criar traçando um sistema mental de coordenadas. Ele se identificou com o estilo desconstrutivista.
Apelou, também, para os signos, símbolos e processos de criação de significado. Distorceu espaços e cruzou formas geométricas e orgânicas entre planos e estruturas, provocando o sentimento de desestabilidade nas pessoas. A ideia era garantir a experiência vital para a arquitetura.
Eisenman partiu do pressuposto de que as pessoas deveriam se “comunicar” com as edificações e sentir sua vibração.
Procuro formas de conceitualizar o espaço, de modo a colocar o sujeito em uma relação deslocada, pois não irão encontrar referências iconográficas as formas tradicionais de organização. Foi o que sempre tentei fazer, obrigar o sujeito a reconceitualizar a arquitetura.
– Peter Eisenman.
O arquiteto Peter Eisenman afirma que, no decorrer dos anos, com as constantes mudanças da sociedade contemporânea, as características de suas obras mudaram.
Afinal, os costumes do século XX não eram os mesmos do século XXI. A partir dos anos 90, ele se tornou um entusiasta da criação de projetos por meio de programas de computador.
Não é de se estranhar que ele foi muito criticado.
Alguns colegas questionaram suas ideologias e seus acréscimos teóricos. Acusaram-no de ter ficado muito cômodo e de exagerar no desenvolvimento de formas distorcidas e curvadas.
Mas Peter se defendeu dizendo que os softwares estavam ali para ajudar os artistas a criarem formas mais ousadas, o que não os livrava de compreender o que era boa arquitetura.
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Peter Eisenman: obras mais importantes
Peter Eisenman elaborou uma grande variedade de projetos, desde residências até edifícios educacionais. Veja alguns delas:
- O Greater Columbus Convention Center, em Ohio;
- Cidade da Cultura da Galiza, Santiago de Compostela;
- Memorial aos Judeus Mortos da Europa;
- O Koizumi Sangyo;
- O Edifício Nunotani;
- O University of Phoenix Stadium;
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Wexner Center for the Arts, por Peter Eisenman
Alguns dizem que Wexner é o “museu que a teoria construiu”.
Essa obra de Peter Eisenman, do ano de 1989, criou uma enorme expectativa no mundo acadêmico.
Afinal, o arquiteto havia passado a maior parte da carreira criticando as artes. E, no fim, suas falhas acabaram servindo de munição para aqueles que viam sua teoria e sua prática como atividades divergentes.
Sem dúvidas, esse centro de artes visuais da Universidade de Columbia é um trabalho de autorrealização de Eisenman.
Ele conseguiu criar seu próprio método e vocabulário arquitetônico. Inspirou-se nas fábricas existentes nas redondezas e criou um edifício com uma estrutura exposta, sugerindo um andaime, que dá às pessoas uma sensação de incompletude.
Era uma maneira de mostrar seu repúdio às práticas tradicionais.
Antes do Wexner Center for the Arts, Peter Eisenman só havia executado obras de pequeno porte. Mas os elementos desse empreendimento chamaram a atenção quanto ao seu aprimoramento como projetista.
Pelo seu bom desempenho neste trabalho, o arquiteto recebeu, tempos depois, o Prêmio Nacional de Honra do Instituto Americano de Arquitetos.
Aronoff Center for Design and Art, por Peter Eisenman
Peter Eisenman projetou um edifício novo para a Universidade de Cincinnati, em Ohio.
O Aronoff Center for Design and Art, de 1996, une os três prédios mais antigos do campus e teve seu volume, sombrio e opressivo, baseado no conceito de dobras.
A intenção do arquiteto era provocar um “desvio” de como as pessoas são educadas na instituição.
Peter conseguiu criar uma edificação com design responsivo, adaptada às formas terrenas sensuais e às árvores elegantes do local.
Seu sistema organizacional é mesmo bem de acordo com essa relação dinâmica existente com o entorno arquitetônico e o paisagístico – especialmente na parte traseira do prédio.
Casa VI, por Peter Eisenman
No final da década de 1960, Eisenman se dedicou a produzir projetos para uma série de casas.
A primeira delas, do ano de 1967, fica em Princeton, Nova Jersey. A segunda, de 1969, fica em Hardwick, em Vermont. E a sexta, de 1972, fica na Cornualha, em Connecticut.
Todas são estruturas experimentais, que se referiam – de forma crítica – à geometria rígida e aos planos retangulares do modernismo.
Eisenman levou essa ideia a um extremo teórico. Veem-se, nessas obras, escadas que dão em lugar nenhum e colunas que não funcionam como suporte para a estrutura.
Novamente, uma rejeição clara às práticas que estavam em voga.
Na verdade, Peter propunha “novas” regras construtivas – que alguns chamam ironicamente de “arquitetura de papelão”.
A Casa VI foi projetada por Eisenman para um casal.
Era para ser um verdadeiro refúgio em Great Hollow Road. Ela ficou famosa por sua definição revolucionária, mas também por alguns “problemas” de design.
Foi baseada nas teorias do arquiteto sobre grelhas cartesianas e é estritamente plástica, sem relação com técnicas de construção ou forma puramente ornamental.
Em algum momento, depois de manipular as estruturas e formar os espaços, Eisenman ignorou o uso do edifício.
É como se ele tivesse “forçado” os clientes a viverem dentro de uma escultura.
O interior da casa apresenta um espaço com algumas limitações para os moradores, como uma coluna no centro da mesa da cozinha, uma barreira de vidro que impediu a instalação da cama e uma escadaria sem corrimão.
Talvez, somente as palavras do arquiteto possam explicar o motivo dessas características:
A casa VI é tanto um objeto quanto uma espécie de manifestação cinematográfica do processo de transformação. Portanto, o objeto não é apenas o resultado final de sua própria história gerativa, mas também mantém esta história, servindo registro completo dele, tornando-se processo intercambiáveis e produto.
– Peter Eisenman.
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