Abertura: ABERTO3 | Casa Tomie Ohtake e Chu Ming Silveira

Exposição que mescla artes visuais, design e arquitetura, ocupa pela primeira vez duas casas brutalistas da década de 1970

Casa-Ateliê Tomie Ohtake e Casa Chu Ming Silveira – créditos: Ruy Teixeira

 

Casa-Ateliê Tomie Ohtake e Casa Chu Ming Silveira – créditos: Ruy Teixeira

 

A partir de agosto, a ABERTO retorna a São Paulo em sua terceira edição, maior e mais ambiciosa do que as edições anteriores. Após sua edição inaugural na única residência particular remanescente do lendário arquiteto Oscar Niemeyer em São Paulo, e uma segunda edição em uma casa projetada por Villanova Artigas, figura seminal da Escola Paulista de Arquitetura, a excepcional mostra de arte e design deste ano ocupará, pela primeira vez, dois espaços distintos – e será uma ode ao legado artístico e arquitetônico de duas extraordinárias mulheres asiático-brasileiras e suas notáveis casas brutalistas da década de 1970.

Mais que residências, são espaços onde se perpetuam a criatividade, o espírito e a memória dessas duas mulheres para as gerações futuras: uma delas, projetada pelo arquiteto brasileiro Ruy Ohtake para sua mãe, Tomie Ohtake, conceituada artista de origem japonesa, nascida em Kyoto; e a outra, projeto de residência familiar de Chu Ming Silveira, nascida em Xangai, China. Esta última, arquiteta e designer visionária, criadora de um dos grandes símbolos do mobiliário urbano brasileiro, o orelhão.

As casas servirão de pano de fundo para exibições de arte e design, cuidadosamente selecionadas pelo trio de curadores Filipe Assis, Kiki Mazzucchelli e Claudia Moreira Salles em resposta ao ambiente arquitetônico; elementos como concreto aparente e linhas orgânicas serão perfeitamente integrados para aprimorar a experiência artística geral. “Estamos empolgados em revelar as histórias notáveis dessas mulheres extraordinárias e seu profundo impacto na arte, arquitetura e design brasileiros. A mostra não apenas celebra suas contribuições artísticas e arquitetônicas, mas também suas perspectivas imigrantes que moldaram o movimento modernista brasileiro “, explica Filipe Assis, empreendedor de arte e fundador da ABERTO em 2022.  Plataforma de exposição pioneira, a ABERTO celebra e promove o encontro da arquitetura, arte e design em espaços públicos e privados nunca vistos, e reúne as principais instituições culturais, coleções, fundações e galerias, para criar um panorama atraente de obras dos nomes mais proeminentes do Brasil e do mundo.

A curadoria de arte colocará em primeiro plano um conjunto cativante de arte moderna e contemporânea brasileira e internacional por meio de colaborações com galerias renomadas, como Fortes D’Aloia & Gabriel, Mendes Wood DM, Luisa Strina e Nara Roesler, além das galerias globais Lisson e Pace. Enquanto a curadoria de design, de Claudia Moreira Salles, se concentrará em novas peças de mobiliário projetadas pelas famílias Ohtake e Chu especialmente editadas para o evento pela Galeria ETEL, sob a direção de Lissa Carmona.

Essas casas oferecem uma intimidade inesperada, inspirada em designs orientais com tetos baixos que aumentam o envolvimento com a arte, promovendo a contemplação e a interação. Nossa curadoria usa cuidadosamente elementos arquitetônicos – aberturas, ângulos e luz natural – para colocar obras de arte, transformando cada casa em uma tela que combina forma e função para uma experiência imersiva além dos padrões típicos de exposição”, explica a curadora Claudia Moreira Salles.

 

AS CASAS

Residência de Chu Ming Silveira (início dos anos 1970)

Localizada no bairro do Real Parque, em São Paulo, a residência projetada por Chu Ming Silveira no início da década de 1970 destaca-se por sua estrutura arrojada de concreto e vidro.  Chu Ming deixou uma marca indelével na arquitetura residencial, especialmente com essa casa. Distinta do estilo arquitetônico convencional, a casa foi projetada para melhorar a convivência e priorizar a funcionalidade, destinada a ser experimentada, não apenas observada.

A casa receberá uma seleção de Masters e arte pré anos 2000 com trabalhos de Wanda Pimentel, Abraham Palatinik, de quem estará exposto um dos raros remanescentes dos emblemáticos cinecromáticos, as primeiras obras cinéticas produzidas no Brasil,  Anna Maria Maiolino, homenageada com o Leão de Ouro pela Carreira na 60a Bienal de Veneza, Kishio Suga, Lucio Fontana, Maria Martins, e Sheila Hicks: além de obras históricas de artistas cedidas pela galeria internacional Lisson, entre elas uma sala especial da artista Carmen Herrera, e fotos da série Opticks, do fotógrafo Hiroshi Sugimoto, e  uma obra do renomado artista Anish Kapoor.

Por ocasião da ABERTO3, na mesma casa em que foi criado, seu filho mais novo, Alan Chu, celebrará o legado de inovação e criatividade de sua mãe, apresentando mobiliário de seu próprio design, editado pela Galeria ETEL, juntamente com reinterpretações do trabalho original de Chu para a residência.

Lista de obras Casa Chu Ming Silveira: https://privateviews.artlogic.net/2/6492f9444eac95103097e0

 

A Casa Ateliê de Tomie Ohtake (1968)

Localizada no bairro do Campo Belo, em São Paulo, a casa-ateliê de 750 m2 onde Tomie Ohtake viveu e trabalhou é um dos primeiros grandes projetos de seu filho, o arquiteto Ruy Ohtake. Um ícone da arquitetura brutalista de São Paulo, a casa incorpora cores vibrantes em seu design, um tributo ao rico legado artístico de Tomie.

Em homenagem a Tomie, Paulo Miyada, curador do Instituto Tomie Ohtake, apresentará uma exposição sobre a vida e a obra da artista, que incluirá itens pessoais, materiais de arquivo e obras de arte.

A ABERTO3 convidou também alguns artistas brasileiros contemporâneos para criarem obras que remetam ao estilo arquitetônico de Ruy Ohtake, ao ambiente, e às histórias da família que ali viveu. Entre eles: Fabio Miguez, que produzirá uma grande pintura que dialoga diretamente com o espaço da casa; Daniel Senise, que produzirá uma pintura cujo tema é a casa,  Fernanda Galvão e Laura Vinci desenvolverão site-specifics; Arthur Lescher apresentará uma escultura que leva, em homenagem, o nome de Tomie; Sandra Cinto apresentará duas pinturas que além de dialogarem diretamente com o espaço, trazem referências de pinturas japonesas; Maria Klabin criará retratos de Tomie e Chu Ming; Luiz Roque, que está gravando um filme sobre a arquitetura de Ruy Ohtake; além de Marcius Galan, Luísa Matsushita e Allan Weber, que estão produzindo obras especialmente para a casa-ateliê.

Entre outras quase duas dezenas de artistas contemporâneos brasileiros que apresentarão seus trabalhos na casa-ateliê Tomie Ohtake, destacam-se Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Solange Pessoa, Luiz Zerbini, Laura Lima e Barrão.

O público encontrará ali também obras de Torkwase Dyson, artista representada pela Pace, que participou da 35ª Bienal de São Paulo com uma mega instalação. Examinando a geografia humana e a história das estratégias de libertação espacial negra, as obras abstratas de Dyson lidam com as maneiras pelas quais o espaço é percebido, imaginado e negociado, especialmente pelos corpos negros e pardos. O espaço reunirá ainda trabalhos de Arlene Shechet – artista atualmente em cartaz no museu a céu aberto Storm King, a 50 milhas de Nova York, que produzirá esculturas especialmente para a ABERTO3.

Rodrigo Ohtake, neto de Tomie, também apresentará uma edição especial limitada de peças de design editadas pela Galeria ETEL. Essa coleção contará com duas peças de Ruy Ohtake e duas criações originais do próprio Rodrigo.

SOBRE A ABERTO

Fundada por Filipe Assis, a ABERTO é uma plataforma de exposição inovadora que celebra a arte e o design brasileiros dentro de casas e marcos modernistas icônicos, todos projetados por eminentes arquitetos brasileiros.

A edição inaugural, em 2022, foi realizada na única residência particular de São Paulo projetada pelo lendário arquiteto Oscar Niemeyer. Com o apoio da Fundação Niemeyer, esse evento apresentou uma coleção de móveis projetados pelo arquiteto com sua filha, Anna Maria, e foi eleita pelos jornais Folha de S Paulo e Estadão entre as melhores exposições do ano.

Em 2023, a segunda edição foi realizada em uma casa projetada por Villanova Artigas, uma das principais figuras da Escola Paulista de Arquitetura. A edição ainda contou com obras como However, de Maria Martins e Crianças Kanelas, de Djanira, ambas hoje na 60ª Bienal de Veneza.   Destaque especial para uma estante sob medida projetada por Artigas para sua filha Rosa, que encapsulava seus princípios arquitetônicos, aprofundando o diálogo entre a influência histórica e o design moderno. Aliás, entre os legados de um evento tão jovem, destaca-se o resgate e reedição de peças de design icônicas de grandes arquitetos modernistas.

Esses eventos ressaltaram a dedicação da ABERTO em explorar e mostrar a vibrante interação entre a arte, o design e a arquitetura brasileiros, afirmando seu papel como um importante promotor do patrimônio cultural do Brasil, tanto nacional quanto internacionalmente.  “O conceito da ABERTO”, afirma Filipe, “tem raízes na Semana de Arte Moderna de 1922, um movimento fundamental que reuniu artistas, arquitetos e escritores e estabeleceu as bases para a intersecção criativa entre as disciplinas. Esse evento inspirou nossa exploração contínua do modernismo brasileiro e sua relevância na cultura contemporânea, onde a arte, design e arquitetura moderna se unem”, ressalta o idealizador da plataforma.

 

SOBRE FILIPE ASSIS

Filipe Assis, nascido em São Paulo em 1987, é consultor de arte e fundador da ABERTO. Dividindo seu tempo entre Londres e São Paulo, ele se dedica a promover a arte e o design brasileiros internacionalmente. Assis tem mestrado pelo Sotheby’s Institute of Art, em Londres, e MBA pela SDA Bocconi, em Milão. Com formação em finanças e incorporação, incluindo nove anos na empresa de imóveis de luxo JHSF, e experiência na gestão de fundos Kinea Investimentos do Banco Itaú e em Milão, Assis traz uma perspectiva comercial única para o mundo da arte. Desde que fundou a ABERTO, ele tem trabalhado de perto com a renomada curadora Kiki Mazzuchelli e a designer Claudia Moreira Salles para consolidá-la como uma plataforma líder nas artes brasileiras, combinando sua habilidade empreendedora e sua expertise no campo das artes.

SOBRE CLAUDIA MOREIRA SALLES

Claudia Moreira Salles, uma designer de destaque, formou-se na Escola Superior de Desenho Industrial do Rio de Janeiro em 1978. Sua carreira começou no Instituto de Desenho Industrial do Museu de Arte Moderna do Rio, onde trabalhou em um projeto de mobiliário para escolas públicas. Mudando-se para São Paulo, Salles passou a integrar a equipe de design da Escriba, uma fábrica de móveis, desenvolvendo projetos mais autorais e mergulhando no trabalho com madeira e no artesanato. Suas primeiras peças foram comercializadas pela Nanni Movelaria, pioneira na promoção de designers independentes durante a década de 1980. Na década de 1990, Salles cruzou com Etel Carmona, que havia estabelecido uma fábrica dedicada a reviver as técnicas tradicionais de trabalho com madeira. Juntas, eles exploraram a linguagem simples, porém rica, do design de móveis padrão, com foco em madeiras nativas. Com o tempo, Salles expandiu suas colaborações para incluir marcas como Firma Casa e Dpot, diversificando sua prática para abranger objetos e luminárias para vários clientes. Internacionalmente, ela é representada pela Galeria Espasso em Nova York, Miami e Londres, bem como pela ETEL em Milão.

 

SOBRE KIKI MAZZUCCHELLI

Kiki Mazzucchelli, nascida em São Paulo em 1972, tem sido uma curadora ativa desde o início dos anos 2000. Nos últimos anos, sua pesquisa tem se dedicado a expandir e enriquecer as narrativas históricas da arte, com foco especial nos artistas latino-americanos. Ela é autora e editora de várias publicações que destacam a arte latino-americana, incluindo as monografias de Tonico Lemos Auad (Koenig, 2018) e Marcelo Cidade (Cobogó, 2016). Mazzucchelli também é conhecida por suas funções como cofundadora do espaço independente Kupfer em Londres (2017) e pela residência para artistas brasileiros na Gasworks, também em Londres (2017). Desde o início de 2022, ela atua como diretora artística da Galeria Luisa Strina, solidificando ainda mais seu compromisso com a promoção da arte e dos artistas contemporâneos.

 

Patrocínio Master: Itaú e Goya

Patrocínio: HStern e ONET

Apoio: Docol, ETEL, Granado, Idea!Zarvos, LAPIMA, Mitsubishi Motors.

Agradecimentos: Cau Chocolates, Le Creuset, ON Running.

Apoio de Mídia: JCDecaux

Apoio Institucional: Instituto Tomie Ohtake

 

Serviço

ABERTO3

11 de agosto a 15 de setembro

Ingressos: https://aberto03.byinti.com/#/ticket/

De quarta a sexta 60,00 (inteira) 30,00 (meia entrada)

De sábado e domingo 80,00 (inteira) 40,00 (meia entrada)

Duas casas no mesmo dia: 20% desconto

 

Residência de Chu Ming Silveira  

Endereço: Rua República Dominicana, 327 – Real Parque, São Paulo

Horário de visitação: quarta-feira a domingo, das 10h às 18h – última entrada 17h

                                                                                        

A Casa Ateliê de Tomie Ohtake

Endereço: Rua Antonio de Macedo Soares, 1,800 – Campo Belo, São Paulo

Horário de visitação: quarta-feira a domingo, das 10h às 18h – última entrada 17h