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Como se não bastasse toda beleza e funcionalidade das curvas simples e imponentes de Oscar Niemeyer, este ícone da arquitetura nacional ainda era capaz de surpreender e ensinar com frases como essa:
A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem
– Oscar Niemeyer
Tão sutis, leves e harmônicas quanto suas obras, as frases de Oscar Niemeyer tinham a capacidade de com poucas palavras transmitir uma variedade enorme de sentimentos, que iam do deslumbramento à tomada de consciência.
Não importa se com os poucos traços de seus croquis no papel, ou com algumas palavras inspiradas, Oscar Niemeyer nunca deixou de lado uma conotação política em tudo que fazia.
Explore conosco, neste artigo, a trajetória deste gênio brasileiro, reconhecido mundialmente, e que, sem dúvida, deixou uma marca na história da arquitetura moderna brasileira.
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Oscar Niemeyer: Biografia
Carioca nascido em 15 de dezembro de 1907, Oscar Niemeyer teve uma juventude boêmia e despreocupada, até se casar, aos 21 anos, com aquela que seria sua única esposa, Anita Baldo.
Depois de um período trabalhando na tipografia do pai, matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1929, formando-se arquiteto em 1934.
Inicia sua carreira no ano seguinte, no renomado escritório de arquitetura de Lucio Costa, que teve grande influência sobre Oscar Niemeyer, assim como Le Corbusier, apresentado a ele pelo próprio Costa.
Em 38, sempre ao lado de Lucio Costa, parte para Nova York para projetar o pavilhão Brasil na feira Mundial. A partir daí, sua carreira se transformar em uma trajetória ininterrupta de grandes realizações.
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Em Belo Horizonte, no ano de 1940, Oscar Niemeyer é convidado por Juscelino Kubitschek, então prefeito da cidade, para projetar o Conjunto da Pampulha, uma de suas mais famosas realizações e um ícone da arquitetura moderna.
Com convicções políticas bastante profundas, Oscar Niemeyer ingressa no Partido Comunista Brasileiro em 1945, o que não o impede de ser convidado, no ano seguinte, para projetar a sede do Banco Boavista, no Rio de Janeiro.
Em 47, Oscar Niemeyer faz nova viagem de trabalho à Nova York, desta vez como membro do Comitê Internacional de Arquitetos, encarregado do desenvolvimento do projeto da sede da ONU.
Sua carreira internacional se estende à Europa em 1954, quando, em conjunto com uma equipe de 15 arquitetos mundialmente famosos, participa da reconstrução de Berlim. No mesmo ano, projeta o Museu de Arte Moderna de Caracas.
Em 1956, a consagração de Oscar Niemeyer vem por meio de mais um convite de Juscelino Kubitscheck, agora presidente, para projetar a nova capital do país, onde se destacam obras como o Palácio da Alvorada, o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal, a Catedral de Brasília, entre outros.
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Guinada na vida: uma curva em direção à Europa
Nomeado coordenador da escola de Arquitetura da Universidade de Brasília em 62, Oscar Niemeyer acaba por demitir-se da Universidade de Brasília em 65, ao lado de mais de 200 professores, em protesto pela invasão do campus pela polícia, em 64.
Mesmo com uma série de prêmios e honras internacionais no currículo (foi nomeado membro honorário do Instituto Americano de Arquitetos e da Academia Americana de Artes e Letras em 63, no ano seguinte, uma exposição em sua homenagem aconteceu no Louvre) foi impedido de trabalhar no Brasil por motivos políticos.
Por isso, em 67, Oscar Niemeyer radica-se na Europa, projetando diversas obras em vários países e abrindo um escritório no Champs Elysées, em Paris, no ano de 72.
Retornando ao Brasil em 79, com a abertura política, Oscar Niemeyer volta a projetar em sua pátria verdadeiros ícones de nossa arquitetura, como a passarela do Samba (o “Sambódromo”), o Panteão da Liberdade, o Memorial da América Latina, e o Museu de Arte Contemporânea em Niterói.
A trajetória do Oscar Niemeyer não se encerra por aí.
Poderíamos listar muitas outras obras deste gênio espalhadas pelo mundo, como o Serpentine Gallery Pavillion, em Londres, ou o Centro Cultural Principado de Astúrias, na Espanha.
A verdade é que Oscar Niemeyer continuou projetando quase eu até os últimos anos de sua vida, que se estendeu até o dia 5 de dezembro de 2012, quando faleceu aos 104 anos, no Rio de Janeiro.
As 22 obras mais importantes de Oscar Niemeyer
- Edifício Copan
- A Passarela do Samba (o “Sambódromo”)
- Memorial da América Latina
- Teatro do Parque do Ibirapuera
- Casa das Canoas
- CIEPEs (Centros Integrados de Educação Pública do Rio de Janeiro)
- Museu de Arte Contemporânea
- Palácio da Alvorada
- Congresso Nacional
- Supremo Tribunal Federal
- Palácio do Planalto
- Praça dos Três Poderes
- Catedral de Brasília
- Palácio do Itamaraty
- Memorial JK
- Panteão da Liberdade
- Complexo Cultural da República João Herculino
- Igreja São Francisco de Assis da Pampulha e o conjunto da Pampulha
- Centro Administrativo de Minas Gerais
- Sede do Partido Comunista Francês (Paris)
- Universidade de Constantine (Argélia)
- Centro Cultural Principado de Astúrias (Espanha)
Obras de Oscar Niemeyer em São Paulo
- Edifício Copan, 1951;
- A Passarela do Samba (o “Sambódromo”) em 82;
- O Memorial da América Latina, no ano de 87;
- Em 1999, o novo teatro do Parque do Ibirapuera, entre outras obras suas na cidade de São Paulo;
Obras de Oscar Niemeyer no Rio de Janeiro
- Casa das Canoas, 1952;
- Os CIEPEs (Centros Integrados de Educação Pública do Rio de Janeiro), com Darcy Ribeiro (83);
- O Museu de Arte Contemporânea, em Niterói, de 91;
Obras de Oscar Niemeyer em Brasília
- Palácio da Alvorada, Congresso Nacional, Teatro Nacional, Supremo Tribunal Federal, Palácio do Planalto, Praça dos Três Poderes e a Catedral de Brasília em 1957;
- Palácio do Itamaraty, de 1970;
- Memorial JK, em 1980;
- O Panteão da Liberdade, em 85;
- Complexo Cultural da República João Herculino, em 2006;
Obras de Oscar Niemeyer em Minas Gerais
- Igreja São Francisco de Assis da Pampulha e o conjunto da Pampulha, de 43;
- Centro Administrativo de Minas Gerais, 2003
Obras de Oscar Niemeyer ao redor do mundo
- Sede do Partido Comunista Francês, 1965, Paris
- Universidade de Constantine, 1969, Argélia
- Centro Cultural Principado de Astúrias, 2006, Avilés, Espanha
Oscar Niemeyer: Um legado projetado nas curvas poéticas do concreto armado
As curvas eram a paixão deste gênio que soube usar como ninguém todo potencial de um material que, nas mãos de outros, é bruto: o concreto. Oscar Niemeyer soube criar as mais harmônicas e leves estruturas. Um contraste interessante com o SESC Pompeia de Lina Bo Bardi.
Quando ainda croquis e maquetes, ou mesmo vistas de longe, estas obras mais parecem pedaços de cartolina recurvados como em esculturas.
Mais do que repetir a interminável relação das principais obras de Oscar Niemeyer, a maioria delas já listadas no resumo da biografia que detalhamos acima, seu legado está na maneira como somava forma com utilidade, beleza com praticidade.
Parlamentos, prédios residenciais e comerciais, casas, museus, uma cidade inteira, monumentos, parques… cada um de nós, com certeza, já passeou por algum pedaço de chão projetado por Oscar Niemeyer.
Oscar Niemeyer não via limites em sua arte e fazia questão de fazê-la contestadora e libertária sempre que podia.
Para encerrarmos, uma frase que é uma mostra de sua humilde genialidade e que, com certeza, se não saísse da boca do próprio Oscar Niemeyer, seria fortemente contestada:
Meu trabalho não tem importância, nem a arquitetura tem importância para mim. Para mim o importante é a vida, a gente se abraçar, conhecer as pessoas, haver solidariedade, pensar num mundo melhor, o resto é conversa fiada.
No embalo dessa frase, que tal continuar lendo, mas com livros fora do seu contexto? 7 livros que todo arquiteto deveria ler.
Conheça também o trabalho de outros profissionais que, assim como Oscar Niemeyer, mudaram a história do mundo na arquitetura e paisagismo:
- Paulo Mendes da Rocha: o arquiteto “geográfico”
- Frank Lloyd Wright e a arquitetura que não fere a paisagem
- Frank Gehry, curvas que desconstroem a arquitetura
- Mies van der Rohe: vidro, aço e arquitetura
- Roberto Burle Marx: o jovem pintor que se tornou paisagista
- Santiago Calatrava, e a arquitetura do espetáculo
Oscar Niemeyer certamente foi um grande arquiteto, que encantou milhares de pessoas ao redor do mundo.
E você, também gostaria de aprender a conquistar seus clientes como Oscar Niemeyer? Conheça o Ciclo do Encantamento, material desenvolvido para arquitetos e designers que querem dar um UP na carreira:
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