Tão polêmico quanto talentoso, Carlo Scarpa é considerado um dos mais significativos arquitetos modernos, apesar de pouco reconhecido e lembrado, principalmente fora da Itália.
E isso talvez se deva à sua maneira sincera e direta de criticar as obras de outros arquitetos modernistas, como nesta frase:
A arquitetura moderna, abstratamente estereométrica, destrói qualquer sensibilidade à composição e à decomposição … Criamos nada em torno das coisas
Nesta postagem, vamos trazer mais detalhes da vida e da obra do artista Carlo Scarpa, um dos grandes arquitetos Italianos.
E se você quiser conhecer mais um renomado arquiteto modernista italiano, confira em nosso blog: Renzo Piano: a arquitetura que recomeça do zero a cada projeto
Carlo Scarpa: “O Professor”
Carlo Scarpa nasceu em 2 de junho de 1906 na cidade de Veneza, mas mudou-se com a família, dois anos depois, para a cidade de Vicenza, onde permaneceu até os 13 anos de idade, quando sua mãe faleceu.
De volta para Veneza, Carlo Scarpa cursou a Academia de Belas Artes, onde estudou arquitetura, graduou-se em 1926 e continuou os estudos, sob a orientação do arquiteto Francesco Rinaldo, até receber o título de Professor de Arquitetura, iniciando sua atividade docente na Universidade Luav de Veneza, onde permaneceu até 1977.
Nesse período, Carlo Scarpa casou-se com a sobrinha de Rinaldo, Nini Lazzari.
No entanto, Carlo Scarpa se recusou a prestar um exame profissional obrigatório, imposto pelo governo italiano depois da Segunda Guerra Mundial, e, por isso, não tinha autorização legal para trabalhar como arquiteto.
Para burlar essa burocracia, Carlo Scarpa sempre mantinha uma parceria com algum arquiteto. Em respeito ao seu talento, e já que não tinha o título oficial de arquiteto, era tratado por aqueles que trabalhavam com ele, assim como por seus clientes, como “professor”.
Em 1927, Carlo Scarpa se interessa pelos trabalhos em vidro da famosa cidade de Murano e, por quatro anos, estuda e se dedica a criações com este material, para a empresa Cappellini y C.
Depois deste aprendizado, Carlo Scarpa, alguns anos mais tarde, inicia uma parceria com outra referência do trabalho em vidro italiano, Paolo Venini, trabalhando como diretor artístico de sua empresa de 1934 a 1947.
A partir deste período, sua carreira se torna cada vez mais criativa e o reconhecimento vem na forma de diversos prêmios e conquistas.
Prêmios e conquistas de Carlo Scarpa
1948: faz a montagem de uma exposição retrospectiva sobre Paul Klee, o que é o começo de uma longa parceria com a Bienal de Veneza, consagrando-se como idealizador de espaços para obras de arte, o que lhe garantiu mais de 60 projetos do mesmo tipo em diversos museus ao redor do mundo.
1956: é premiado por seus trabalhos para a empresa Olivetti.
1967: recebe o Prêmio para Arquitetura da Presidência da República da Itália.
1970: torna-se membro do Real Instituto Britânico de Design.
1976: ingressa na Academia de San Luca, em Roma.
Nesse mesmo período de grande reconhecimento, teve a oportunidade de se destacar como conferencista, de 1951 a 60, para os bolsistas do instituto Fulbright, a convite da Comissão Americana de Intercâmbios Culturais.
Além disso, Carlo Scarpa realizou uma série de exposições de suas próprias obras, dentre as quais podemos destacar a que aconteceu no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (1966) e outras que percorreram em cidades como Veneza (1968), Londres e Paris (1974) e Madri (1978).
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Período no Estados Unidos e viagem ao Japão
Carlo Scarpa aproveita todo este destaque e reconhecimento para estudar ainda mais sua arte. Nos Estados Unidos, mergulha sobre a obra e os projetos de Frank Lloyd Wright e dedica-se a montagem de diversas exposições, das quais podemos destacar a criação da Seção de Poesia do Pavilhão Italiano da Exposição Universal de Montreal, em 1967, e a exposição de desenhos de Erich Mendelsohn, em Berkeley e em São Francisco, em 1969.
A influência japonesa na obra de Carlo Scarpa teve início com sua viagem para o Japão em 1969.
Impressionado com o país, retornou para lá em 1978, quando, ao cair de um lance de uma escadaria de concerto, se feriu gravemente e passou dez dias internado sob cuidados hospitalares, antes de falecer, na cidade de Sendai.
Foi somente após a morte que o “professor” recebeu finalmente o diploma “honoris causa” em Arquitetura, o que lhe permitiria assinar a autoria de suas próprias obras.
Um dos seus últimos projetos ficou inacabado, devido a sua morte, mas foi finalizado, em 2006, por seu filho Tobia. Trata-se da Villa Palazzetto em Monselice, considerado um dos projetos de paisagismo mais arrojados de Carlo Scarpa.
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Obras de Carlo Scarpa
Veja uma lista de outros trabalhos famosos do artista italiano Carlo Scarpa:
- Galerias dell’Accademia, em Veneza
- Palazzo Abatellis, em Palermo
- Palazzo Ca’Foscari, em Veneza
- Casa Veritti, em Udine
- Museo Canova di Possagno
- Museu de Castelvecchio, em Verona
- Loja da Olivetti, na Praça de São Marcos, em Veneza
- Fundação Querini Stampalia, em Veneza
- Tumba e Santuário de Brion, em San Vito d’Altivole
- Banco Popular de Verona
Carlo Scarpa deixou um legado em que o design e a arquitetura se mesclam de maneira magistral e terminou seus dias de forma trágica e precoce, mas fazendo algo que muito o alegrava na vida: ver as coisas para aprender com elas, como deixou eternizado nesta frase:
Eu quero ver as coisas. Esta é a única coisa com a qual posso me relacionar
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